Haifa, abril de 2022

Após dois anos com restrições por causa do coronavírus, parece que no mundo inteiro a normalidade está voltando e aqui em Israel a Páscoa poderá ser comemorada praticamente sem restrições.

A morte e ressurreição de Jesus Cristo são os acontecimentos mais importantes no Novo Testamento e pintam os fundamentos da fé cristã. Mateus, Marcos e Lucas dedicam três capítulos em seus evangelhos para esses eventos, e em João eles estão registrados em oito capítulos. João retrata nos cinco capítulos adicionais as últimas falas de Jesus a seus discípulos, nas quais ele mostra-lhes novamente a profundidade, a largura, o comprimento e a altura da fé nele. Ali entramos no “Santo dos Santos” da fé cristã.

Quando Jesus falou sobre sua morte e partida deste mundo na última ceia, o coração dos discípulos estava evidentemente receptivo às coisas que afetam o mundo espiritual. No entanto, Jesus disse: “Tenho ainda muito para lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora” (Jo 16.12). Somente a ressurreição lhes abriu então a visão correta das coisas que estão além da compreensão do homem natural.

Onde exatamente Jesus falou essas verdades profundas a seus discípulos? Essa pergunta surge por causa de João 14.31, quando Jesus disse depois da última ceia: “Levantem-se, vamos sair daqui”.

Alguns acreditam que ele transmitiu essas palavras na descida do monte Sião para o vale do Cedrom. Mas isso é possível nas ruas estreitas da cidade, cujos líderes eram hostis a Jesus e procuravam prendê-lo? Pode-se supor que Jesus e seus discípulos deixaram a cidade o mais rápido e diretamente possível.

Como podemos resolver esta questão, ainda que pequena? Provavelmente você já teve a experiência de, enquanto visitava algum lugar e dizer: “Temos que ir agora”, ainda assim você não sair porque as conversas surgiram e você esqueceu o tempo por causa da conversa. Talvez tenha sido o que aconteceu. De qualquer forma, é difícil imaginar Jesus proferindo esses discursos espirituais profundos enquanto caminhava pela escuridão noturna da cidade. É mais provável que tudo tenha ocorrido na atmosfera confidencial e protegida do quarto superior. Além disso, o capítulo 17 é uma oração espiritual íntima na qual Jesus falou com seu Pai celestial de uma maneira comovente e muito pessoal.

No capítulo 18.1, lemos: “Depois de dizer isso, Jesus saiu juntamente com os seus discípulos para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim; e aí entrou com eles”.

O “saiu” pode se referir à cidade ou à casa em que estavam. De qualquer forma, essas últimas palavras de Jesus se encaixam melhor no cenáculo, onde ocorreu a Páscoa. O mais importante, porém, é a mensagem espiritual que o texto quer nos transmitir, menos as circunstâncias externas.

No entanto, é interessante ver todos esses lugares de eventos bíblicos com os próprios olhos. Agora isso é novamente possível – depois de dois anos sem poder visitar a Terra Santa por causa da pandemia – e somos gratos ao Senhor por isso.

Grato que a crise do coronavírus está agora desaparecendo, cumprimento-os calorosamente com Shalom, vosso