A crise de identidade da nossa sociedade, que joga valores cristãos centenários ao mar cada vez mais rapidamente, assume características absurdas. A despreocupação com realidades superiores, questionamentos eternos e valores morais sólidos mostram-se presentes desde o começo da história humana. Contudo, hoje cresce o “poder” do sentimento, um constructo flexível, multifacetado e experimental. É curioso observar que, enquanto o homem pensa que é livre quando rejeita as ordens de Deus, ocorre justamente o contrário, fato observado pelo rei Salomão: “Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos” (Pv 16.9). Sem orientação para valores confiáveis não se pode existir e viver de forma significativa no longo prazo.
O que isso significa para nós, cristãos? Como lidamos com pessoas que veem o que Deus nos deu em sua Palavra como algo não mais válido? Basta olhar para Deus e deixar Jesus agir através das nossas vidas, porque, como Thomas Lieth escreve no artigo de capa desta edição – acerca do importante tema do racismo –, “o critério de Deus para qualquer distinção não é origem, cor da pele, língua, religião, sexo, tendências, profissão ou vínculo partidário, mas sua posição em relação a Cristo Jesus” (leia aqui). Lembremos das palavras do próprio Senhor Jesus acerca da marca distinta dos cristãos: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13.35).
Nós temos uma responsabilidade para com a humanidade autodestrutiva, que sofre de falta de sentido e desorientação. Contudo, muitas vezes ficamos quietos quando as pessoas estão procurando respostas. O conhecido pastor norte-americano A. W. Tozer colocou da seguinte maneira: “A igreja perdeu o seu testemunho. Ela não tem mais nada a dizer ao mundo. O chamado da certeza tornou-se um sussurro embaraçado”. Uma declaração dura! Que possamos nos deixar abalar e não ficar mais calados, ou, como aconteceu com a igreja em Laodiceia, nem quentes nem frios (leia aqui). Ao contrário, devemos iluminar como um farol na costa, indicando o caminho aos navios perdidos (leia aqui).
Com relação ao nosso próprio relacionamento com Deus, devemos estar dispostos a ouvi-lo, sabendo que ele sempre cuida de nós, em todos os lugares e momentos. Ele nos ouve e dedica tempo aos seus filhos, como escreve Philipp Ottenburg em sua ótima análise da amizade que Deus tinha com Abraão (leia aqui). Ernesto Kraft aponta acertadamente: “Não precisamos nos amedrontar diante dos problemas, pois Deus irá solucioná-los. Mas devemos trabalhar em nós mesmos para buscá-lo de coração sincero e desistir dos nossos próprios esforços” (leia aqui). Seja essa a nossa atitude!
Encerramos com as palavras de Govert Roos: “Não precisamos nos esforçar para brilhar, mas temos de zelar para que a luz que brilha em nós não seja encoberta, amortecida ou ocultada”. Desejamos a todos uma boa leitura.