Salmo 91: Uma Arma Milagrosa dos Cristãos?
O Salmo 91 fala da proteção divina contra a peste e perigos mortais. O que significam essas promessas para nós, hoje?
1Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso 2pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”.
3Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal. 4Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor. 5Você não temerá o pavor da noite nem a flecha que voa de dia, 6nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia. 7Mil poderão cair ao seu lado, dez mil, à sua direita, mas nada o atingirá. 8Você simplesmente olhará, e verá o castigo dos ímpios.
9Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, 10nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda. 11Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; 12com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra. 13Você pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente.
14”Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome. 15Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra. 16Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação. “
Salmo 91
Os cristãos gostam de citar o Salmo 91 em tempos de tribulação e angústia, e têm bons motivos para isso – ele tem sido lido e pregado inclusive durante a pandemia do novo coronavírus. Há quem pense que esse salmo concede um cheque em branco, segundo o qual nada mais poderá acontecer ao cristão. Curiosamente, Satanás também citou esse salmo (v. 11-12) para tentar Jesus (Mt 4.6). “Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal. Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor” (Sl 91.3-4). Com base nessa promessa, vários já anunciaram que nada acontecerá a nós, os crentes. Será mesmo assim?
Na verdade, o Salmo 91 expõe a nossa dependência de Deus. Ele é o nosso refúgio. Nele encontramos a nossa segurança, e ele permanece fiel em qualquer situação da nossa vida. O salmo pode ser dividido em três partes: (1) Deus é a fortaleza do crente (v. 1-2); (2) Deus é o protetor diante de qualquer perigo (v. 3-13); (3) Deus concede suas promessas (v. 14-16). Antes, porém, de aplicarmos o salmo a nós mesmos, precisamos encarar algumas questões importantes: quem escreveu esse texto, sob quais condições e quando ele foi composto? Afinal, as promessas que Deus deu a Israel não podem ser aplicadas de forma simples e literal à igreja de hoje. Deus prometeu ao seu povo bênçãos na Terra Prometida se este lhe obedecesse, mas também maldição em caso de desobediência (Dt 28). É preciso levar isso em conta ao estudarmos o Salmo 91.
Há quem pense que o Salmo 91 concede um cheque em branco, segundo o qual nada mais poderá acontecer ao cristão.
Considera-se em geral que Moisés seja o autor deste salmo. Seus termos poderiam ser uma resposta divina à situação no Egito ou ao acampamento de Israel no deserto. Também é possível que o salmo fosse dirigido a Josué como conquistador de Canaã depois que toda a sua geração havia tombado no deserto e apenas ele e Calebe puderam entrar na Terra Prometida com uma nova geração de israelitas. Josué e o povo venceriam suas guerras em Canaã se Israel se mantivesse fiel. Também encontramos uma dimensão messiânica no Salmo 91, que se cumprirá plenamente durante o reino milenar.
No entanto, é preciso ter em mente que, enquanto alguns dos santos da antiga aliança experimentaram a proteção segundo o Salmo 91, isso de modo nenhum se aplica a todos. Hebreus 11.32-40 comenta isso: “Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas, os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos. Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. Todos esses receberam bom testemunho por meio da fé; no entanto, nenhum deles recebeu o que havia sido prometido. Deus havia planejado algo melhor para nós, para que conosco fossem eles aperfeiçoados”.
O Salmo 91 expõe a nossa dependência de Deus. Ele é o nosso refúgio. Nele encontramos a nossa segurança.
No Novo Testamento vemos que o apóstolo Paulo precisou passar por muitas doenças e provações. E o próprio Cristo nos diz: “Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois eu vim para fazer que ‘o homem fique contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; os inimigos do homem serão os da sua própria família’. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará” (Mt 10.34-39).
Como entender o Salmo 91 à vista disso e aplicá-lo a nós? Primeiro, a grandeza de Deus e a segurança nele permanecem. Por outro lado, interpretamos as promessas desse salmo à luz da nova aliança, segundo a qual as promessas a nós não são terrenas, mas “celestiais” – e Paulo explica em Romanos 8.28-39 o que isso significa:
No Novo Testamento vemos que o apóstolo Paulo precisou passar por muitas doenças e provações.
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.
“Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará com ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’.
“Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Deus nos levará em segurança ao tabernáculo celestial e nós veremos a sua salvação (Sl 91.16), mas o caminho até lá pode passar por angústia ou medo ou perseguição ou fome ou nudez ou perigo ou espada.