A sórdida origem do Dia do Trabalhador

O que há por trás do feriado de 1º de maio? Por que atos de violência predominam tantas vezes justamente nesse dia?

No ano de 1889, o 1º de maio foi celebrado pela primeira vez como “dia de luta da classe operária”. Pretendia-se que fosse um “feriado mundial do proletariado”. Entre outros temas, esse “feriado” destinava-se a enfatizar a reivindicação dos operários pela jornada de oito horas, mais justiça social, paz e igualdade de todos os homens. No entanto, é interessante que justamente nesse dia essas nobres intenções dos seus promotores se invertem. Mal terminam os discursos festivos, quebram-se vidraças, atiram-se pedras e coquetéis molotov pelo ar, carros são incendiados e não é raro pessoas sofrerem prejuízos. Aí vale perguntar por que tudo isso. Por que tão frequentemente um evento dedicado a justiça, paz e igualdade entre todos degenera em excessos de ódio e violência? A resposta pode ser encontrada no seguinte triste fato: nesse assim chamado “dia de luta da classe operária”, Deus é deliberadamente excluído! Estende-se um punho fechado a ele, cantando o hino sobre o qual Vladimir Ilyich Lenin disse em 1913: “Nenhuma perseguição policial impedirá que, em todas as grandes cidades do mundo, em todos os bairros operários e cada vez mais também nos casebres dos trabalhadores rurais se cante unanimemente o hino proletário da iminente libertação da escravidão salarial”. Esse hino, mais conhecido como “A Internacional”, compõe-se das seguintes estrofes:

“Despertai, malditos desta terra, sempre ainda forçados a passar fome! Agora o direito irrompe poderosamente como a brasa no fundo da cratera. Liquidem com os opressores! Multidão de escravos, desperta! Não admitais mais ser um nada, uni-vos para vos tornardes tudo!”

O refrão é: “Povos, escutai os sinais! Avante para a última batalha! A Internacional conquista o direito humano! Povos, escutai os sinais! Avante para a última batalha! A Internacional conquista o direito humano!”.

E mais: “Não nos salvará nenhum ser superior, nenhum deus, nenhum imperador ou tribuno! Salvar-nos da miséria só nós mesmos podemos! Os direitos do pobre – palavras vãs! O dever do rico: palavras vãs! Chamam-nos de incapazes e servos, não continueis a suportar a vergonha!”.

“Na cidade e no campo, trabalhadores, somos o mais forte dos partidos. Livrai-vos dos folgados! Este mundo precisa ser nosso; que nosso sangue não seja mais a ração dos corvos e dos abutres poderosos! Só quando os tivermos desterrado o sol brilhará sem cessar!”

Invoca-se por ocasião das festividades do 1º de maio a fraternidade do proletariado, reivindica-se a necessidade de justiça social e em muitos discursos se expressa o anseio pela paz. E então se canta, estendendo o punho ao céu: “Não nos salvará nenhum ser superior, nenhum deus, nenhum imperador ou tribuno! Salvar-nos da miséria só nós mesmos podemos!”. Contudo, mal cessa o som do cântico, revela-se uma incrível fúria destruidora. Embora haja debates sobre a paz, exclui-se conscientemente Jesus Cristo, o príncipe da paz. Proclama-se a libertação das “amarras do capitalismo”, mas ao mesmo tempo se é prisioneiro das próprias posses ou ao menos das próprias ideias e dos seus instintos. Será de admirar que ocorra o que se acabou de descrever quando se exclui Deus? Com tudo isso, as palavras de ordem do socialismo – justiça, paz e igualdade – são conceitos extraídos do vocabulário cristão. Não deveríamos esquecer, porém, que esses conceitos não podem ser desvinculados daquele que lhes confere seu verdadeiro significado. Deus é quem define o significado de justiça, paz e igualdade, e em sua Palavra ele os liga de forma inseparável ao que aconteceu na cruz do Calvário. Portanto, a justiça só é possível mediante a expiação da culpa. A paz, apenas se o direito de Deus for satisfeito, suspendendo-se assim a inimizade com Deus. E a igualdade entre todos os homens só pode realizar-se mediante o perdão por meio de Jesus Cristo para nós, a fim de repassarmos esse perdão aos outros.

Todavia, alguém que insista na opinião de que “não nos salvará nenhum ser superior”, desvincula-se de forma muito clara de Deus e busca em vão redimir a si mesmo, criar paz, exercer justiça e efetivar a união de todos por conta própria. Não é de admirar então a irrupção do caos. O salmista já observou o comportamento ímpio e disse o seguinte: “Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e as autoridades conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: ‘Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas’” (Sl 2.1-3). Deus, porém, não se deixa escarnecer. Foi assim nos tempos do Antigo Testamento, e continua assim até hoje. A resposta de Deus a essa tola pretensão humana é: “Aquele que habita nos céus dá risada; o Senhor zomba deles” (Sl 2.4). Sim, Deus vai até um passo adiante: “Na sua ira, a seu tempo, lhes falará e no seu furor os deixará apavorados...” (Sl 2.5).

Quando, em 1975, foi lançado na antiga Alemanha Oriental socialista o slogan “sem Deus e sem sol recolheremos a colheita” – conforme relatam testemunhas daquele tempo – Deus de fato atendeu a essa “oração”. Foi um verão com tanta chuva que no fim os agricultores recolheram a pior das colheitas. Na ocasião, poucos tiveram a coragem de se opor a tal atitude. Um deles foi o pastor luterano Oskar Brüsewitz. Quando a Alemanha Oriental anunciou seu slogan, ele atrelou o cavalo à sua carroça e escreveu nela em grandes letras: “Sem chuva e sem Deus o mundo vai à falência!”.

Tanto os “companheiros” que hoje cantam a “Internacional”, como a ex-Alemanha Oriental e muitos outros com eles simplesmente não querem isto: ter um Deus acima deles. Seguem Karl Marx (que, a propósito, se chamava de fato Moses Mordecai Marx Levi), que resumiu sua rebelião contra Deus em uma trágica oração: “Se um deus tudo me arrancou, afastou na maldição e no jugo do destino, seus mundos, que tudo – tudo – falte! O que restou para mim apesar de tudo é a vingança! Em mim mesmo vou orgulhosamente me vingar daquele ser entronizado lá no alto...” (conforme “Des Verzweifelnden Gebet” [A oração do desesperado]).

Rebelião e rejeição de Deus sempre terminam em caos. Por mais humanas que sejam as ideias do socialismo, por mais nobres e bons que sejam seus objetivos, sem o Deus da Bíblia, sem Jesus Cristo, sempre se caminha para a escuridão. Sem ele, o destino é sempre a ruína. Sim, sem Jesus Cristo vamos para a perdição eterna. Com Jesus Cristo, porém, descobriremos a pacificação, a chegada da justiça e a criação da fraternidade. Portanto, vamos optar pela vida! Vamos escolher Jesus Cristo! A respeito dele lemos: “Próxima está a salvação dos que o temem, para que a glória habite em nossa terra. A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar. Também o Senhor dará o que é bom, a nossa terra produzirá o seu fruto. A justiça irá adiante do Senhor, cujas pegadas ela transforma em caminhos” (Sl 85.9-13).

Samuel Rindlisbacher é ancião da igreja da Chamada na Suíça e foi fundamental no desenvolvimento do grande ministério de jovens dela.

sumário Revista Chamada Maio 2022

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