Deus reconduz o seu povo

Haveria um futuro para Israel?

Israel tem um futuro que a igreja ou a comunidade cristã não lhe pode subtrair. Podemos observar com nossos próprios olhos como Deus vem reunindo seu povo na terra de Israel. A questão da terra na Bíblia e na atualidade expõe de forma inequívoca que Deus realmente não rejeitou seu povo de Israel.

“‘Serei achado por vocês, diz o Senhor, ‘e farei com que mude a sorte de vocês. Eu os congregarei de todas as nações e de todos os lugares para onde os dispersei’...” (Jr 29.14).

Se examinarmos bem a Escritura, veremos que, nos últimos tempos, haverá duas reconduções de Israel, podendo-se falar também em uma reunião em duas partes. A primeira ocorre antes da volta de Jesus; a segunda, depois dela.

A primeira recondução do povo à sua terra de origem ocorre antes da tribulação: a figueira ganha ramos suculentos e começa a produzir folhas (Mt 24.32), os túmulos são abertos e os esqueletos ressequidos são reavivados para retornarem à sua terra (Ez 37).

A segunda e definitiva recondução de Israel ocorre após o retorno de Jesus e se relaciona com a salvação do remanescente do povo e o início do reinado milenar de Deus na terra (Dt 30.1-10; Is 27.12-13; 49.22; Jr 16.14-15; Ez 34.11-16). Nessa ocasião, as nações restantes tomarão os filhos de Israel nos braços e os levarão de volta (Jr 49.22), o que de modo nenhum aconteceu durante o êxodo após 1945 (os ingleses colocaram os judeus em acampamentos em Chipre; os árabes os combateram quando retornaram ao país). Não precisamos aguardar como consequência bíblica antes da volta de Jesus um crescimento da imigração ou uma imigração plena, uma vez que, com a ressurreição do Estado judeu, já se criaram todas as condições para o último ato no palco da história mundial.

Passageiros descem do avião

A primeira reunião de Israel e, com ela, a fundação do Estado em 1948, é um milagre de Deus diante dos nossos olhos. Repetindo: Israel não tomou essa terra para si por iniciativa sua! A terra pertence a Deus e ele a entregou a Israel. Ele fala da “minha terra”, que ele não destinou a ninguém outro. É por isso que lemos em Joel 3.1-3:

“Eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que mudarei a sorte de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá. E ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre os povos, repartindo a minha terra entre si. Lançaram sortes sobre o meu povo, e deram meninos em troca de prostitutas, e venderam meninas por vinho, que beberam”.

Aqui temos a resposta do que será o resultado da política de “terra por paz”, exigida pela comunidade das nações: o juízo de Deus. Por quê? É a terra dele que ele designou para, no fim, ser dada a ninguém outro do que seu povo de Israel. O fato de o atual Estado de Israel ainda existir depois de mais de 50 anos é um milagre de Deus. Um conhecido autor escreveu o seguinte a respeito disso:

“Em cinco mil anos de história humana já pesquisada, nunca aconteceu de um povo retornar após dois mil anos para sua terra de origem, assim como Israel fez. Nunca aconteceu em cinco mil anos de história pesquisada que uma ‘língua morta’ tenha sido revivida como idioma de uso diário, tal como aconteceu com o hebraico, o idioma israelense de uso comum. Nunca tão poucas pessoas foram atacadas por alguma superpotência de tal dimensão como aconteceu com Israel. Nunca tão poucas pessoas foram capazes de infringir em tão poucos dias derrotas tão decisivas a exércitos tão potentes como Israel conseguiu”.

Nesse contexto, é interessante que, depois da derrota de Jerusalém e a dispersão dos judeus pelos romanos em 70 e 135 d.C., o hebraico se perdeu como idioma de uso comum do povo de Israel. Ele passou a ser usado apenas nas sinagogas na leitura dos escritos do Antigo Testamento e era o idioma erudito dos rabinos. No mais, os judeus falavam iídiche ou a língua do país em que viviam. No entanto, com o retorno do povo judeu à sua pátria, o hebraico foi reavivado. Hoje, esse idioma voltou a ser a principal língua do povo judeu em Israel. O dr. Roger Liebi escreve a respeito disso:

“Algo assim nunca aconteceu na história mundial! Nunca uma língua morta por mais de mil anos foi reavivada como idioma nacional plenamente funcional”.

Quando o Senhor Jesus retornou ao céu, os anjos disseram aos presentes ao evento:

“Homens da Galileia, por que vocês estão olhando para as alturas? Esse Jesus que foi levado do meio de vocês para o céu virá do modo como vocês o viram subir” (At 1.11).

Quando Jesus voltou ao céu, ele deixou para trás um povo que falava hebraico. Ele voltará para um povo que fala hebraico. Isso não revela a grandiosa atualidade da palavra bíblica profética até os mínimos detalhes?

Estamos por demais acostumados à existência do Estado de Israel e quase não enxergamos mais o tremendo milagre que aconteceu ali quando Deus reconduziu o seu povo à sua terra! Ele fez isso tendo por objetivo que este o servisse ali (cf. At 7.7). O povo, a terra e o serviço estão inseparavelmente ligados. Mesmo que hoje ainda vejamos a infidelidade e a culpa de Israel (Sl 106), o Senhor não deixa de agir com seu povo e o conduzirá a servi-lo na terra dele. E nós temos a oportunidade de ser testemunhas oculares dos repetidos milagres de Deus com seu povo por meio de graça e juízo a fim de atingir esse alvo.

“Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu...” (Rm 11.2).


Johannes Pflaum integra a diretoria da Sociedade Bíblica Suíça e atua como conferencista e docente na área de ensino bíblico.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Outubro 2022

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