Resistência a infecções é hereditária
Infecções geram uma resposta imune e proteção futura contra a penetração do respectivo agente. Agora um estudo internacional vem demonstrar que a capacidade de uma resposta imune melhorada é legada às gerações subsequentes. Cientistas das universidades de Redboud (Holanda), Lausanne (Suíça), Atenas (Grécia), Bonn e Sarre (Alemanha) publicaram na Nature Immunology um estudo[1] segundo o qual um processo epigenético resulta na transmissão de uma imunidade adquirida. Os pesquisadores infectaram camundongos machos com fungos Candida albicans e examinaram o sistema imunológico dos descendentes. “Os descendentes dos camundongos infectados estavam claramente mais bem protegidos contra uma infecção subsequente do que os descendentes dos camundongos não infectados”, diz o prof dr. Mihai G. Netea, do Centro Radboud de Doenças Infecciosas. Mesmo na geração seguinte, o efeito ainda era perceptível. Os pesquisadores presumem que os resultados das suas investigações também sejam aplicáveis a humanos, porque, pela primeira vez, esse estudo mostra em mamíferos que as adaptações a doenças infecciosas são transmitidas também aos descendentes. Sabia-se já que plantas e animais invertebrados transmitem por hereditariedade doenças infecciosas adquiridas. Em contraste com a clássica teoria da evolução, que pressupõe uma lenta adaptação das mudanças herdadas, trata-se aqui de “mudanças muito rápidas da regulação das atividades genéticas, independentes do código genético”, explica o professor Netea.
Nota
- Natalie Katzmarski et al, “Transmission of trained immunity and heterologous resistance to infections across generations”, Nature Immunology 22 (2021), p. 1382-1390. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41590-021-01052-7.