Medicina das profundezas

Medicina nas profundezas marinhas

A Criação é um gigantesco reservatório de substâncias curativas. Especialmente microrganismos, como bactérias ou fungos, podem produzir grande quantidade delas. Entre essas, inclui-se também o chamado “fermento vermelho”. Pesquisadores descobriram agora em amostras de sedimentos marinhos profundos que esse fermento possui um alto potencial para aplicação em antibióticos ou tratamento de câncer. Os cientistas do Centro Geomar Helmholtz de Pesquisa Oceânica em Kiel, Alemanha, e a Universidade Christian Albrecht (CAU), também em Kiel, examinaram as amostras quanto ao seu repertório de substâncias ativas químicas e o seu genoma, e conseguiram comprovar o efeito anticancerígeno e antibacteriano das substâncias.[1]

Sob a direção do professor Frank Kempken, os cientistas do grupo de trabalho de botânica genética e biologia molecular tiveram uma oportunidade única: por meio do Instituto de Geociências da CAU, o grupo teve acesso a amostras de sedimentos da dorsal mesoatlântica, de profundidades entre 1 600 e 4 000 metros, obtidas numa viagem exploratória do navio de pesquisa alemão Maria S. Merian. Os pesquisadores da equipe do prof. Kempken conseguiram isolar e cultivar com sucesso culturas de fungos vivas do gênero Rhodotorula mucilaginosa, extraídas de um desses núcleos de sedimentos de 3 600 metros de profundidade. Essa espécie de fungo em particular vive normalmente em grandes profundidades marinhas, adaptada à elevada pressão hidrostática e às baixas temperaturas do local. “Com a metodologia aplicada, conseguimos cultivar culturas de fermento capazes de viver também sob temperatura ambiente e pressão atmosférica”, diz o prof. Kempken. Os resultados do exame desse fermento vermelho oleaginoso podem ser valiosos não só para o desenvolvimento de novos medicamentos, mas também seria imaginável o desenvolvimento de outras aplicações biotecnológicas químicas e na indústria alimentícia e agricultura.[2]

Notas

  1. Andreas Villwock, “Wirkstoffsuche in marinen Hefepilzen”, GEOMAR. Disponível em: https://www.geomar.de/entdecken/artikel/auf-den-spuren-von-wirkstoffen-aus-marinen-hefen.
  2. Andreas Villwock, “Wirkstoffsuche in marinen Hefepilzen”. CAU, 20 jan. 2021. Disponível em: https://www.uni-kiel.de/de/universitaet/detailansicht/news/008-marine-hefepilze.

 

sumário Revista Chamada Setembro 2022

Confira