Desmond Tutu, um incansável lutador pela justiça?
O arcebispo anglicano Desmond Tutu é considerado um dos mais conhecidos líderes políticos e defensores dos direitos humanos, não só na África, mas provavelmente no mundo inteiro. Seu nome é citado por muitos num mesmo fôlego com Mahatma Gandhi, Martin Luther King ou Nelson Mandela. “Qual foi o pior aspecto do apartheid?”, perguntaram há muitos anos a Tutu (que em outubro de 2021 completou noventa anos), em uma entrevista da emissora americana PBS.4 “Que se comece a duvidar de que se seja um filho de Deus”, respondeu o bispo pensativamente. Como sul-africano negro, ele mesmo foi atingido pela discriminação do sistema racista do apartheid. Seu credo sempre foi: “Sem perdão não haverá justiça”. Ele insistia em que mesmo os piores crimes poderiam ser perdoados. O perdão libertaria. “Seu empenho começou com o apartheid, mas se expandiu continuamente”, relata a sacerdotisa Jacobsen, de 61 anos, a respeito daquele homem de apenas 1,65 m de estatura. Tutu defenderia a justiça, pela qual estaria empenhado em alta voz desde a década de 1970. A força para o seu engajamento seria proveniente da sua fé. Ele orava várias vezes por dia e diariamente celebrava a ceia. “Ele enxerga a centelha divina em cada pessoa.”
Como, porém, isso combina com as seguintes declarações? “Ele se empenhava pela igualdade de direitos das mulheres, pela temática de gênero, pela comunidade LGBTQI+ – e com isso tornou-se cada vez mais liberal”, continua Jacobsen. Ele abençoou sua filha Mpoh quando, em 2016, ela se casou com uma mulher. Em 2013, ele disse num evento da ONU na Cidade do Cabo que preferiria ir ao inferno a ir a um céu homofóbico. “Eu não adoraria ou reverenciaria um Deus que fosse homofóbico. [...] Eu me recusaria a entrar num céu homofóbico. Não [...], eu preferiria ir ao outro lugar.”[1]
Nota
- “Desmond Tutu: ‘Lieber Hölle als homophober Himmel’”, ref.ch, 29 jul. 2013. Disponível em: https://www.ref.ch/news/desmond-tutu-lieber-hoelle-als-homophober-himmel/.