Haifa, janeiro de 2023
No início do seu ministério público, Jesus se mudou para Cafarnaum, de onde foi visitar sua cidade paterna de Nazaré. Lucas 4 relata o episódio a partir do versículo 16: “Num sábado, entrou na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler”. Quando então lhe entregaram o rolo do profeta Isaías, ele leu a conhecida passagem do capítulo 61, onde se lê, no versículo 2: “A apregoar o ano aceitável do Senhor...” Então ele parou no meio da frase e disse: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir”.
O “ano aceitável do Senhor” não significa um ano de 365 dias, mas um período de tempo que, a esta altura, já dura quase dois mil anos. Em Isaías 61, o segundo versículo continua então dizendo: “... e o dia da vingança do nosso Deus...”. Será que Jesus anunciou também o dia da vingança? Jesus mesmo disse que tudo que está escrito sobre ele terá de se cumprir (Lc 24.44).
O fato é que Jesus também anunciou o dia da vingança, o que fez ao término do seu ministério público, em seu discurso no monte das Oliveiras. O evangelho de Mateus é o que relata mais detalhadamente a respeito no capítulo 24. Também esse dia – tal como o ano – não deve ser entendido literalmente; trata-se de um período de tempo, provavelmente de sete anos, conforme se supõe usualmente.
Em Mateus 24.21, o Senhor diz que então haverá um período de tribulação como nunca houve antes. Ele cita Daniel 12.1, onde se diz que então o anjo Miguel lutará pelo seu povo de Israel.
Há diversas opiniões considerando se o pior período a que a Bíblia se refere não teria já sobrevindo a Israel. No entanto, com base em Apocalipse 12.7, que coincide com a passagem de Mateus, entendemos claramente que esse evento ainda é futuro. Há também diferentes opiniões sobre o que Paulo quis dizer ao escrever em Romanos 11.26 que “assim, todo o Israel será salvo”. No versículo precedente, ele faz uma restrição, escrevendo que essa salvação só ocorrerá quando a plenitude das nações tiver sido alcançada. Além disso, no versículo 5 do mesmo capítulo, Paulo fala do “remanescente” que será salvo pela graça de Deus.
Em Romanos 9.27, Paulo também fala do remanescente e escreve: “Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo”. Paulo se reporta em sua argumentação a Isaías 10.20-23. Nesses quatro versículos, o termo “remanescente” aparece quatro vezes no original em hebraico.
Em sua luta íntima por seus irmãos e patrícios segundo a carne (Rm 9.2-3), essa passagem bíblica de Isaías lhe proporcionou algum consolo por lhe dar a certeza de que o remanescente de Israel que ainda restará por ocasião do retorno do Messias em grande poder e glória será salvo. Assim, Paulo pôde escrever com certa satisfação que “assim, todo o Israel será salvo”, ainda que seja apenas um remanescente.
Essa declaração, porém, não deve passar a ilusão de que Israel não terá ainda de suportar uma gravíssima tribulação. Não é sem motivo que o governo de Israel está extremamente preocupado com a situação política em torno do país.
Mesmo assim, podemos olhar confiantes para o futuro no início deste novo ano, porque, mesmo com todas os relatos assustadores, podemos ter a certeza de que a vinda do Senhor não está distante.
Nesta oportunidade, queremos agradecer de coração a todos os amigos e leitores por todo o sustento em oração. Que a bondade e a graça de Deus os acompanhem também durante o novo ano que está diante de nós.
Saúdo a todos com um cordial Shalom vindo de Israel, Fredi Winkler.