Haifa, abril de 2020
A solenidade do 75º Dia Memorial do Holocausto, em Jerusalém, do qual participaram muitas altas autoridades do mundo inteiro, foi uma impressionante demonstração de solidariedade com Israel e com o povo judeu. A participação mais notável provavelmente tenha sido a do presidente Vladimir Putin, da Rússia, o qual compareceu para o evento acompanhado da maior e mais admirável delegação. No entanto, a visita de Putin a Jerusalém também serviu para outras finalidades. A Igreja Russa possui grandes propriedades em Jerusalém, desde o tempo dos czares, e na oportunidade houve tratativas a respeito dos direitos de propriedade parcialmente indefinidos.
Mediante o expresso desejo de Putin, foi erigido um monumento em Jerusalém em memória da libertação de Stalingrado das mãos dos nazistas, o qual Putin revelou e inaugurou por ocasião de sua visita. O presidente russo também aproveitou para visitar Belém e lá teve um encontro com o presidente palestino, Abbas. Naturalmente esse encontro teve um caráter simbólico que não deve ser subestimado.
Provavelmente não foi por acaso que o plano de Trump para um Estado palestino – juntamente com um plano de paz com os palestinos – tenha sido divulgado justamente agora, paralelamente às solenidades do 75º Dia Memorial do Holocausto. O antissemitismo está crescendo ao redor do mundo, principalmente nos EUA, entre os jovens nas universidades. Os acontecimentos com os refugiados resultantes dos conflitos com os palestinos, após a fundação do Estado de Israel, forneceram e ainda fornecem combustível para os inimigos de Israel. O “Acordo do Século”, por meio do qual os palestinos devem se tornar um Estado e, simultaneamente, receber uma grande ajuda financeira para tirá-los da situação parcialmente atrasada e da condição de subdesenvolvimento, deve dominar os argumentos dos inimigos de Israel. Uma das frequentes acusações contra Israel é a de que ele não é muito melhor do que os nazistas.
Desde a sua fundação, durante um longo período, Israel se encontrava em uma luta pela existência contra uma supremacia de inimigos. Hoje, no entanto, Israel está em condições de assumir o risco de permitir a existência de um Estado palestino – isso, todavia, mediante a indispensável e generosa ajuda dos EUA
Ainda outro fator decisivo se modificou nos últimos dez anos no Oriente Médio. Houve um tempo em que todo o mundo islâmico e árabe estava unido contra Israel. Desde as transformações ocorridas a partir da Primavera Árabe, da guerra da Síria contra o Estado Islâmico, além do conflito entre o Irã xiita e os Estados árabes sunitas, o líder anti-israelense – o Irã – está cada vez mais isolado. Muitas nações árabes hoje têm mais compreensão com Israel porque elas mesmas são ameaçadas pelo Irã. Com isso, a causa palestina recebe cada vez menos apoio do mundo árabe e do mundo em geral. Provavelmente também a União Europeia acabará apoiando o “Acordo do Século” e podemos supor que tudo isso, no final, pode levar os palestinos a aceitarem a proposta, seja por bem ou por mal.
Caso esse acordo se confirme, então não apenas o presidente Trump merece reconhecimento, mas também o seu genro Jared Kushner e o embaixador americano em Israel, David Friedman e sua equipe de colaboradores, assim como também Benjamin Netanyahu, o qual sempre afirmava ser favorável a um Estado palestino. Agora ficou claro o que ele pretendia dizer.
Para muitos amigos de Israel, que tinham em vista um Israel abrangente, assim como será no reino messiânico, talvez isso possa representar uma decepção. No entanto, Deus não comete erros.
Com essa convicção, vos saúda cordialmente com shalom, vosso
Este texto foi escrito logo após o anúncio do acordo e pode não refletir o cenário atual no lançamento desta edição.