Haifa, março de 2022

Em um país como Israel, situado à beira do deserto, o qual constitui 60% do seu território, a questão da água tem importância crucial. Em cada inverno repete-se uma dúvida angustiante: teremos chuva suficiente?

Também neste inverno a perspectiva inicial não parecia boa, mas, como geralmente ocorre, a chuva acabou chegando, embora um pouco atrasada. Por outro lado, pode rapidamente acontecer que seja demais. Em Israel, onde por pelo menos seis meses não há chuva nenhuma, é fácil esquecer que, com o inverno, geralmente a chuva chega. Assim, durante a longa estiagem, negligencia-se a limpeza dos drenos de água pluvial e as correspondentes precauções. Por isso repetem-se as enchentes, que na verdade poderiam ter sido evitadas, mas é mais fácil responsabilizar por isso as mudanças climáticas do que reconhecer as próprias falhas.

Em Deuteronômio 11.11-12, Deus explica aos israelitas que a terra que ele lhes daria é bem diferente da do Egito, e diz: “Mas a terra da qual vocês tomarão posse é terra de montes e de vales, que bebe a água da chuva dos céus. É terra da qual o Senhor, seu Deus, cuida; os olhos do Senhor, Deus de vocês, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até o fim do ano”.

Todavia, como a maioria das promessas divinas de bênçãos, também a chuva não é garantida automaticamente, mas condicionada. Vemos isso no versículo seguinte, em que Deus diz: “Se vocês de fato obedecerem aos meus mandamentos que hoje lhes ordeno, de amar o Senhor, seu Deus, e de o servir de todo o coração e de toda a alma, então no devido tempo darei as chuvas que a terra de vocês precisa, tanto as primeiras como as últimas, para que vocês recolham o seu cereal, o vinho e o azeite”.

Aquilo que Deus diz ao seu povo é um princípio divino que vale não só para Israel, mas tem validade genérica. Se hoje em algum lugar do mundo o tempo parece enlouquecer, a causa disso é sempre atribuída logo ao aquecimento climático. A Bíblia, porém, nos mostra que aquilo também pode ter outras causas, mais profundas.

Ao expor aos filhos de Israel a bênção e a maldição nos últimos capítulos do Deuteronômio, Moisés, ao término de sua vida, volta a lembrar insistentemente ao seu povo essas regras básicas divinas. A bênção, se obedecessem a Deus, e a maldição, caso se desviassem de Deus e das suas prescrições.

Algo semelhante aconteceu com Josué, o sucessor de Moisés, que conduziu o povo de Israel na conquista da terra. Ao término da sua vida, ele reconheceu que o povo estava sendo mais intensamente influenciado pelo mundo ao redor do que pela mensagem divina, então reuniu os israelitas para lembrar-lhes mais uma vez os grandes feitos de Deus, convocando-os a tomar uma decisão (Js 24.14-15). Ele, por seu lado, declarou solenemente: “Eu e a minha casa serviremos o Senhor”!

O povo confirmou três vezes que também serviria o Senhor. A resposta de Josué foi espantosamente rude: “Vocês não poderão servir o Senhor...” (v. 19). Como ele pôde dizer algo assim? Porque ele os conhecia, bem como sua situação espiritual. Quando insistiram pela segunda vez que serviriam o Senhor, Josué disse: “Agora, pois, joguem fora os deuses estranhos que há no meio de vocês e inclinem o coração ao Senhor, Deus de Israel” (v. 23).

O apelo de Josué continua atual tanto naquele tempo como hoje. Cada geração precisa decidir entre servir o deus deste mundo, com todas as suas ofertas atraentes e passageiras, ou o Deus eterno, que oferece uma bênção igualmente eterna.

Solidário com a decisão de Josué de que “eu e a minha casa serviremos o Senhor”, saúdo-os cordialmente com Shalom!

 

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Março 2022

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