Por que a Turquia se aproxima de Israel?
O presidente turco almeja a coroa de sultão, e para isso ele precisa aumentar sua influência em Israel. Com sua ajuda aos árabes de Jerusalém Oriental e a instalação de bases da marinha na Líbia, Erdogan tenta efetivar esse passo.
Recep Tayyip Erdoğan é o atual presidente da Turquia desde 2014.
Recep Tayyip Erdogan, atual presidente da Turquia, chamou o governo Netanyahu de “continuação da via de Hitler”, protestou contra as visitas ao monte do Templo e disse que “sionistas sujos emporcalham a mesquita Al-Aqsa”. Há dois anos, ele expulsou o embaixador israelense da Turquia em protesto contra a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém. Ele também ignorou o acordo de reconciliação assinado pela Turquia e Israel em 2016. Agora, porém, o presidente Erdogan está mudando sua retórica e tentando fortalecer as relações entre as duas nações.
Em breve, um novo embaixador turco deverá chegar a Jerusalém. As mensagens de paz entre Ancara e Jerusalém vêm aumentando de volume. Todavia, Erdogan cultiva uma astuciosa política de conquista do Oriente Próximo. Ele sonha reconduzir a Turquia aos grandes dias do Império Otomano e coroar a si mesmo como sultão.
Segundo o método de Erdogan, o meio para isso consiste na aplicação do plano “meia-lua turca”, ou seja, do controle estratégico turco. A meia-lua turca começa no norte da Síria, região fronteiriça com a Turquia, atravessa o norte do Chipre e estende-se até Israel. Erdogan ampliou seu domínio protetor sobre os grupos rebeldes sírios e criou uma zona-tampão entre a Síria e a Turquia sob o controle desta última, ou, mais exatamente, sob o controle dele. Essas organizações são controladas por Erdogan e sua influência flui na direção do Líbano.
Ao mesmo tempo, a Turquia atua intensamente no Líbano e quer aproveitar a débil economia libanesa para ampliar sua influência sobre o país dos cedros. Desde a explosão no porto de Beirute em agosto passado, cada vez mais empresas turcas se candidatam aos serviços de saneamento do porto e à construção de novos portos no Líbano. Ao largo do litoral do Líbano, navios-geradores marcam presença para vender energia a libaneses. A presença turca baseia-se na intenção de estacionar navios lançadores de mísseis ao longo da costa do Líbano para proteger os portos e os navios-geradores e para fincar pé em águas libanesas.
Ironicamente, nessa questão o Hezbollah e Israel têm interesses comuns: trata-se de impedir um engajamento regional turco. O Hezbollah quer preservar o monopólio do controle sobre o Líbano, e Israel não tem nenhum interesse num possível futuro confronto com os turcos.
Conforme mencionamos, a meia-lua turca se estende até o norte do Chipre ou, como dizem os turcos, o Chipre turco. Em novembro passado, Erdogan visitou a região e declarou que a única solução para acabar com o conflito cipriota seria sua divisão em dois Estados. Para além do território geográfico e da justiça histórica, Erdogan privilegiou as vias marítimas em suas considerações.
É aqui que Israel entra no jogo. Israel é parte da meia-lua turca. Erdogan investe muito dinheiro e recursos nos árabes de Jerusalém Oriental a fim de aumentar sua influência sobre a mesquita Al-Aqsa. O leste da cidade abriga organizações beneficentes financiadas pela Turquia; antigos edifícios são restaurados; e lojas e restaurantes diante dos quais se instalou a bandeira turca e o retrato de Erdogan são reformados e recebem apoio. O ativo apoio turco que promove os interesses da Irmandade Muçulmana prejudica a Jordânia e os países do Golfo, que progressivamente perdem influência.
No ano passado, Erdogan deu mais um passo para expandir sua influência regional e para completar a meia-lua turca. Ele interveio na Guerra Civil Líbia em favor de um governo islâmico em Trípoli sob a liderança de Fayez al-Sarraj. A ajuda ao governo de Trípoli criou tensões entre a Turquia e o Egito, que poderiam resultar num confronto militar direto entre tropas egípcias e turcas. O Egito, que apoia o general Khalifa Hafter, um opositor a um governo islamista, receia que com isso haja um reforço do poder dos islamistas, que por sua vez promovem a adesão dos Irmãos Muçulmanos.
Segundo relatos do exterior, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi tentou aproveitar o acordo de paz com Israel para estender à campanha líbia o apoio militar de Israel no Sinai na guerra contra o Estado Islâmico. O objetivo turco é alcançar o golfo de Sidra, rica em petróleo, e tirar proveito da área de soberania marítima líbia para o controle marítimo turco no Oriente Próximo. Ao expandir sua influência na forma de uma base marítima turca na Líbia, a Turquia poderia desafiar Israel, pois 90% de seu comércio internacional passa pelo Mediterrâneo.
Turquia será parte da aliança de Gogue e Magogue (Ez 38–39), da qual participarão também o Irã e outros países da região. A tomada do poder pela Turquia na Líbia não surpreende.
Do ponto de vista bíblico, não deveria nos surpreender que a Turquia venha ganhando predominância, já que ela desempenha um importante papel nos eventos escatológicos. A Turquia será parte da aliança de Gogue e Magogue (Ez 38–39), da qual participarão também o Irã e outros países da região. A tomada do poder pela Turquia na Líbia não surpreende, já que a Líbia será parte da futura aliança anti-Israel (Ez 38.5: Pute = Líbia).