Uma nova configuração na Síria?
Desde a primavera de 2011, a Síria vem sendo assolada por uma sangrenta guerra civil. Ao longo dos anos, Israel tem observado preocupantes desdobramentos que ameaçaram inclusive transbordar para o território israelense. Nada, porém, é tão ameaçador para o Estado judeu quanto a presença do Irã na Síria. Por isso, Israel começou em 2013 e 2014 a atacar as bases militares instaladas na Síria pelo regime dos aiatolás. Por muito tempo, Israel não reconheceu essa “guerra entre as guerras”, não só para assegurar sua própria liberdade de ação, como para não imobilizar o ditador sírio. Nesse caso, haveria o risco de ele se sentir forçado a desencadear uma guerra. Esse procedimento funcionou bem, embora repetidamente ocorressem retrocessos por causa dos planos de Putin com a Síria. Todavia, ao longo dos anos, os iranianos ampliaram sua presença na Síria e se estabeleceram ali. Além disso, o ditador Bashar al-Assad, cuja queda já foi profetizada várias vezes, continua no poder, entrementes até com maior autoconfiança. No outono de 2021, Israel realizou vários ataques ao território sírio sem tentar disfarçá-los. Contudo, depois de um primeiro encontro entre Putin e Bennett, o novo premiê israelense, vazaram para o público relatos de que o homem-forte do Kremlin aprecia cada vez menos os ataques aéreos israelenses. Há sinais de que o “salvo-conduto” de Israel para tais ataques poderia ser cancelado mais rapidamente do que as lideranças políticas e militares israelenses gostariam. Além disso, depois dos últimos ataques de Israel, veio pela primeira vez a público uma mensagem direta de um novo grupo na Síria que se intitula “milícias de guerra iranianas unidas”. Esse grupo ameaçou com “retaliação maciça”, o que poderia representar novas ameaças a Israel.