Arma química intrigante

Elas não são bem-vindas nem no jardim de casa, nem na lavoura: as ervas selvagens. Embora sejam importantes para insetos e outros animais, elas baixam o rendimento quando crescem em meio às plantações. “Se não combatêssemos as ervas daninhas, perderíamos entre 30 e 50 por cento da produção agrícola”, explica Peter Nick, do instituto de botânica do Instituto Tecnológico de Karlsruhe (KIT). É por isso que certas plantas são muito bem-sucedidas na competição por área de solo, substâncias nutritivas e água: elas inibem o crescimento dos seus concorrentes por meio de substâncias químicas que causam morte celular na planta vizinha. Cientistas do KIT têm pesquisado a origem desse efeito, a fim de aproveitá-lo para o desenvolvimento de bio-herbicidas ecologicamente amigáveis, já que os herbicidas convencionais representam uma considerável intervenção nos ecossistemas e, muitas vezes, matam mais plantas que o necessário. Além disso, algumas dessas substâncias, entre as quais também o glifosato, amplamente utilizado no mundo inteiro, são suspeitas de serem nocivas à saúde. Há muito que os pesquisadores vêm procurando substitutos biológicos para os herbicidas usuais, mais compatíveis com o meio ambiente. Uma abordagem bastante promissora consiste em observar estratégias adequadas entre as próprias plantas. Existem algumas espécies vegetais, como nogueira, alho selvagem ou menta, que inibem o crescimento de outras plantas ao redor delas por meio da liberação de substâncias químicas. Alelopatia é o nome que os técnicos dão a essa guerra química.

Para o seu estudo, os cientistas começaram com a extração dos óleos essenciais de diversas mentas. Constatou-se então haver dois componentes dos óleos essenciais de menta particularmente ativos contra plantas concorrentes: beta-pineno e mentona. Essas substâncias mensageiras biológicas desencadeiam em plantas vizinhas o programa celular de suicídio, inibindo assim o crescimento e causando a morte das mudas.

Segundo os pesquisadores, “verificou-se que a mentona é particularmente eficaz contra ervas daninhas do gênero Rumex, ocorrente em pastos de montanha”. Os beta-pinenos inibem com muita eficácia o crescimento de outra erva, a Convolvulus arvensis, mas parecem até ter um efeito estimulante sobre o crescimento de plantas úteis, como macieiras e videiras.