“Keren” na redenção e na esperança pelo Messias

Sobre a palavra hebraica “Keren”, 7ª parte

Virá o dia em que o Messias será revelado também ao seu povo.

Se levarmos em conta os contextos em que a palavra keren ocorre na Bíblia, perceberemos que se trata de uma expressão profética para a vida e a obra do Messias. Encontramos keren no contexto das ofertas, como, por exemplo, junto aos altares no santuário sobre as quais se derramava o sangue dos sacrifícios. Também a encontramos nos relatos sobre os reis de Israel, em que homens como Davi e Salomão foram ungidos com óleo proveniente de um chifre. Finalmente, então, ela aparece num contexto de vitória, quando Israel começa a conquistar a Terra Prometida. Tocaram-se trombetas, os muros de Jericó desabaram e Israel conquistou uma grande vitória sobre seus inimigos.

Poderíamos talvez comparar a palavra keren com uma moeda que exibe a imagem de um rei. Em uma das faces da moeda vemos o rei Messias sofredor, entregando sua vida pela redenção do seu povo. A outra face da moeda exibe a vitória dele (e do seu povo) sobre seus inimigos. Ambas as faces da moeda fazem parte da vida e da obra de Jesus Cristo, o Rei dos reis, nosso Salvador.

Todo aquele que crer no poder do sacrifício de Jesus é redimido dos seus pecados, recebe força em lugar da sua debilidade e vida em lugar da morte. E não só isso, mas os crentes em Jesus podem ter certeza de que chegará o dia em que a vitória dele sobre o pecado e a morte também será a sua própria: no grande dia da ressurreição, quando os que estiverem do lado de Cristo, o vencedor, serão transformados para sempre, enquanto os inimigos de Deus permanecerão sob juízo e na morte.

No início do primeiro livro dos Reis, lemos uma outra história a respeito do juízo sobre os inimigos do Ungido. Quando Adonias, um filho do rei Davi, percebeu que seu pai estava debilitado e em breve morreria, decidiu ser ele mesmo o novo rei. Davi, porém, queria que seu filho Salomão fosse seu sucessor no trono de Israel, e enviou Zadoque para ungi-lo rei. Quando Adonias soube disso, ficou com medo. E se ele fosse declarado inimigo do rei e eliminado? “Porém Adonias, temendo Salomão, levantou-se, foi e pegou nas pontas do altar” (1Rs 1.50). Para Adonias, só havia um lugar em que estaria em segurança, onde a sentença do rei não poderia atingi-lo: os chifres do altar do holocausto. Mais tarde, Joabe fez a mesma coisa (1Rs 2.28). Em ambos esses eventos de 1Reis, a palavra hebraica para “chifres” é keren.

Adonias e Joabe são modelos dos inimigos de Deus – daqueles que não se prostram diante do ungido que Deus elegeu como rei sobre o seu povo aqui na terra. Naquela ocasião, o ungido era Salomão, hoje, o Ungido de Deus é o Senhor Jesus Cristo. E, como para Adonias e Joabe, também hoje só existe um único lugar seguro em que aqueles que ainda não se curvaram diante de Deus podem encontrar redenção e vida em lugar de julgamento e morte: os chifres do altar, o lugar em que o Messias Jesus ofereceu sua vida por aqueles que, em razão de sua vida de pecado, estão sujeitos a serem condenados à morte por Deus, mas que desejam profundamente serem redimidos.

Encerrando este artigo, examinaremos mais uma passagem bíblica relacionada à palavra keren. Ela fortalece a nossa esperança de que o povo de Israel um dia ainda chegará a crer em Jesus como o Messias de Deus prometido no Antigo Testamento.

Em Êxodo 34, lemos que a face de Moisés brilhava quando ele desceu do monte Sinai, onde Deus havia falado com ele. A palavra hebraica para “brilhar” ou “reluzir”, karan, tem a mesma raiz que a palavra keren (“chifre”). A Bíblia relata que, a partir de então, Moisés encobria sua face com um véu quando se dirigia ao povo, para que o brilho não assustasse ninguém. Quando, porém, ele entrava no santuário para falar com Deus, ele retirava o véu.

Em 2Coríntios 3.7-16, Paulo compara a falta de fé do povo de Israel do seu tempo com a condição dos seus ancestrais junto ao monte Sião e diz: “Mas a mente deles se endureceu. Pois, até o dia de hoje, o mesmo véu permanece sobre a leitura da antiga aliança; não foi tirado, pois só em Cristo ele é removido. Mas, até hoje, quando Moisés é lido, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, alguém se converte ao Senhor, o véu é tirado” (v. 14-16).

Se rogamos a Deus pelo cumprimento de tudo aquilo que ele prometeu, confiemos nele de todo o coração, porque ele é fiel e cumpre sua Palavra.

Gabriele Monacis faz parte da equipe do Hebrew for the Nations, organização que ensina o hebraico bíblico. Vive com sua esposa e filhos em Israel.

sumário Revista Chamada Abril 2023

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