Cantando com o nariz
Golfinhos, cachalotes e outros cetáceos geram os sons mais intensos no reino animal. Eles caçam, comunicam-se e se orientam sob a água com sua voz. Uma equipe internacional de pesquisadores resolveu agora o enigma da origem desses sons. Eles não geram sons com a laringe, como fazem outros mamíferos, mas com “pregas vocais” no nariz. “De qualquer modo, porém, fisicamente o seu sistema funciona do mesmo modo como a laringe dos mamíferos. Também eles utilizam ar para gerar sons”, explica a professora dra. Ursula Siebert, diretora do Instituto de Pesquisa de Animais Terrestres e Aquáticos da Fundação Faculdade Veterinária de Hanôver (TiHo). Ela e sua equipe publicaram agora, após dez anos de pesquisa, um estudo na revista científica Science.
Um enigma era como os cetáceos conseguem gerar uma corrente de ar suficiente numa profundidade de mil metros, onde a pressão é tão alta que o ar nos pulmões é comprimido até um por cento do volume. Os pesquisadores descobriram agora que o ar restante se acumula num pequeno saco muscular na boca. Quando os animais mergulham a mais de cem metros, seus pulmões colapsam para escapar do mal de queda de pressão ou mal dos mergulhadores. O ar acumulado no saco muscular é então aproveitado para gerar o som: o cetáceo abre por cerca de um milissegundo uma válvula, fazendo com que um golpe de ar flua com pressão extremamente elevada ao longo das pregas vocais que vibram no nariz. Quando os lábios voltam a se chocar, gera-se um clique.
Os golfinhos utilizam sua “voz” também durante a caçada: eles geram sons que rebatem nas vítimas e retornam ao golfinho em forma de eco. Com essa sondagem por eco eles conseguem localizar, perseguir e capturar suas vítimas até uma profundidade de dois mil metros em plena escuridão. Assim, eles emitem até 700 breves e fortes ultrassons por segundo. Para isso, os golfinhos requerem muito pouco ar, o que é ideal para a localização por eco e a caçada.