Israel: benefício ou fardo?
Os adversários de Israel no Congresso dos Estados Unidos se opõem ao prosseguimento da ajuda militar do seu país a Israel. No entanto, Israel comprova que a ajuda militar contribui para estimular a economia americana e para a segurança dos americanos.
Podia-se prever que algum deputado americano adversário de Israel reclamasse contra a ajuda financeira que o país recebe dos EUA. Agora ocorreu, e diretamente, depois que o premiê israelense decidiu barrar a entrada das duas deputadas americanas democratas Ilhan Omar e Rashida Tlaib em Israel. A dança da crítica foi aberta pelo senador Bernie Sanders, candidato democrata à presidência. Ele chamou a atitude do governo israelense de vergonhosa e, junto com isso, opinou: “Israel não deveria mais receber ajuda econômica e militar dos EUA enquanto inibir a visita de deputados americanos ao seu país”. A deputada Omar corroborou essas declarações: “Fornecemos anualmente a Israel mais de três bilhões de dólares sob o argumento de se tratar de um aliado nosso. Contudo, barrar o ingresso no país a uma deputada não corresponde de maneira nenhuma ao comportamento de um aliado”.
Sanders, Omar, Tlaib e outros pertencem a uma nova geração de políticos, encontrados principalmente no Partido Democrata, que não se posicionam automaticamente ao lado de Israel como se tal posição fosse óbvia. Muito pelo contrário, eles pouco se importam com o lobby judeu e apostam no apoio do eleitorado que também não simpatiza com Israel. Na sua opinião, o fato de Israel receber anualmente ajuda financeira americana no valor de 3,3 bilhões de dólares, que correspondem a cerca de 55% de toda a ajuda externa proporcionada pelos EUA, representa uma sobrecarga ao país. Essa opinião vem recebendo cada vez mais apoio.
Segundo Hillel Frish, diretor científico israelense e professor no Centro Begin-Sadat para Estudos Estratégicos, a quantia que Israel recebe de ajuda militar representa, porém, apenas uma pequena parte do valor que os EUA investem no mundo todo na área de segurança. Em 2019, o valor total disso ultrapassou os 686 bilhões de dólares. Para afirmar isso, Frish recorre a dados levantados há dois anos pelo cientista americano David Vine. Vine calculou que 150 mil soldados americanos se encontram em cerca de 70 países mundo afora e que os custos diretamente relacionados com isso correspondem anualmente a 85 bilhões de dólares. Um exemplo: no Japão há 50 mil soldados americanos acantonados, que representam um custo anual de 27 bilhões de dólares, nove vezes mais do que Israel recebe anualmente como ajuda militar. Além disso, esse valor não inclui nada dos custos da 7ª frota, atendida por 60 mil soldados e à qual pertencem dúzias de navios e também 350 aviões de combate, todos de prontidão para a defesa do Japão e do Oceano Pacífico.
Além disso, Hillel Frish cita um outro importante aspecto: entre todos os países que recebem ajuda americana, Israel é justamente aquele no qual os soldados americanos não precisam assegurar a segurança do aliado empenhando a própria vida. Desde sempre, Israel rejeitou em seu país a aplicação da política americana de “botas americanas em solo estrangeiro”. Diante disso, a direção das forças de defesa israelenses também se pronunciou contra as propostas de uma aliança oficial entre ambos os países, que ultimamente têm sido repetidamente apresentadas.
Os EUA também tiram proveito de inovações militares desenvolvidas em Israel na área de segurança com base na ajuda financeira proporcionada e que assim acabam também contribuindo para a defesa dos Estados Unidos.
Além disso, os especialistas têm citado outros aspectos, entre os quais o fato de que 79% da ajuda financeira americana para Israel precisa ser investida na aquisição de armamentos nos EUA. No futuro, essa vinculação deve aumentar para até 100%. Este é sem dúvida um importante fator capaz de dinamizar a economia americana. No mais, os EUA também tiram proveito de inovações militares desenvolvidas em Israel na área de segurança com base na ajuda financeira proporcionada e que assim acabam também contribuindo para a defesa dos Estados Unidos, como é o caso dos dois sistemas antimísseis “Domo de Ferro” e “Estilingue de Davi”.
Portanto, considerando bem, Israel não representa um fardo. A maioria dos deputados americanos também continua enxergando isso desta forma. Para a maioria, Israel representa uma contribuição, ainda que se ouçam vozes divergentes. Esta não é apenas a opinião predominante no governo Trump, mas também já era assim no tempo do presidente Obama, que por bons motivos providenciou a ampliação da ajuda militar para Israel no valor de cinco bilhões de dólares ao longo de uma década, inclusive para possibilitar a Israel a continuação do desenvolvimento de modernos sistemas antimísseis.
Zvi Lidar