O Dilúvio na pesquisa histórica
Em um documentário televisivo sobre o Dilúvio, a antropóloga britânica Mary-Ann Ochota comentou: “Temos comprovantes de mais de 500 mitos do Dilúvio”. Oliver de Weert, por sua vez, escreve na Welt Geschichte que “a lenda do Dilúvio aparece em várias culturas antigas que não tiveram contato umas com as outras”.[1] Já o geocientista Jürgen Herget não vê nisso uma indicação de alguma inundação global como a descrita em Gênesis 6–8, mas uma consequência natural do fim da última era glacial. Segundo o jornal Welt, “com a transição para uma era mais quente e o derretimento das geleiras”, o nível das águas subiu em toda parte. “Além disso, justamente na Mesopotâmia teria ocorrido uma combinação de fatores específicos: elevações e rebaixamentos tectônicos em uma área extremamente plana, a inundação do Golfo Pérsico e as enchentes do Tigre e do Eufrates. Do ponto de vista geocientífico, isso se encaixaria na época da origem da epopeia de Gilgamesh com seu episódio do Dilúvio em torno do modelo de Noé, chamado Utnapistim.[2] O relato de que esse Utnapistim tenha soltado do seu barco três aves para sondar terra firme mostra de resto a estreita ligação entre a história do Dilúvio no Antigo Testamento com o modelo mesopotâmico”. Para a historiografia científica, ao que parece, está fora de cogitação que a história da epopeia de Gilgamesh represente uma lembrança do mesmo Dilúvio do qual mais tarde relata o livro de Gênesis.
Notas
- Oliver de Weert, “Was wirklich hinter den vielen Mythen von der Sintflut steckt”, WELT, 16 nov. 2021. Disponível em: https://www.welt.de/geschichte/article235085102/Flutkatastrophen-Was-hinter-den-vielen-Mythen-von-der-Sintflut-steckt.html.
- Stefan Maul, “Die altorientalischen Mythen um Gilgamesch, den König von Uruk”, Antiker Mythos, Humanistische Bildung 23, Stuttgart (2008), p. 7-18. Disponível em: http://archiv.ub.uni-heidelberg.de/propylaeumdok/1036/1/Maul_MythenGilgamesch_2008.pdf.pdf.