Viagem missionária à “terra dos faraós”
Entre os dias 31 de agosto e 12 de setembro de 2019, nosso colaborador egípcio e evangelista Elia Morise, sua esposa Ingeborg, minha esposa Elke e eu realizamos uma viagem missionária para o Egito. Venho aqui fazer um relato dessa experiência.
No programa constavam visitas aos diversos locais do nosso trabalho, palestras em igrejas, a participação em uma conferência, encontros com cristãos do local e outras visitas. A primeira parada foi em Cairo, a capital junto ao rio Nilo: mais de 20 milhões de habitantes e rica de contrastes. Ricos e pobres, coisas modernas e antigas, limpeza e sujeira, religiosidade e secularidade. O trânsito é caótico, mas ele funciona; e os egípcios são amistosos e gostam de sorrir.
Visitamos um bairro copta onde todo o lixo da cidade é depositado para ser selecionado; assim, pairava o cheiro correspondente no ar. As vantagens para os cristãos coptas estão no fato de que eles conseguem angariar algum dinheiro com a reciclagem e que os muçulmanos extremistas não gostam de frequentar a região por a considerarem impura. Nas paredes rochosas vimos histórias bíblicas esculpidas ou, junto à rua, um enorme peixe entalhado, que é o símbolo dos cristãos. Visitamos o principal sacerdote, um homem idoso e cristão sincero. Então fomos levados para o auditório deles. Quase não acreditamos naquilo que vimos: bancos em terraços com lugar para 17 mil pessoas, onde se reúnem uma vez por semana.
Nos dias seguintes recebemos convites para visitar famílias locais. Os cristãos são alegres, disciplinados, ativos e contribuem muito para o bem do país e para a divulgação do evangelho. O governo parece estar ciente disso e, abaixo do presidente, age bastante moderadamente com eles. Apesar disso, os cristãos precisam estar atentos pois há o perigo constante de caírem na vista de extremistas.
Seguiram-se vários cultos e uma bela cerimônia de casamento, que foi celebrada pelo Elia Morise. Ele é bastante conhecido no país e, por isso, é muito procurado. Seu telefone toca dia e noite e ele está sempre a caminho, disposto a ajudar, a aconselhar, a organizar e a conduzir pessoas a Jesus.
Anexa a uma das igrejas há uma gráfica. Para esta gráfica, a nossa Missão conseguiu financiar uma impressora, a qual nos foi orgulhosamente apresentada.
Visitamos as pirâmides, gigantescos monumentos que representam a morte, que nos lembraram do Deus da vida, que enviou José ao Egito, que permitiu que ali o povo de Israel se desenvolvesse, que convocou Moisés e que até enviou seu Filho para o Egito. Vida em meio a um mundo que é dominado pela morte e da tentativa de superá-la – a antiga arte egípcia de embalsamento demonstra isso.
Visitamos as pirâmides, gigantescos monumentos que representam a morte, que nos lembraram do Deus da vida.
O rio Nilo é muito lindo, a única veia de vida em uma terra cercada por desertos. Foi possível ter uma ideia de como o cestinho com o pequeno Moisés flutuava entre os juncos do rio, até ser descoberto.
Após alguns dias passamos pelo deserto até Minia, uma fortaleza islâmica. Ali a polícia nos vigiou, interrogou e acompanhou (para proteção e para observação). Contudo, os policiais também agiram de maneira amistosa.
Visitamos outra gráfica que igualmente ajudamos a financiar. Foi necessária uma nova construção, e nós conseguimos providenciar e fornecer uma impressora Heidelberg, bem como uma guilhotina e uma dobradeira. Assim, 16 jovens cristãos conseguiram um emprego e agora estão em condições de sustentar suas famílias. Acima de tudo, porém, é divulgada a Palavra de Deus!
“Orar de joelhos é mais poderoso do que um exército de soldados em marcha.”
Então veio uma notícia chocante: dois dias antes da data do congresso desabou parte do telhado do auditório no local onde ele seria realizado; ainda bem que nesse momento não acontecia um culto ali. O congresso foi transferido para um outro local. No fim, constatou-se que isso foi bom, pois este era maior e mais moderno. Vieram algumas centenas de pessoas, um grande grupo de jovens estava presente e cerca de 21 mil pessoas assistiram ao vivo através da internet. O tema que os responsáveis me propuseram era: “A volta de Jesus à luz do Antigo Testamento”. Logicamente achei um pouco desconfortável, pois isso não seria possível sem falar de Israel. Haveria muçulmanos entre os ouvintes? Como os cristãos reagiriam em relação a Israel? Consegui me convencer e então me senti bastante à vontade. Depois disso ouvimos somente um eco positivo em relação a Israel. Novamente fomos convidados para ficar numa família local – um arquiteto que havia nos vendido o prédio para a gráfica. É uma família muito amável; ele é proprietário de um terreno e tem o firme propósito de construir nele um lar para idosos.
Depois seguimos até Ismaília, a cidade junto ao Canal de Suez. No trajeto para lá visitamos uma família que dirige uma fábrica e que faz muito pelo seu país. Em geral, os cristãos nos causaram uma impressão de serem muito espirituosos, espontâneos e ativos. Eles não permitem ser refreados, amam a Jesus e sua mensagem e, com esse amor, alcançam muitos de fora. Na porta da sala de oração de uma igreja estava escrito: “Orar de joelhos é mais poderoso do que um exército de soldados em marcha”.
Elia e sua esposa viveram e trabalharam muitos anos em Ismaília. Lá estava a igreja deles e nela pudemos realizar alguns trabalhos. Como já relatamos anteriormente, a sala de reuniões se localiza no quarto andar de uma casa e é impossível que idosos e deficientes físicos cheguem a ela. Por isso, há alguns anos havíamos decidido financiar um elevador; este agora está instalado e os membros dessa igreja estão muito agradecidos. Além disso, conseguimos providenciar uma cozinha e colocar um salão adicional no quinto andar, que servirá para momentos de comunhão.
É maravilhoso ver como Deus nos abriu portas no mundo árabe, saber que temos um colaborador como o Elia, com tantos contatos, e que temos amigos que nos apoiam nesse trabalho. É simplesmente magnífico ver e acompanhar pessoas que antes eram muçulmanas e hoje são convertidas.
Esperança para pessoas sem esperança
Mulheres totalmente cobertas com véus, sem mostrar nada de sua pele e que usam até luvas nas mãos sob um calor de 40°C, apenas porque têm medo de ir para o inferno. E se elas chegarem ao paraíso, também ali elas somente estarão à disposição dos homens. Homens e mulheres sem consciência. Uma expressão comum usada pelos muçulmanos é: “Deus sabe”. Com isso eles expressam seu desconhecimento pessoal. “Você é perdoado?” – “Eu não sei, Alá sabe”. “Você é amado por Alá? Você irá ao paraíso?” – “Eu não sei, Alá sabe”. Precisamos proclamar o conhecimento de Jesus a estas pobres pessoas perdidas: “Sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento, para que conheçamos aquele que é o Verdadeiro. E nós estamos naquele que é o Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20).
Junto ao rio Nilo vimos uma placa com os dizeres: “Você não alcançará a outra margem de um rio se apenas ficar parado, olhando ansiosamente para o outro lado”. Observamos muitos cristãos egípcios que tomaram a decisão de fazer algo: entrar no barco, navegar para lá e por mãos à obra. É um grande exemplo para nós.
Norbert Lieth