Haifa, janeiro de 2020

De acordo com Deuteronômio 31.10-13, a cada sete anos a lei deveria ser lida perante todo o povo de Israel por ocasião da Festa dos Tabernáculos, isto porque as pessoas de outrora provavelmente não sabiam ler e também porque não havia cópias disponíveis. Nesse sentido, hoje de fato somos privilegiados, já que quase todos sabemos ler e escrever.

Por essa razão Deus determinou certos costumes e dias festivos ao seu povo, para que este fosse constantemente lembrado dos grandes feitos de Deus e de seus mandamentos. Por exemplo, Deus instituiu a Festa da Páscoa para que Israel se lembrasse do êxodo do Egito (Êx 12–13).

Em Êxodo 13.9-16 Deus disse que esses dias memoriais com seus usos deveriam ser como um sinal sobre a mão e como lembrança ou sinal entre os olhos. E em Deuteronômio 6 fala-se novamente sobre o sinal na mão e diante dos olhos. Ali é acrescentado: “Escreva-as [minhas palavras] nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” (v. 9).

Provavelmente foi daí que posteriormente surgiram as tiras de oração no judaísmo, em que essas palavras eram escritas sobre um bilhete, colocado numa cápsula e amarrado na testa – isto é, literalmente diante dos olhos – e sobre a mão. Em Deuteronômio 6.6 consta o real sentido dessas palavras: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração”.

Em Deuteronômio 11.18-20 lemos de novo a mesma coisa, repetida com reforço. Ali consta primeiramente: “Gravem estas minhas palavras no coração e na mente”. Assim, trata-se primeiro do interior da pessoa, não de algo exterior. O pecado e a desobediência a Deus sempre começam com os olhos. Foi o que já aconteceu com Eva. Ela viu...! O segundo passo, então, é a ação. Ela estendeu a mão e colheu do fruto proibido. Por isso, tudo que vemos e tudo que fazemos deve passar pelo “filtro” da Palavra de Deus.

Em Provérbios 7.1-3 também vemos que essas determinações de fato não se referem a algo exterior, mas interior, quando diz: “Meu filho, obedeça às minhas palavras e no íntimo guarde os meus mandamentos. Obedeça aos meus mandamentos, e você terá vida; guarde os meus ensinos como a menina dos seus olhos. Amarre-os aos dedos; escreva-os na tábua do seu coração”.

Em Jeremias 31.31-34 o profeta fala que Deus estabelecerá uma nova aliança com Israel, dizendo: “‘Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias’, declara o Senhor: ‘Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo’” (v. 33).

O autor da carta aos Hebreus toma essa passagem de Jeremias e a escreve no capítulo 10 com referência aos crentes da nova aliança, que Jesus firmou na última ceia com os seus discípulos. A nova aliança considera uma transformação da mente proporcionada pelo Espírito, conforme Paulo o escreve: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). E, de acordo com 1João 2.27, é a unção – ou seja, o Espírito Santo – que nos ensina e dirige corretamente.

O cumprimento final e total da promessa de Jeremias 31, no entanto, virá somente quando Israel reconhecer o seu Senhor.

Na certeza de que Deus cumpre todas as suas promessas, saúdo vocês com um cordial Shalom. Vosso,

Fredi Winkler

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Janeiro 2020

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