Norbert Lieth
Em João 13.7, lemos que Jesus disse: “O que eu faço você não compreende agora, mas vai entender depois”. É claro que, antes de tudo, tal afirmação está dentro de um contexto concreto, mas sem dúvida também podemos aplicá-la à nossa vida.
Como fica, por exemplo, a questão do sofrimento? Nem sempre entendemos Deus – geralmente não. Por que ele permite isto ou aquilo? Por que outros recebem ajuda e eu não? Será que fiz algo errado? Afinal, tento fazer o melhor que posso. Será que não agrado a Deus? Por que o Senhor age uma vez assim e outra vez de outro modo? Será que Deus é arbitrário, imprevisível? Injusto?
É difícil para nós reconhecer Deus. Ele é o Espírito eterno invisível. Seus pensamentos e caminhos são infinitamente superiores aos nossos (Is 55.8-9). Deus não pode ser totalmente compreendido. Somente por meio do Filho de Deus é que podemos reconhecer o Pai. Somente por meio dele é que entendemos como ele age. Tudo o que sabemos dele sabemos por meio de Jesus. Até o ato da Criação, que nos transmite algo sobre Deus, é obra de Jesus. A Palavra que Deus nos revela é Jesus em pessoa. Ele é a imagem do Deus invisível (Jo 1.18) e, quando contemplamos Jesus, vemos que Deus se põe integralmente a nosso favor. Vemos o amor incondicional que impregna tudo, que está disposto a entregar tudo para nos atrair a si. Vemos como o Onipotente faz de tudo para ser nosso Pai e nós, seus filhos. Em Jesus e em sua trajetória de vida e sofrimento reconhecemos que podemos confiar plenamente em Deus. E na ressurreição de Jesus vemos o bom término de todo o sofrimento.
A Palavra de Deus nos explica que tudo contribuirá para o bem dos que amam a Deus (Rm 8.28). Isso já é revelação e conhecimento suficiente – não precisamos de mais. Se nos basearmos nessa declaração, teremos tranquilidade e poderemos continuar a confiar. Tudo precisa contribuir para o bem – o que significa que tudo acabará bem. Quer experimentemos isso aqui na terra, quer não, é na verdade irrelevante. O Senhor não deseja usar o que nos acontece contra nós, mas a nosso favor.
A história do sofrimento de Jó foi catastrófica. Por trás daquilo havia poderes demoníacos, e Deus permitiu aquilo. Por quê? Para nos oferecer uma lição espiritual. Jó perdeu seus bens e dez amados filhos, tudo de um só vez. Ele perdeu sua saúde e o apoio dos seus amigos mais chegados. Foi inevitável que o “por quê” se manifestasse. No entanto, sua história não poderia ter terminado melhor: o próprio Senhor se revelou a ele. Jó foi confrontado com o Criador e Mantenedor do mundo, com aquilo que ele criou de modo tão incompreensivelmente maravilhoso, em que cada elemento se ajusta ao outro. Jó entendeu isso, ganhou discernimento e foi duplamente abençoado. O relacionamento com sua esposa se reajustou e eles geraram mais dez filhos. E Satanás? Ele foi o derrotado, o grande perdedor. Os anjos de Deus, por sua vez, rejubilaram-se com esse desfecho maravilhoso. Jó persistira. Apesar das lutas íntimas, ele se manteve ligado ao seu Redentor.
Lembrando-se da persistência de Jó, Tiago bendiz aqueles que persistem do mesmo modo e se mantêm unidos ao seu Redentor (Tg 5.11), e Deus nos diz por meio de Jó: 1) o nosso Redentor vive; 2) quando tudo que se contrapõe a Deus estiver removido, o Senhor continua presente; 3) chegará o dia em que, livres da nossa carne mortal, veremos nosso Redentor; 4) não seremos estranhos para ele; e 5) desde já podemos ansiar por isso (Jó 19.25-27).
Mais tarde entenderemos. Neste sentido desejo a todos um abril persistente.