Providência de Deus durante o sono dos ursos
Os ursos hibernam durante quatro a sete meses. De fato, não são propriamente para o sono, mas um período de descanso durante o inverno. Normalmente eles escavam uma caverna, a qual utilizam durante vários anos. Grutas naturais ou fendas em rochas também podem servir de abrigo. Antes do inverno, a caverna é forrada calmamente com grama, ramos, samambaias, musgo e líquen. Os ursos diminuem a frequência cardíaca e respiratória, mas despertam do sono facilmente e assim conseguem repelir um ataque inimigo. Contudo, antes disso eles precisam se alimentar para formar uma boa camada de gordura, pois perdem cerca de um terço do seu peso corporal durante o descanso do inverno. Essa camada de gordura, junto com a redução do consumo de energia, lhes proporciona a sobrevivência no inverno. E é justamente para isso que o descanso é uma condição importante. A comunidade científica ainda está em desacordo quanto à denominação dada ao descanso invernal dos ursos: “sono de inverno”, “descanso de inverno”, “torpor”, “hibernação” – há muitos termos para isso. No entanto, trata-se sempre de economizar energia em virtude da falta de oferta de alimento. A constituição exata de seu potencial energético, a determinação das curvas de temperatura ou a redução das suas funções renais... tudo isso ainda continua sendo um mistério.
Contudo, essas questões são de grande importância para a medicina humana. Ao observar que o urso fica deitado durante semanas – em que não há perda de massa óssea ou muscular e também não se criam ferimentos em seu pelo –, estamos falando de um dos grandes problemas da geriatria. Pacientes renais muitas vezes necessitam de diálise durante a vida inteira, enquanto o urso parece conseguir “ligar e desligar” seus rins de acordo com a necessidade. Pesquisadores do Centro para Medicina Molecular Max-Delbrück (MDC, na sigla original), de Berlim, examinaram problemas musculares em ursos-cinzentos durante e após a hibernação. Ali foram encontradas proteínas que têm grande influência sobre o metabolismo de aminoácidos dos ursos durante a hibernação. Com isso as células musculares contêm quantidades mais elevadas de determinados aminoácidos não essenciais. Nesse caso, obviamente é significativo que os próprios músculos produzem esses aminoácidos – de outra maneira eles não chegariam aos lugares em que são necessários.
Os pesquisadores, mediante experimentos complementares, tentam descobrir tais mecanismos e assim pretendem ajudar principalmente pessoas acamadas.