A Obra de Cristo: Salmos Messiânicos
Uma reflexão dos Salmos 22-24
Os Salmos 22–24 formam uma trilogia familiar e significante e seu estudo é especialmente proveitoso. Os três salmos são messiânicos e revelam três diferentes aspectos da obra de Cristo: (1) Cristo, o Sofredor (Sl 22); (2) Cristo, o Pastor (Sl 23); e (3) Cristo, o Soberano (Sl 24). O primeiro da trilogia, o Salmo 22, é um dos salmos mais magníficos do Saltério; não apenas porque é uma profecia do Messias que sofre, mas também por ser uma oração primorosa.
Cristo, o Sofredor
O Salmo 22 é um cântico individual de ação de graças; tal salmo é caracterizado por angústia e libertação. A angústia de Jesus foi a crucificação, e sua libertação foi a ressurreição. O Salmo 22 foi escrito mil anos antes da primeira vinda de Jesus Cristo; ainda assim, foi escrito como se alguém estivesse na base da cruz do Calvário para registrá-lo.
O autor desse salmo é o rei Davi. A profecia da cruz no Salmo 22 tem sido chamada de “evangelho segundo Davi”. Embora muitas das emoções relatadas nele tenham sido experimentadas por Davi, não existe nenhum acontecimento registrado em sua vida que corresponde a esse evento. O Salmo 22 é uma profecia do Salvador sofredor que viria; o propósito do sofrimento era para que o povo do Senhor pudesse experimentar o seu perdão, e o Salvador declararia assim a vitória.
O salmo começa com uma pergunta retórica. A expressão de angústia espelha as exatas palavras que Jesus proferiu a partir da cruz e refletem sua tristeza e sofrimento inocentes. As palavras do versículo 1 foram ditas na nona hora do dia (15h), ao final do período de três horas de escuridão (Mt 27.46; Mc 15.34). A expressão denota extrema angústia – não que Deus Pai estivesse ausente de seu Filho (o que não é possível, pois Jesus é eternamente Deus). Os gritos de dia e de noite referem-se às três horas finais de escuridão que ocultaram a terra antes da morte de Jesus.
As palavras iniciais do salmo são seguidas por uma afirmação inflexível de confiança em Deus e em sua soberania (v. 3). O salmista relembra a fidelidade de Deus no passado (v. 3-5). Aquele que crê sempre pode confiar em Deus e antecipar a libertação que vem dele (cf. 44.1). Deus sempre é fiel para libertar aqueles que confiam nele (v. 5; cf. Hb 11). O Filho de Deus não ficaria desapontado, porque ele ressuscitaria da sepultura em três dias.
Os versos 6-8 relatam como Jesus foi tratado com desdém pelos que eram seus inimigos (cf. Is 52.14; 53.2-4,7-8; Mt 26.67-68; 27.26,30,43; Mc 15.15,29-32; Lc 22.65; 23.16,35-37; Jo 19.1). Ao contrário dos insultos blasfemos de seus acusadores, Jesus sabia que Deus o havia tirado “do ventre” (v. 9) – uma referência ao milagre do seu nascimento virginal – e assim ele poderia ter uma confiança infantil em Deus. Deus não foi apenas fiel a outros (v. 3-5), mas também demonstrou fidelidade ao seu Filho; portanto, enquanto Jesus sofria, foi sustentado por uma reflexão ponderada sobre como Deus o sustentava (v. 9-10).
A angústia e aflição que o Senhor Jesus experimentou na cruz atestaram a depravação do coração humano e as atitudes da humanidade caída em relação a Deus (v. 11-18). O amor de Deus para com os pecadores certamente é evidente, pois aquele que criou os lagos e rios (Cl 1.15-20) e que livremente concede a água da vida (Jo 4.10,13-14) estava com sede na cruz (v. 15; Jo 19.28). Apesar de indivíduos maus o ameaçarem e crucificarem (v. 16-18; cf. Is 53.5; Zc 12.10), o Senhor Jesus indicou confiança no eterno plano daquele que o deixaria “no pó, à beira da morte” (v. 15).
O Senhor verdadeiramente sofreu de forma intensa, o que evidencia sua capacidade de sentir a dor de cada um dos ossos de seu corpo (v. 17). O Senhor Jesus suportou indignidade e vergonha (cf. Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.24) em benefício daqueles que veio salvar. O que é digno de nota é que o Salmo 22 não contém nenhuma confissão de pecado, nem há imprecação (maldição) de inimigos. Mas “Jesus disse: ‘Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo’” (Lc 23.34a).
A oração silenciosa de súplica ao seu Pai foi uma antecipação da libertação, sabendo que seu Pai viria em seu auxílio e o socorreria daqueles que buscavam sua destruição (v. 19-21). Portanto, essa seção termina otimista e antecipa a vitória declarada nos versos 22-31, que também são preparatórios para os dois salmos subsequentes. Cristo primeiro sofreu e morreu como o Messias, para que então realizasse a obra de Pastor e Soberano.
Por que Jesus disse que foi abandonado?
Muitos acreditam que as palavras de Jesus na cruz – “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Mt 27.46; Mc 15.34) – são uma expressão da agonia mais profunda a ser imaginada como resultado da separação da divindade. Existem diversas razões pelas quais esse entendimento está enganado. Primeiro, a cultura do judaísmo primitivo era oral, o que significava memorizar a Torá e muitas das Escrituras. O ensino de Jesus era repleto de breves alusões à Escritura porque ele assumia que sua audiência teria ela na memória. Assim, a menor referência já era suficiente. Quando Jesus citou o Salmo 22.1 estando na cruz (com uma audiência que possuía salmos inteiros memorizados), era como se ele o citasse na íntegra.
O Salmo 22 foi escrito mil anos antes da primeira vinda de Jesus Cristo; ainda assim, foi escrito como se alguém estivesse na base da cruz do Calvário para registrá-lo.
Deuteronômio 21.23 afirma que “o que for pendurado no madeiro é maldito” (NAA). Testemunhas da crucificação chegariam à conclusão que Jesus não era o Messias. Quando se considera o contexto inteiro do Salmo 22, percebe-se: “Pois não menosprezou nem repudiou o sofrimento do aflito; não escondeu dele o rosto, mas ouviu o seu grito de socorro” (v. 24). As palavras de Jesus na cruz indicam que outros (familiares, inimigos, amigos e seguidores) o abandonaram, mas ele continuava tendo íntima comunhão com Deus, seu Pai.
Alguns podem se opor a esse entendimento, porque Deus não pode ter comunhão com o pecado, o que é verdade uma vez que Deus é santo. No entanto, o Senhor Deus é misericordioso e demonstrou seu amor para com pecadores pelo fato de que “Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). Deus certamente é capaz de considerar a humanidade, mesmo que a depravação dela seja abrangente. Lemos em 2Coríntios 5.21 (NAA): “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. Observe que o versículo não afirma que Jesus realmente tornou-se pecado na cruz. A Escritura utiliza termos legais para descrever a transação espiritual em que Deus declara justos aqueles que confiam em Cristo e a obra dele por eles na cruz, a fim de torná-los aceitáveis em sua presença. O veredito de Deus – onde pecadores são justificados – só é possível porque Cristo satisfez todas as reivindicações da lei contra a culpa.
Davi pode ter retratado muitos dos seus sofrimentos com uma linguagem figurada, mas suas descrições ocorreram de forma literal nos sofrimentos, morte e ressurreição do Messias, o Senhor Jesus.
“Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez” a oferta pelo pecado do mundo. Todavia, ele sempre estava sem pecado naquela troca divina. Cristo suportou a punição dos pecados no lugar dos pecadores, e assim fez uma transação legal de acordo com a lei. 2Coríntios 5.21 não significa que Jesus se tornou pecado da mesma forma como os pecadores não se tornam justos por si mesmos. A justiça do crente é alheia (estrangeira); logo, o castigo que Jesus suportou pelo pecado não era dele tanto quanto a justiça dos crentes não é resultado deles mesmos. Jesus “não conheceu pecado” e, portanto, foi capaz de dar sua vida como oferta pelo pecado, para o bem de outros. Ele suportou a penalidade da morte no lugar dos pecadores, propiciando assim a ira de Deus. A expiação de Cristo foi uma substituição penal; é de natureza legal, porque Jesus pagou a penalidade judicial pelo pecado. A culpa do pecador foi transferida para Jesus, mas ele sempre se manteve sem pecado.
Por fim, afirmar qualquer forma de separação (mesmo por um breve instante) entre os membros da divindade triúna significaria que sua unidade não é eterna e necessária. Se Jesus alguma vez estivesse separado do Pai e do Espírito Santo na cruz, significaria que sua obediência ativa vinha de seu poder e força. O nome “Cristo” literalmente significa aquele ungido com a presença e o poder do Espírito Santo, e é por isso que Jesus podia testemunhar de si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu...” (Lc 4.18). “Cristo” (“Ungido”) não apenas indica a comissão de Jesus, mas também a autoridade e o poder pelos quais ele foi capaz de cumpri-la. A obediência perfeita de Jesus da vontade do Pai foi resultado do fato de estar “cheio do Espírito Santo” (v. 1), o que certamente se aplicava ao seu trabalho angustiante na cruz. Nem o Pai nem o Espírito Santo foram separados do Filho enquanto ele sofria na cruz.
Conclusão
O Salmo 22 não apenas registrou eventos reais na vida de Davi, como também profetizou eventos na vida de seu maior filho, o Senhor Jesus Cristo. Davi pode ter retratado muitos dos seus sofrimentos com uma linguagem figurada, mas suas descrições ocorreram de forma literal nos sofrimentos, morte e ressurreição do Messias, o Senhor Jesus. Também é bem possível que Davi tenha experimentado muito pouco do que descreveu no Salmo 22, e assim ele é inteiramente profético sobre a vinda do Messias. Pedro citou outro salmo de Davi e comentou: “Mas ele era profeta e... Prevendo isso, falou... do Cristo...” (At 2.30-31).
O Salmo 22 ensina os crentes a implorarem a Deus continuamente para atender suas necessidades, sejam elas quais forem. Deus não despreza nem abomina “o sofrimento do aflito” (v. 24). Deus não abandonou seu Filho, e provou isso três dias e três noites depois, quando ressuscitou Jesus dentre os mortos. Com a garantia da libertação, o povo de Deus pode louvar o Senhor hoje e também incentivar outros a confiar nele e adorá-lo.
Cristo, o Pastor
O Salmo 23 começa com uma analogia de um pastor e seu rebanho, que serve para descrever o relacionamento entre o Senhor e seu povo. O salmo é baseado nesse relacionamento familiar do pastor com suas ovelhas, que o rei Davi conhecia por experiência própria. Além disso, ele estava acostumado às muitas responsabilidades do pastor devido ao caráter dependente das ovelhas. O relacionamento descrito é pessoal: “O Senhor é o meu pastor...”. A graça e o amor de Deus permitem que suas ovelhas digam: “... de nada terei falta”.
Os versos remanescentes desse salmo enfatizam o contexto do relacionamento bastante pessoal do crente com o Senhor. O pastor tem um relacionamento essencial e uma responsabilidade com relação às vidas das ovelhas. A imagem de Deus como Pastor enfatiza seu papel em relação ao seu povo: (1) ele supre suas necessidades; (2) ele subjuga seus medos; e (3) ele satisfaz seus anseios.
O Senhor supre as necessidades do seu povo (cf. Mt 6.33; Fl 4.19). Deus provê descanso, restauração e orientação (v. 2-3). Deus concede paz e satisfação verdadeiras. Só ele fornece calma segurança (v. 3). Ademais, é o Senhor – o bom Pastor – que restaura a alma (cf. Is 49.5; Sl 19.7; 60.1; Os 14.1-3; Jl 2.12), física e espiritualmente (v. 3). Enquanto as pessoas podem não ter um senso de direção, quem confia no Deus das Escrituras será guiado “nas veredas da justiça por amor do seu nome” (v. 3).
O Senhor subjuga os medos do seu povo (v. 4). Até mesmo o medo da morte é banido pela sua presença (“tu estás comigo”) e sua proteção (“tua vara e o teu cajado me protegem”). O Senhor está sempre presente para guardar e guiar seu rebanho, dissipando todo o medo, pois ele o conduz na melhor e mais eficiente direção. Mesmo quando o mal está rodeando o crente, a Palavra de Deus e o cuidado amoroso do Senhor são mais eficazes para guardar e guiar seus servos fiéis.
O Senhor satisfaz os anseios do seu povo (v. 5-6). Deus é um pastor para seu povo ao servir como um anfitrião gracioso que provê abundantemente (v. 5). Sua bondade e fidelidade são provisões para aqueles que pertencem a ele, e perduram por todos os dias. Deus não satisfaz meramente anseios temporais; ele cuida dos que pertencem a ele durante toda a vida e depois provê para eles “na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6, NAA; cf. Rm 8.38-39).
Cristo, o Soberano
Na perseguição da vida cotidiana, é fácil para a humanidade pecadora ignorar a glória do rei divino. O mundo como um todo parece não ter respostas para os dilemas da vida, sejam crises econômicas, violência armada, terrorismo islâmico ou disparidade filosófica entre conservadores e liberais. Em resposta a desafios aparentemente intransponíveis, a humanidade geralmente recorre à introspecção desamparada, que se manifesta como uma autoindulgência imprudente. A mídia social contemporânea é uma evidência desse narcisismo desenfreado (a excessiva admiração ou preocupação com o próprio eu).
Aqueles que genuinamente buscam a Deus aproximam-se dele com fé humilde e arrependimento verdadeiro.
Eclesiastes 1.9 declara: “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol”. O orgulho da antiga Babilônia – “Somente eu, e mais ninguém além de mim” (Is 47.10) – é o mesmo pensamento da pessoa autoindulgente. A sociedade persegue incessantemente a autogratificação, assim como a humanidade caída ao longo das eras, pensando: “Descanse, coma, beba e alegre-se” (Lc 12.19). À medida que a civilização se torna cada vez mais preocupada consigo mesma (o que tem sido a tendência geral da humanidade caída), o Salmo 24 mostra-se inteiramente relevante. Começa com uma declaração dramática de que a terra e tudo nela pertencem a Deus. A razão é que Deus criou a própria terra e tudo o que ela contém (v. 1-2). A propriedade universal de Deus inclui todos os que habitam sobre a terra. O domínio soberano de Deus inclui todas as pessoas (Êx 19.5; Dt 10.14; Sl 50.12; 89.11).
A próxima estrofe (v. 3-6) fornece uma revelação da pureza de Deus e, sendo assim, as condições que regulam a aparência de alguém diante deste grande Criador. Somente “poderá entrar no seu Santo Lugar” aqueles com “mãos limpas e o coração puro”. A expressão “mãos limpas” indica a pureza das ações externas; “coração puro” refere-se ao ser interior (alma) de uma pessoa, que é santificado pela graça de Deus através da fé no Senhor Jesus. Tanto a vida externa (conduta de alguém) quanto a vida interna (caráter) são representadas por metáforas. A vida de alguém deve ser limpa e pura para se aproximar de Deus em comunhão e adoração.
Ademais, não deve entregar sua “alma à falsidade” (v. 4, NAA; cf. Êx 20.3). Um ídolo não é meramente uma imagem esculpida; antes, é qualquer pessoa (ou qualquer coisa) que uma pessoa tema, ame, sirva ou confie acima de Deus. Da mesma forma, o mandamento acrescenta: “... nem faz juramentos com a intenção de enganar”, o que significa não ter lealdade a uma falsa entidade. As duas descrições positivas da devoção implacável a Deus – “mãos limpas e o coração puro” (v. 4a) – são complementadas por duas representações negativas: “falsidade” e “intenção de enganar” (v. 4b, NAA). Pessoas piedosas são “puras” e não falsas (cf. Mt 5.37), o que exclui todas as formas de idolatria. A ênfase está sobre a integridade da vida da pessoa, tanto interna quanto externamente.
Quem se aproxima de Deus em santidade e humildade “receberá bênçãos do Senhor” (v. 5). A bênção prometida é o favor e a bondade de Deus estendidos a seus fiéis adoradores. Similarmente, alguém receberá “justiça” de “Deus, o seu Salvador”, que se refere à vindicação de Deus a seus servos fiéis. A expressão da justificação pela fé indica que quem se aproxima de Deus com base na fé e no arrependimento será realmente declarado justo. Como prescrito no versículo 4, aqueles que genuinamente buscam a Deus aproximam-se dele com fé humilde e arrependimento verdadeiro.
A estrofe final mostra o Senhor retornando para sua cidade como o “Rei da glória”. Os versículos finais podem ter se originado com o transporte da arca da aliança para Jerusalém. A arca representou o Rei da glória ou a manifestação da presença de Deus. Durante o tempo do rei Davi, quando a arca foi trazida ao santuário em triunfante procissão, houve uma representação visível da glória de Deus. Semelhantemente, num dia vindouro, o Rei da glória – o Senhor Jesus Cristo – retornará pessoalmente. Dois eventos são ilustrados aqui. O primeiro é um relato de quando o Senhor Jesus subiu aos céus, onde Deus o assentou “à sua direita” (Ef 1.20). O outro retrata sua vinda novamente em poder e glória (Ap 19.11-16).
Georg Friedrich Händel é considerado um dos maiores compositores da história da igreja. Seu oratório “Messiah” é o mais popular de seus trabalhos, cativando e inspirando muitos com suas letras e partituras bíblicas. O rei Jorge II, da Inglaterra, esteve presente durante a primeira apresentação em Londres, em 23 de março de 1743. Quando o famoso “Hallelujah Chorus” foi cantado, que contém as palavras: “Pois o Senhor Deus reina onipotente”, o rei levantou-se inesperadamente. Seu ato de homenagem levou toda a plateia a fazer o mesmo, permanecendo assim durante todo o coro, pois procuraram glorificar a grandeza do verdadeiro Rei que reina sobre todos. Desde aquela época, de 1743 até o presente, é costume permanecer em pé durante esse coro.
De acordo com o falecido A. W. Tozer (1897-1963), uma das coisas mais importantes sobre a vida de uma pessoa é quais pensamentos saciam sua mente com relação a Deus. Em seu livro The Knowledge of the Holy [O conhecimento do Santo], ele escreveu: “A história da humanidade provavelmente mostrará que ninguém jamais se elevou acima de sua religião, e a história espiritual do homem demonstrará positivamente que nenhuma religião jamais foi maior que sua ideia de Deus [...] Por esse motivo, a pergunta mais grave diante da igreja sempre é o próprio Deus, e o fato mais portentoso sobre qualquer homem não é o que ele pode dizer ou fazer num determinado momento, mas o que ele, no profundo do seu coração, pensa que Deus deve ser [...] Se fôssemos capazes de extrair de qualquer homem uma resposta completa para a pergunta: ‘O que vem a sua mente quando você pensa em Deus?’, talvez poderíamos prever com certeza o futuro espiritual desse homem” (p. 1).
O Salmo 24 lembra que mesmo o pior problema é apenas temporário; Deus, todavia, é eterno e sua glória é o que perdura para sempre.
A maioria das dificuldades na vida de uma pessoa não é circunstancial; pelo contrário, é perceptiva. Os maiores problemas da humanidade são o resultado de uma compreensão inadequada de quem Deus é. Tozer acreditava corretamente que um conceito defeituoso de Deus “é a causa de cem males menores” (p. VII). No entanto, quem crer em Deus como ele é será “aliviado de dez mil problemas temporários” (p. 2). O Salmo 24 lembra que mesmo o pior problema é apenas temporário; Deus, todavia, é eterno e sua glória é o que perdura para sempre. Por esse motivo, o Salmo 24 (e outros semelhantes) é crucial para a fé de um crente. Assim como o conhecimento que uma pessoa tem de Deus, o mesmo ocorre com a direção de sua vida.