Os quatro dias da salvação

Sobre a refeição da Páscoa no cenáculo, a crucificação, o descanso na sepultura e a ressurreição do Senhor contra o pano de fundo judaico e do Antigo Testamento.

Quinta-feira: imolação do cordeiro pascal

A quinta-feira da Semana da Paixão caiu no dia 14 de nisã do ano 32 d.C. Esse era o dia em que obrigatoriamente se imolava o cordeiro da Páscoa. Leia-se Lucas 22.7-13, Marcos 14.12-16, Mateus 26.17-19. Nesse dia, dois discípulos, Pedro e João, tiveram de ir ao templo para preparar a festa de Páscoa do Senhor e dos doze apóstolos.

Para começar, vejamos algumas informações sobre o contexto: todos os que vinham de fora para Jerusalém tinham de ser hospedados gratuitamente em algum espaço na cidade. Sabemos disso pelo Talmude. Assim, ao escolher um determinado cenáculo que os discípulos deveriam preparar, pela lei judaica o Senhor Jesus não precisava pagar pelo uso dele.

Inicialmente, os preparativos da Páscoa eram os seguintes: os cordeiros pascais tinham de ser abatidos no pátio do templo, e não em outro lugar qualquer. Era o que a Torá prescrevia já em Deuteronômio 16.2. Por isso, Pedro e João tiveram de ir ao templo. Ali, o abate começava por volta das 15h da tarde e ia até às 17h. Todas as 24 classes de sacerdotes precisavam se apresentar para essa tarefa. Todos os milhares de sacerdotes trabalhavam de alguma forma nesse processo, ou precisavam no mínimo estar disponíveis.

A imolação acontecia da seguinte forma: um sacerdote tomava a faca apropriada e imolava o cordeiro. Outro sacerdote precisava segurar a bacia para recolher o sangue. Esta era rapidamente passada para o seguinte dos sacerdotes, que ficavam postados em filas. O último da fila tinha de derramar a bacia junto ao altar.

A logística necessária para isso é quase inimaginável! Para que houvesse água suficiente para os serviços do templo, havia um longo aqueduto que vinha de Belém, onde a água era coletada de diversas fontes. Ela era conduzida para Jerusalém por várias dúzias de quilômetros, diretamente para o monte do templo, onde havia uma gigantesca cisterna. Lá em cima, no pátio do templo, na câmara de Golá, havia uma roda d’água, que transportava a água da cisterna para o pátio do templo. Hoje sabemos exatamente o lugar em que essa roda d’água ficava no monte do templo. A água era usada para enxaguar constantemente o sangue dos cordeiros imolados. Depois, era levada por um canal até o vale do Cedrom.

Era um dia inacreditável! Imolavam-se cerca de 250 mil cordeiros. Um cordeiro de um ano tem cerca de quatro litros de sangue. Assim, nesse dia corriam aproximadamente um milhão de litros de sangue! Pedro e João estava no centro desse abate. Tiveram de levar ao templo o cordeiro comprado para a ceia da Páscoa. Depois carregaram-no suspenso em um galho de romãzeira até o cenáculo, para então fazer os preparativos finais para a refeição.

Esse dia causou impacto especial nesses dois discípulos, porque depois puderam perceber: toda essa tremenda correnteza de sangue apontava para o precioso sangue do nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, é especialmente interessante para nós a informação de que, no Novo Testamento, apenas João e Pedro chamam o Senhor Jesus expressamente de Cordeiro de Deus. Em João 1.29, por exemplo, lemos: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, e o Apocalipse de João fala 28 vezes sobre o Cordeiro. Em uma de suas cartas, Pedro escreve: “Sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula” (1Pe 1.18-19).

No dia antes da crucificação correu o sangue dos cordeiros pascais, e no quinto dia da criação Deus fez os seres vivos nas águas. Nephesh chayyah – almas vivas – é como o texto original hebraico designa os seres vivos em Gênesis 1.20,21. A palavra alma indica sentimentos e emoções, e justamente no quinto dia da semana despertaram-se profundos sentimentos pelo Senhor em Pedro e João.

No quinto dia da Criação, as aves abriram suas asas nas alturas, para assim pairar sobre a amplidão da terra. As experiências singulares de Pedro e João no dia da Páscoa junto ao altar no pátio interno do templo elevaram-nos às maiores alturas do evangelho, para chegar a um conhecimento profundo e abrangente sobre o ato redentor de Jesus Cristo, o verdadeiro Cordeiro pascal.

Além disso, nesse dia entoava-se o salmo 81. Ele trata da festa da Páscoa, pois nesse trecho se diz que nessa festa Deus libertou Israel do Egito. Lemos dos versículos 3 ao 6:

“Toquem a trombeta na Festa da Lua Nova, na lua cheia, dia da nossa festa [no contexto fica claro que se trata da festa da Páscoa]. É preceito para Israel, é prescrição do Deus de Jacó. Ele o ordenou, como lei, a José, ao marchar contra a terra do Egito. Ouvi uma linguagem que eu não conhecia, dizendo: ‘Livrei os seus ombros do peso...’”.

É preciso ter em mente que esse salmo sempre era cantado na quinta-feira, embora a festa da Páscoa não caísse todos os anos no mesmo dia da semana. Essa festa não está amarrada a um dia da semana, mas a um dia no calendário – o dia 14 de nisã. A cada ano, ele caía em um dia da semana diferente. Mas no ano da Semana da Paixão, a Páscoa caiu exatamente em uma quinta-feira, na qual se cantava justamente esse salmo.

No versículo 9 desse salmo lemos: “Não haja no meio de vocês nenhum deus estranho, nem se prostrem diante de um deus estrangeiro”. Se nos conscientizarmos de que no dia seguinte o Sinédrio dirá que possui apenas o imperador como seu rei e que este homem, Jesus de Nazaré, teria se levantado contra o imperador, vemos que os líderes do povo de Israel tinham se curvado diante de um deus estrangeiro. O imperador daquela época exigia adoração divina para si. Aqui, no dia da Páscoa – na véspera da declaração documentada em João 19.15 –, eles são expressamente advertidos contra curvar-se diante de outro deus.

A Páscoa é a festa da libertação do Egito, e também lembra que o Messias livrará Israel mais uma vez. Em vez de receber o Messias, o verdadeiro libertador da escravidão do pecado, eles o rejeitaram e se curvaram diante de um deus estranho.

O versículo 11 diz: “Mas o meu povo não escutou a minha voz; Israel não quis saber de mim”. Também apropriado à situação é o versículo 13: “Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos!”. Naquela ocasião, a multidão não deu ouvidos à advertência de Deus por meio do coro do templo! Isso já tinha sido profeticamente anunciado no salmo 81, e mais uma vez também exatamente nessa quinta-feira.

Sexta-feira: Festa da Páscoa - crucificação

Sexta-feira: Festa da Páscoa - crucificação

No contexto da contagem cronológica judaica, precisamos sempre lembrar de uma coisa: a sexta-feira, o dia 15 de nisã, começou já às 18h da quinta-feira. Nessa noite, o Senhor e seus discípulos comeram o cordeiro pascal imolado. Durante esse jantar, ele instituiu a santa ceia. Isso significa, portanto, que, no dia da sua crucificação, o Senhor Jesus tanto instituiu a ceia quanto comeu o cordeiro pascal! Depois da ceia de Páscoa, o Senhor foi ao jardim do Getsêmani, na encosta ocidental do monte das Oliveiras. Lá o Senhor Jesus viu, em todo o seu horror e monstruosidade, os sofrimentos que o aguardavam. Ele orou com a mais alta intensidade. Em três fases separadas de sua oração, ele pediu ao Pai que, se isso fosse de alguma forma possível, fosse poupado dos sofrimentos que viriam. Mas, como homem, também se submeteu ao plano perfeito do Pai.

Aqui ficou muito claro: o único caminho para a salvação consistia em o Senhor Jesus ir à cruz em nosso lugar! Ninguém além dele poderia ter realizado essa obra redentora, nem ser humano, nem qualquer anjo. Embora o Senhor quisesse que seus discípulos o apoiassem na luta em oração, nenhum deles conseguiu vencer o cansaço. Seus sentimentos e sua capacidade de percepção espiritual estavam embotados. No fim, apareceu uma enorme multidão armada, com várias centenas de pessoas, para prendê-lo.

Inicialmente, os representantes do Sinédrio realizaram um interrogatório na casa do antigo sumo sacerdote Anás. Este atuou por volta de 6 a 15 d.C.

Em seguida, levaram o Senhor Jesus à casa do sumo sacerdote Caifás, o atual ocupante do posto, graças a Roma. Esses dois interrogatórios noturnos extraoficiais foram realizados em residências particulares, a fim de – sem perda de tempo – preparar o processo contra o Senhor Jesus, para que este então pudesse ser condenado à morte assim que o sol nascesse, mediante um apressado julgamento sumário. O Talmude contém uma lei rabínica que proíbe que julgamentos de vida e morte sejam realizados à noite. Por isso, tudo aconteceu em residências privadas, pois assim daria para dizer que não tinham sido processos judiciais oficiais. Mas nessas duas primeiras fases tudo foi preparado para o julgamento oficial no templo. Todo esse processo transgrediu pelo menos vinte leis da Torá e das regulamentações rabínicas.

Contrariamente à ordem processual vigente, desde o princípio estava claro que no final a sentença a ser dada incluiria a pena de morte. Com isso, essas três fases processuais não passaram de uma farsa hipócrita. Foi por isso que o Senhor Jesus também não respondeu mais às perguntas de seus acusadores. Afinal, tudo já estava determinado e definido. Não houve busca pela verdade. Não foram convocadas testemunhas que pudessem ter contribuído para a inocentação do acusado, embora pela lei elas fossem necessárias, e já bem no começo do processo. Por isso, ele se calou como um cordeiro levado ao matadouro, como Isaías 53 descreve de forma tão tocante.

Assim que o sol por fim se levantou – leia-se Mateus 27.1 –, era oficialmente permitido reunir um tribunal. Portanto, o Sinédrio por fim se reuniu no átrio real do templo para realizar um processo oficial. Os julgamentos do Sinédrio obrigatoriamente precisavam acontecer no templo. Essa terceira fase do processo foi extremamente rápida, uma vez que tudo já tinha sido previamente combinado.

No entanto, naquela época Roma não permitia que os próprios judeus executassem a pena de morte em casos assim. Por isso, eles foram forçados a entregar o Senhor Jesus aos romanos. E assim, ao fim do julgamento, o Senhor foi levado para fora, a fim de ser conduzido a Pilatos, no Pretório.

Como representante do Império Romano, Pilatos abriu então o novo julgamento contra o Senhor Jesus. Mas ele percebeu que a questão estava sendo conduzida de modo injusto. Quando ouviu que Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia, estava de visita em Jerusalém durante a festa da Páscoa, Pilatos tentou se livrar do caso. Isso é mencionado apenas no evangelho de Lucas. Para tanto, mandou que o Senhor Jesus fosse levado ao Palácio Macabeu. Mas também lá não se realizou um julgamento que pudesse ser levado a sério. Por fim, Herodes mandou o Senhor de volta a Pilatos, e assim este teve de encerrar o processo em uma terceira fase. Houve, assim, um total de seis fases processuais: três judaicas e três gentias. Ao final do julgamento, Pilatos condenou o Senhor Jesus à morte na cruz – mesmo plenamente consciente da sua inocência. Ele deu esse veredito por causa das vantagens políticas que isso prometia trazer. Em questões políticas, a verdade não lhe interessava de fato. Foi por causa de seu ponto de vista político prático que ele fez a pergunta registrada em João 18.38: “O que é a verdade?”. Ele só queria que houvesse tranquilidade na área sob o seu governo. Assim, praticou sua política à custa da verdade.

Depois desse processo e dos inacreditáveis maus tratos a que foi submetido pelos soldados romanos, o Senhor Jesus foi crucificado às nove horas da manhã. Isso, portanto, aconteceu no exato momento em que os sacerdotes de serviço no templo ofereciam o sacrifício da manhã no altar. A morte coincidiu então com o horário do sacrifício da tarde, às 15 horas.

Nesse dia, durante a crucificação, cantou-se no templo o salmo 93, que fala dessa injustiça que se assemelha ao fragor das ondas que colidem com as rochas. Esse salmo declara, a partir do versículo 2: “O teu trono está firme desde a antiguidade; tu és desde a eternidade. Levantam os rios, ó Senhor, levantam os rios o seu bramido; levantam os rios o seu fragor. Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o bramido das grandes águas, do que as poderosas ondas do mar. Os teus testemunhos são fidelíssimos; à tua casa convém a santidade, Senhor...”.

Notemos esse contraste horripilante: nesse dia, realizou-se no templo um julgamento extremamente profano, e depois os sacerdotes, postados nos quinze degraus em forma de semicírculo diante do portão de Nicanor, no pátio das mulheres, cantaram: “À tua casa convém santidade”.

O processo contra o Senhor Jesus foi conduzido como um mar em ressaca que ataca a praia; como ondas furiosas e violentas, espumantes, quebrando no litoral. Mas como lemos: o trono de Deus está acima de tudo isso. Por fim, Deus usou a injustiça deles para assim oferecer ao mundo a salvação pela obra redentora do Senhor Jesus na cruz.

Nessa sexta-feira, leu-se nas sinagogas da terra de Israel o relato do sexto dia da criação. Nesse dia, Adão recebeu a vida das mãos do Deus Criador. Deus soprou seu fôlego no nariz do terrícola, de forma que este se tornou ser vivente.

A Bíblia ensina que foi o Filho de Deus que criou todas as coisas, de acordo com os planos e conselhos do Pai. O Criador deu a vida à humanidade na sexta-feira. Mais tarde, o Criador se tornou homem. Por isso, 1Coríntios 15.45 chama ele, o Filho de Deus que se tornou homem, de “último Adão”. Mas na sexta-feira os filhos de Adão assassinaram o último Adão, o Messias! Que drama inacreditável e perturbador é a história da humanidade!

Sábado: o Messias no túmulo

Sábado: o Messias no túmulo

Depois da crucificação, o sábado começava às 18 horas. O Messias passou todas as 24 horas daquele sábado no túmulo. Depois das tempestades dos dias anteriores, agora reinava silêncio – um silêncio sepulcral. Foi um sábado de indescritível ironia! O salmo 92 foi cantado às nove horas da manhã. O título, que faz parte do texto original, diz: “Cântico para o dia de sábado”. Os versículos 4 a 6 explicam que pessoas ímpias não entendem as obras das mãos de Deus, enquanto os que temem a Deus conseguem compreendê-las muito bem: “Pois me alegraste, Senhor, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos. Como são grandes, Senhor, as tuas obras! Os teus pensamentos, que profundos! O tolo não compreende, e o insensato não percebe isto”.

O Senhor Jesus, o Criador, aceitou ser cravado na vergonhosa cruz, e por sua obra ele providenciou redenção. O ímpio, no entanto, não entende as obras de Deus, as obras de suas mãos. Quem teme a Deus, por sua vez, rejubila e se vê fascinado pela grandeza das obras do Senhor na cruz. Essa pessoa se espanta com a profundidade do plano de salvação de Deus. Sabe que jamais teria conseguido salvar a si mesma. Romanos 3.22,23 explica claramente que todas as pessoas se tornaram culpadas diante de Deus e não conseguem se libertar e aproximar de Deus por suas próprias obras, por esforço pessoal:

“Porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”.

Mas a boa notícia consiste no fato de que Deus interveio de seu lado. Por isso, o já citado texto da carta aos Romanos continua assim, nos versículos 24 e 25: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus apresentou como propiciação, no seu sangue, mediante a fé”.

Qualquer pessoa que reconhece que transgrediu os mandamentos de Deus em sua vida e assim se tornou culpada diante dele pode ter certeza de que o Senhor está disposto a perdoar-lhe tudo. Quanto estamos prontos a expor nossos pecados pessoais diante do Senhor, confessando-os e nos arrependendo deles, então temos a promessa de que Deus nos perdoará toda culpa: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).

No sábado da Semana da Paixão leu-se o texto a respeito do sétimo dia da criação, de Gênesis 2.1-3, onde se fala do descanso de Deus. Esse foi um sábado perturbador: em hipocrisia religiosa, muitos descansaram nesse dia, enquanto o Messias “já não tinha lugar” na terra, foi colocado no túmulo e “descansou” ali.

Por sua morte, marcada de forma especial pelo dia do sábado – já que, dos três dias em que permaneceu morto, apenas o sábado foi um dia completo com 24 horas –, ele pode agora dar verdadeiro “descanso sabático” para o coração e a consciência daqueles que se entregam a ele. Só ele pode trazer verdadeira e permanente paz interior ao ser humano. Em Mateus 11.28-30 ele diz, convidando a todos nós:

“Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para a sua alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.

Você já aceitou esse convite?

Domingo: ressurreição

Domingo: ressurreição

O domingo foi o dia da ressurreição, o dia da vitória, o “dia do Senhor”! No terceiro dia depois da crucificação, o Senhor Jesus ressuscitou gloriosamente dentre os mortos. Embora uma pesada pedra estivesse fechando a entrada do túmulo, o Vencedor sobre a morte e o pecado passou por ela ao sair. A boca fechada do sepulcro não era obstáculo. No mesmo dia, ele apareceu no meio dos discípulos – como lemos em João 20.19-23 –, embora as portas estivessem trancadas, e cumprimentou-os dizendo “Shalom alechem!”. Sim, e naturalmente nesse dia novamente se cantou o salmo 24! Do pátio do templo ouvia-se as vozes dos cantores: “Levantem as suas cabeças, ó portas! Levantem-se, ó portais eternos, para que entre o Rei da glória”. Agora o Rei poderia entrar mesmo quando as portas de Jerusalém estavam fechadas por motivos de segurança. A despeito de todos os obstáculos físicos, ele apareceu no meio de seus discípulos.

Oito dias depois – o que se descreve em João 20.24-29 – os discípulos estavam reunidos mais uma vez, novamente por trás de portas trancadas. De novo o Senhor apareceu entre eles. Também nesse dia se cantou o salmo 24 no templo.

Cinquenta dias depois da ressurreição era a festa de Pentecostes. Novamente, era um domingo. Nesse dia fundou-se a igreja, e o Espírito Santo veio para entrar no coração dos salvos. O Senhor havia dito aos discípulos que iria embora, mas que em seu lugar enviaria o Espírito Santo como Consolador. Nesse dia também foi cantado o salmo 24.

“Levantem as suas cabeças, ó portas! Levantem-se, ó portais eternos, para que entre o Rei da glória” (Sl 24.7,9). Nesse dia, o Senhor entrou no coração de seus discípulos por meio de seu Espírito Santo. Será que conseguimos enxergar e reconhecer o maravilhoso plano de Deus nessa Semana da Paixão e para além dela? Entendemos a incompreensível glória de Deus na profundidade com que ela se revelou na pessoa do Messias Jesus ao longo de todos esses acontecimentos?

Roger Liebi é doutor em teologia pelo Whitefield Theological Seminary. Atua como professor de ensino bíblico e como palestrante em diversos países. Já participou de três projetos de tradução da Bíblia.

sumário Revista Chamada Abril 2023

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