Suicídio

Seria pecado tirar a própria vida, mesmo de por aflições e doenças?

Resposta:

A questão do suicídio representa um capítulo difícil da vida humana. Tal via de escape, ou melhor, via de erro, é sempre expressão do mais profundo desespero ou depressão. Pergunta-se, então, de onde vêm tais aflições. Seriam decepções, doenças, problemas profissionais ou eventualmente também pecado? Seria bom poder conscientizar-se da origem desses sentimentos destrutivos para então conversar sobre eles com o Senhor Jesus. Às vezes não se consegue fazer isso sozinho, sendo então necessário recorrer a alguma assistência espiritual. Em caso de causas relacionadas com doenças, também será necessário recorrer a ajuda médica especializada.

Suicídio é pecado contra o Deus vivo e também contra o próprio corpo e o ambiente familiar. Por meio do suicídio, subtrai-se ao Criador seu direito de dispor da sua criatura, já que ele determinou o momento do nosso nascimento e da nossa morte: “Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles ainda existia” (Sl 139.15-16). Outra passagem diz: “Nas tuas mãos estão os meus dias” (Sl 31.15a). Lançar fora a vida também significaria que “aquilo que criaste, Senhor, é sem valor e proveito”. No entanto, ele tem com cada um de nós um plano bem definido! Sim, somos até considerados dignos de ser suas testemunhas e seus servos, e além de tudo ele nos ama, sem restrições.

Em geral, os suicidas também não têm noção de quanta dor e aflição eles causam aos que os conheciam e amavam, e também àqueles que depois precisam ocupar-se com o falecido – ou o que tenha sobrado dele.

Ainda que possamos deduzir da Bíblia um “não” bem claro em relação ao suicídio, não cabe a nós condenar aqueles que cometeram um ato tão terrível contra si mesmos, seja por insuficiência mental, seja sob a influência de uma profunda depressão ou de uma situação sem saída.

Volto, porém, a enfatizar: suicídio é e permanece sendo pecado! Justamente por isso – por se tratar de um ato tão trágico – deveríamos pedir ao Senhor que nos conceda ouvidos, coração, olhos e percepção abertos para pessoas que estejam passando por tal aflição. Sim, precisamos de graça, amor e sabedoria para abordar as pessoas que nos cercam de tal modo que possam encontrar uma outra saída, a saber, a porta de saída das aflições: Jesus Cristo!

Se ainda assim tal ato trágico tiver ocorrido, quaisquer que tenham sido as circunstâncias, cabe lembrar o que Jesus disse: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28), e também: “Quem é você para julgar o servo alheio? Para o seu próprio dono é que ele está em pé ou cai; mas ficará em pé, porque o Senhor é poderoso para o manter em pé” (Rm 14.4). Assim, não cabe a nós condenar uma pessoa que cometeu suicídio, já que, no tempo oportuno, Deus mesmo a julgará e pronunciará uma sentença adequada e justa.

Samuel Rindlisbacher é ancião da igreja da Chamada na Suíça e foi fundamental no desenvolvimento do grande ministério de jovens dela.

sumário Revista Chamada Janeiro 2023

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