Autêntico ou fake?

Pode isso? O papa Francisco, envergando um pesado casacão de plumas branco de uma marca de luxo, como se estivesse a caminho do próximo espetáculo de hip-hop e não da missa? Essa imagem circulou na rede em fins de março, inicialmente na plataforma Reddit. Não demorou a revelação de que a imagem não era autêntica. Ela fora criada pelo gerador de imagens Midjourney, que executa as instruções de algum usuário por meio de inteligência artificial. O que, nesse caso, foi uma brincadeira engraçada e provavelmente rendeu pontos de simpatia ao papa, pode em caso de dúvida criar um risco real. Por exemplo, quando se apresentam políticos em situações constrangedoras ou politicamente críticas. Quanto às motivações, a IA praticamente não tem limites. Tecnicamente ainda há margem, mas está cada vez mais difícil reconhecer se uma imagem é autêntica ou fake. Quando algum boato aparentemente comprovado por imagens corre o mundo, é difícil contê-lo. Por isso, é melhor olhar duas vezes. Alguns indícios podem ajudar a conferir a credibilidade de uma imagem:

– A imagem contém incoerências, por exemplo, entre luz e sombras, proporções, posições no espaço, representação de pele e mãos? É o critério mais óbvio para testar imagens de IA e manipulações.

– Informa-se o autor ou primeiro divulgador da imagem? Menciona-se a ocasião, o momento e o contexto da imagem? Se a fonte for séria, isso será informado. Em caso de dúvida, vale dar uma olhada nos metadados de uma imagem ou uma retrospectiva da imagem via tineye.com, por exemplo.

– Existem outras fontes, relatos na mídia ou referências de imprensa que confirmem ou contestem o contexto da imagem? Teria a pessoa estado num determinado momento no local mostrado na imagem ou estava comprovadamente em outro lugar? Haveria imagens similares ou diferentes daquela ocasião publicadas por outras fontes?

Nem toda falsificação ou manipulação poderá ser desmascarada dessa forma, mas esses pontos podem fornecer uma boa orientação.

Revista PRO