Plantio de árvores para melhorar o clima

Plantar árvores para melhorar o clima é o que está em pauta no momento. Indivíduos, empresas e até mesmo a ONU se envolvem em iniciativas que, por meio desse plantio, pretendem extrair gás carbônico da atmosfera. Contudo, um estudo de pesquisadores israelenses publicado na revista técnica Science derramou água no vinho. A ênfase é que plantar florestas em regiões secas traz pouco resultado. O “Science Media Center Germany”, com sede em Colônia, na Alemanha, diz num resumo preliminar da matéria que, de fato, as árvores armazenam carbono e assim combatem o aquecimento da atmosfera. Por outro lado, porém, novas florestas também podem ter um efeito aquecedor, porque a escura superfície das árvores reflete menos a radiação solar do que o solo mais claro. Em algumas regiões secas, como por exemplo no Cazaquistão, na China ou na Mongólia, o reflorestamento poderia até ser contraproducente para a proteção climática.

Savana brasileira conhecida como cerrado. Foto do Parque Estadual dos Pireneus, em Goiás.Savana brasileira conhecida como cerrado. Foto do Parque Estadual dos Pireneus, em Goiás.

Regiões secas como savanas, terras de vegetação rasteira e desertos cobrem cerca de 40% da superfície terrestre do planeta. Segundo o estudo, seria possível reflorestar 6% (448 milhões de hectares). Tais florestas poderiam armazenar 32 gigatoneladas de carbono. No entanto, a redução da reflexão da radiação solar compensaria mais de dois terços do efeito refrigerador. Os pesquisadores comentam que a maioria das análises de reflorestamento não leva em conta o efeito de menor reflexão da radiação solar. Os autores defendem uma estratégia de smart forestation [reflorestamento inteligente]: o reflorestamento só deveria ser feito em regiões nas quais ele colaborasse com a proteção climática no geral. Com isso, seria possível compensar entre 0,7 e 2,9% das emissões globais de gases de efeito-estufa até 2100, um resultado bastante modesto. Um ponto importante seria também a questão do sucesso prolongado de tais projetos de reflorestamento. Secas prolongadas e ondas de calor extremas poderiam elevar a mortalidade das árvores, levar a amplos incêndios florestais e assim lançar dúvidas sobre o potencial de proteção climática dos reflorestamentos.

audiatur-online.ch

sumário Revista Chamada Dezembro 2022

Confira