Sebastian SteigerSebastian Steiger

“A dificuldade é um severo instrutor.” Esta frase foi escrita pelo filósofo anglicano Edmund Burke (1729-1797) em suas reflexões sobre a Revolução Francesa, que estava em andamento.[1] Podemos nos identificar facilmente com ela, não é mesmo? Todos nós passamos por momentos complicados, às vezes extremamente difíceis. Notícias que nos chocam e entristecem, decisões que precisam ser tomadas quando não há uma direção clara, e por aí vai. O que fazer?

Um dos melhores conselhos é procurar outras pessoas, seja para receber sugestões e pontos de vista diferentes quanto à situação, seja para que compartilhem da dor e do sofrimento. Ao mesmo tempo, é preciso escolher bem a quem se recorre. O rei Salomão escreveu o seguinte provérbio: “Confiar numa pessoa desleal em tempos de dificuldade é como mastigar com um dente quebrado ou caminhar com um pé aleijado” (Pv 25.19, NVT). A dificuldade pode até aumentar se houver “auxílio” da pessoa errada.

Nesses momentos, o primeiro a quem devemos recorrer é a Deus. Na edição deste mês, veremos três pessoas que, em circunstâncias mais ou menos complicadas, levaram seus pedidos a Deus em busca de ajuda e consolo (cf. Fp 4.6).

Primeiro, o historiador Armin Sierszyn apresenta uma visão geral da Reforma Protestante e como Martinho Lutero e os demais reformadores, diante do cenário bastante negativo no qual a igreja se encontrava, colocaram a Palavra de Deus numa “posição tão elevada e central para a vida inteira” (leia aqui).

Segundo, no casamento em Caná, quando o vinho havia acabado, Maria, mãe de Jesus e talvez encarregada com alguma responsabilidade no evento,[2] foi diretamente a Jesus. Como Ernesto Kraft escreveu, “podemos aprender muito com a atitude de Maria” (leia aqui). Uma das lições que podemos guardar “é levar o problema imediatamente a Jesus”.

Terceiro, o profeto Habacuque presenciou uma época de avivamento espiritual por parte de Israel, para depois ver a mesma nação se afastando de Deus. Com muitas dúvidas no coração, Ron J. Bigalke explica que “Habacuque orou a Deus durante um tempo de perigo e dificuldade, implorando ao Senhor por uma resposta à sua questão” (leia aqui).

É fascinante ver como todas as situações acima resultaram em direção do Senhor. Deus agiu através dos reformadores há cerca de 500 anos, num dos momentos mais importantes da história da igreja. Jesus transformou a água em vinho, o que ficou conhecido como seu primeiro sinal público (Jo 2.11). Deus respondeu aos questionamentos de Habacuque, resultando em louvor jubilante por parte do profeta: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na videira; ainda que a colheita da oliveira decepcione, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas desapareçam do aprisco, e nos currais não haja mais gado, mesmo assim eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação. Deus, o Senhor, é a minha fortaleza. Ele dá aos meus pés a ligeireza das corças, e me faz andar nas minhas alturas” (Hc 3.17-19).

Assim, nós podemos contar com a presença de Deus em meio aos nossos momentos de dificuldade, sabendo que também temos promessas maravilhosas para o futuro. Que esta revista o anime nesse sentido. Maranata!

Notas

  1. Edmund Burke, Reflections on the Revolution in France (1790). Disponível em: https://en.wikisource.org/wiki/Reflections_on_the_Revolution_in_France.
  2. Elmer L. Towns, João, trad. Rebeca Inke Lima (Porto Alegre: Chamada, 2022), p. 59-60.
sumário Revista Chamada Outubro 2022

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