“O amor bíblico consegue amar até o inimigo”
O que é amor? Norbert Lieth, membro da diretoria e pregador da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, opina em uma entrevista a respeito das mais diferentes questões em torno desse importante tema.
Norbert Lieth pregando no Salão de Sião, na Suíça.
“O amor bíblico consegue amar até o inimigo”
O que é amor? Norbert Lieth, membro da diretoria e pregador da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, opina em uma entrevista a respeito das mais diferentes questões em torno desse importante tema.
Como você explicaria o conceito de “amor” em uma única frase?
Deus é amor, e como o amor é tão grande quanto Deus, segue-se que ele é ilimitado.
Além da palavra profética, uma das ênfases da sua pregação é o amor. Por quê?
Foi o que mais me afetou e levou a meditar em meu estudo pessoal da Bíblia. Na pregação, dou preferência ao amor por ser a chave para um genuíno crescimento espiritual.
Sem fé ninguém pode agradar a Deus e sem esperança seríamos os mais miseráveis entre os homens. Por que então Paulo diz que, apesar disso, o amor é maior que a fé e a esperança?
Por meio da fé chegamos a Deus e a esperança expressa a confiança de que Deus cumprirá suas promessas, mas, segundo 1João 4.7, o amor provém de Deus, ele é a própria essência de Deus, e por isso ele é maior.
Por que existe na Bíblia uma conexão tão estreita entre o retorno de Jesus e o amor?
Deus é amor, o amor provém de Deus e por isso o amor é o maior bem. Quando Jesus retornar, seremos ressuscitados ou arrebatados para junto daquele que nos amou e salvou com amor infinito. A esse que tanto nos amou convém nos achegarmos em pleno amor.
Certa vez você deu a entender que o amor à palavra profética é mais útil do que um seminário sobre casamento e família. O que o levou a essa avaliação?
Eu quis contrapor aquilo à tendência atual de muitas igrejas valorizarem mais seminários sobre casamento, família e autoajuda do que sobre a palavra profética, e isso apesar de a profecia bíblica e a mensagem sobre o retorno de Jesus ocuparem na Bíblia um espaço muito maior do que a maioria dos outros temas. Por isso existe o perigo de o bom se tornar o inimigo do ótimo. Não tenho absolutamente nada contra bons seminários de assistência espiritual ou de aconselhamento matrimonial, etc. Sei muito bem que esses devem ter o seu lugar, mas estou convicto de que o amor pelo retorno de Jesus também se reflete sobre a santificação pessoal e a vida conjugal, como em geral sobre a dedicação e muitas outras áreas da nossa vida. Quem se “apaixona” pelo retorno de Jesus não poderá interagir sem amor com as outras pessoas na vida diária.
Qual é a maior diferença entre a noção mundana de amor e a bíblica?
A noção mundana de amor muitas vezes se reduz ao “eros”. Além disso, na maioria das vezes ele é egocêntrico, ou seja, egoísta. A noção bíblica de amor focaliza o próximo. Trata-se de um amor compassivo. O amor bíblico consegue amar até o inimigo, e se move em direção ao próximo em respeito.
A crescente comercialização tem divulgado o conhecimento do Dia dos Namorados, também conhecido como Dia de São Valentim. Podem os cristãos celebrar esse dia, enviando flores uns aos outros, etc.?
Os cristãos não precisam de feriados para determinar seu procedimento, mas se usarem estes para dedicar uma atenção especial ao próximo, isso será bom, e não só no Dia dos Namorados. Assim, por exemplo, para o cristão o ano todo é Natal e Páscoa. Ele se lembrará do nascimento de Jesus, de sua morte e ressurreição, mas nos feriados com ênfase especial.
Uma tendência do cristianismo moderno é encarar Jesus Cristo como um amante romântico e falar dele nesses termos. É conveniente isso?
A Bíblia nos convoca repetidamente no Novo Testamento a sermos sóbrios. Não devemos transformar Jesus Cristo num xodó. Ele é o Senhor de quem devemos aproximar-nos com amor reverente.
Você teria para os nossos leitores alguma sugestão para crescerem no amor de forma bem prática?
Quanto mais se conhece alguém em seu amor, tanto mais se consegue amá-lo. Quem se relaciona por meio do Espírito Santo com Deus Pai e seu Filho Jesus Cristo aplicando os meios da graça como estudo bíblico, oração ou comunhão espiritual com outros cristãos, crescerá automaticamente no amor. Tenho observado que os cristãos que mantêm distância do Senhor Jesus, que quase não cultivam um relacionamento com ele ou sua Palavra e frequentam os cultos apenas irregularmente, também se tornaram menos amorosos e mais frios na interação com as outras pessoas.
O que não se deveria entender como amor?
O amor não deve servir para encobrir pecado ou uma vida ímpia. Não deve tornar-se um pretexto para comportamento profano, não deve ser uma desculpa para alguma transgressão em que incorrermos. O amor ama tudo incondicionalmente, com exceção do pecado. Por mais paradoxo que possa soar: a amor odeia o pecado.
Muito obrigado pela entrevista.