Cinco fatos sobre o Hanucá

Quer você conheça ou não a festa judaica do Hanucá, existem alguns fatos que conviria conhecer.

1. O Hanucá baseia-se num evento real do ano de 165 a.C.

Dois séculos antes de Jesus, quando os gregos haviam ocupado o país (antes de chegarem os romanos), o maligno soberano Antíoco IV passou dos limites na opressão ao povo judeu na Judeia. Ele proibiu práticas judaicas e a leitura da Bíblia, e em uma ocasião forçou os líderes a comer carne de porco sacrificada no templo de Jerusalém. O povo se cansou disso e expulsou os gregos do templo, da cidade e do país. O dreidel (pião) do Hanucá é um memorial daqueles terríveis tempos em que o povo teve de fingir que brincava em vez de estudar a Bíblia. Nos seus lados estão inscritas as quatro primeiras letras hebraicas da frase “um grande milagre ocorreu ali” (ou “aqui”, nos piões em Israel).

O povo reconsagrou seu templo a Deus e aproveitou um período de governo autônomo (até chegarem os romanos). É uma história grandiosa, que alegra o coração dos judeus no mundo inteiro. Existe também uma lenda sobre um azeite milagroso que pode ser verdadeira ou não, mas logo chegaremos lá.

2. Jesus celebrou o Hanucá

Diferentemente das outras festas do Senhor, prescritas em Levítico e Números, o Hanucá surgiu mais tarde no calendário judeu. Todavia, tal como o Purim (a festa estabelecida no livro de Ester), ele se fundamenta na Bíblia, sendo mencionado no capítulo 10 do evangelho de João. O versículo 22 diz que Jesus foi a Jerusalém para celebrar a festa da dedicação (Hanucá, que significa “inauguração”). O nome provém da reinauguração do templo após a escandalosa e blasfema profanação por Antíoco IV. Nada mais natural que todos os que amam sua terra festejem e celebrem uma vitória nacional tão dramática, e entre estes estava também Jesus. Certamente, a pureza do templo movia o seu coração.

3. O Hanucá tem um profundo significado

A história do azeite é a seguinte: depois que o templo voltou ao controle judeu, o povo tratou logo de remover os ídolos gregos que haviam sido instalados ali, limpar o templo e pôr ordem na casa. Para isso era necessário reacender no templo a gigantesca menorá de sete braços, porque Deus havia ordenado que sua luz brilhasse continuamente. Entretanto, o azeite para a lâmpada não era azeite comum, mas tinha de passar por um processo de consagração que durava sete dias. Havia, porém, azeite para apenas um dia – o que fazer? Uma história transmitida de geração em geração diz que esse pequeno estoque durou milagrosamente por oito dias – tempo suficiente, portanto, para preparar mais azeite.

Por isso, em memória do milagre, no Hanucá se comem iguarias oleosas, como donuts e latkes. Isso também explica por que o candelabro do Hanucá tem nove braços em vez de sete – simbolizando o milagre de oito dias mais a “chama de serviço” com que as outras são acendidas.

Quer essa história tenha de fato acontecido ou não, ela também encerra uma lição para nós como crentes. Jesus, a luz do mundo, também nos convoca a sermos luzes no mundo – ele é a “chama de serviço” que acende em nós as chamas para que por meio dele levemos luz à escuridão.

4. O Hanucá oferece oportunidade de demonstrar amor a judeus

Para muitas pessoas é importante dizer “Feliz Natal” em vez da saudação genérica de “boas festas”. Isso mostra que o modo como observamos e celebramos os nossos feriados especiais faz diferença.

“A vitória do Hanucá e o potente tema da nova dedicação da propriedade de Deus para suas finalidades sagradas é importante tanto para judeus como para cristãos.”

Como Jesus celebrava o Hanucá, não será de modo nenhum um ato de infidelidade a ele desejarmos aos seus irmãos uma feliz festa de Hanucá. Quer verbalmente ou por meio de um cartão dirigido a amigos judeus ou até à sinagoga local – será um gesto simpático por meio do qual abençoamos amigos judeus e valorizamos esse importante evento da história judaica.

O templo reconquistado das mãos dos gregos era o templo do Deus de Abraão, Isaque e Jacó – exatamente o templo no qual de fato o próprio Jesus era adorado (como pessoa da divindade triúna), de modo que não é nada mais do que justo que todos os seus adeptos se alegrem solidariamente com a festa do Hanucá.

Se você ama Jesus, você está enxertado na cidadania de Israel, de modo que foi a casa do seu Pai que naquela ocasião foi profanada, a fé no seu Deus que sofreu desprezo, zombaria e calúnia... E a sua família é que foi oprimida e escravizada. A vitória do Hanucá e o potente tema da nova dedicação da propriedade de Deus para suas finalidades sagradas é importante tanto para judeus como para cristãos.

5. Exibir sua luz requer coragem

Nos domicílios judeus, é tradição exibir a menorá do Hanucá na janela, para que todos a vejam. Houve períodos na história em que isso demandava muita coragem. Houve quem encarasse toda a oposição e apesar de tudo exibisse o candelabro sob risco da própria vida.

O museu do Holocausto, Yad Vashem, possui o candelabro de Hanucá original da família Posner e relata a história dele:

“No Hanucá de 1932, apenas um mês antes de Hitler chegar ao poder, Rachel Posner, esposa do rabino dr. Akiva Posner, fotografou a menorá do Hanucá da família no balcão da janela de sua casa, com vista para o prédio da frente, do outro lado da rua, enfeitado com bandeiras nazistas. No verso da foto, Rachel Posner escreveu [...]: ‘Hanucá 5692 (1932) – ‘Morra Judá’, diz a bandeira – ‘Judá vive eternamente!’, responde a luz”.

“Você não precisa de um candelabro de Hanucá para se opor à escuridão – faça simplesmente sua luz brilhar!”

Todavia, mesmo em alguns lugares da América pode haver necessidade de coragem para alguém demonstrar tão claramente sua condição de judeu. Durante a festa de Hanucá de 1993, a família Schnitzer viu horrorizada que, em um ataque antissemita, um bloco de concreto foi lançado através da janela do seu filho de cinco anos. De modo surpreendente, os constrangidos habitantes da sua cidade – Billings, Montana – decidiram instalar, por solidariedade, Hanucás judaicas em suas janelas. As agressões antissemitas pararam logo. Solidarizar-se com seus vizinhos judeus requeria coragem, uma vez que eles próprios poderiam tornar-se alvos de ataques, mas trata-se de um belíssimo exemplo para todos nós.

Não esconda sua luz nestes tempos de Hanucá, venha o que vier. Você não precisa de um candelabro de Hanucá para se opor à escuridão – faça simplesmente sua luz brilhar!

Publicado com autorização
de oneforisrael.org

sumário Revista Chamada Dezembro 2022

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