A igreja de Jesus tem alguma responsabilidade por Israel?

Qual seria a missão da igreja em relação ao povo judeu? Uma pesquisa bíblica.

Parte Final: Israel e a atitude da igreja

Em Romanos 9 a 11, Paulo precisa abordar uma posição errada de crentes em relação a Israel e a respectiva arrogância. Ele adverte contra uma prepotência autossuficiente sobre a indisposição de Israel ao arrependimento. Tudo é graça de Deus: a salvação das nações que no passado não eram povo seu e que não o buscaram, bem como a salvação final de Israel.

Nesse contexto Paulo refere-se a partir de Romanos 11.17 à oliveira e à raiz, da qual os ramos naturais foram arrancados. (Esta é mais uma evidência de que o judeu não é automaticamente salvo, como já relatamos anteriormente nesta série.) Depois ele fala de ramos silvestres que foram enxertados: as pessoas das nações que vieram a crer em Jesus.

A oliveira representa Israel. Através de Israel fluem as promessas divinas e o plano de salvação de Deus começa a se desenvolver. A salvação vem dos judeus, conforme disse o Senhor Jesus em João 4, e Deus cumprirá sua palavra ao cumprir todas as promessas a Israel ainda pendentes e salvar seu povo.

Se reconhecermos isso, ficaremos cheios de gratidão por aquilo que o Senhor já realizou e ainda realizará por meio do seu povo – mesmo sabendo que hoje o povo ainda não está salvo, mas se encontra em outras condições.

Viver nessa gratidão por aquilo que nosso Senhor realizou através do seu povo e porque nós mesmos nos tornamos participantes das promessas faz parte da responsabilidade e da missão da igreja de Jesus.

Viver nessa gratidão por aquilo que nosso Senhor realizou através do seu povo e porque nós mesmos nos tornamos participantes das promessas faz parte da responsabilidade e da missão da igreja de Jesus.

No entanto, ser enxertado na oliveira não significa que devemos nos tornar judeus. Infelizmente, há quem cometa esse equívoco. Também não quer dizer que o judaísmo religioso, a observância das festas veterotestamentárias ou de outras seja um modo melhor de exercer o discipulado.

Antes, deveríamos estar conscientes e cheios de gratidão de que, como igreja, ganhamos por meio do Senhor Jesus Cristo participação nas promessas dadas a Israel e que fluem através desse povo.

A raiz é o próprio Cristo. Lemos isso tanto em Romanos 15.12 como também em Apocalipse 5.5 e em outras passagens. Cristo é a raiz e Israel é a oliveira. Em outras palavras: Jesus não existe por causa de Israel, mas Israel existe por causa de Cristo. Ele é o centro. Ele é o cume para o qual convergem todos os privilégios de Israel que Paulo enumera em Romanos 9.4-5. E como igreja de Jesus somos gratos por aquilo que o Senhor realizou e concedeu por intermédio do seu povo e o que ainda fará.

Com isso, chegamos ao fim desta série que analisou algumas das responsabilidades que a igreja de Cristo precisa ter com respeito ao povo de Israel. Discutimos sobre a honra de Deus, o amor de Deus, o consolo de Deus, a provocação de ciúme por parte da igreja aos judeus, a oração e, neste texto, sobre a atitude da igreja.

O importante é a glória de Deus. Nós sabemos que ao término também se cumprirá a palavra de João 10.16, segundo a qual o Israel salvo e a igreja de Jesus formarão um só povo com um mesmo pastor.

Johannes Pflaum

 

Johannes Pflaum integra a diretoria da Sociedade Bíblica Suíça e atua como conferencista e docente na área de ensino bíblico.

sumário Revista Chamada Janeiro 2020

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