Haifa, dezembro 2022
Em Israel o público tornou-se em geral muito aberto e tolerante em relação ao Natal, chamado em hebraico de Chag ha-Molad – “festa do nascimento”. Muitas lojas e centros de compras exibem árvores de Natal. Esse desenvolvimento proveio dos imigrantes vindos da Rússia. Em russo, eles chamam a festa de novi god, o que significa ano novo. Portanto, suas árvores de Natal não se correlacionam diretamente com o Natal, mas com o ano-novo. Os imigrantes russos amam suas tradições, embora muitos em Israel continuem a não gostar nem um pouco de ver essas coisas.
Tal como o Natal, a festa do Hanucá, que dura oito dias, cai no mês de dezembro, ainda que neste ano já comece mais cedo, em fins de novembro. Em Haifa, já há muitos anos se celebram juntos o Hanucá e o Natal. Todos os anos erige-se no centro uma grande árvore de Natal, e a rua central que dá acesso ao porto é festivamente iluminada. Haifa tem, depois de Nazaré, a segunda minoria cristã mais numerosa– cerca de 20 000 habitantes. Às vezes, a iluminação chega a permanecer na cidade até meados de janeiro, porque no ano passado os cristãos ortodoxos celebraram o Natal só nos dias 6 e 7 de janeiro deste ano. Tudo isso é chamado em hebraico de Chag Orim ou Chag ha-Chagim, o que significa Festa das Luzes ou Festa das Festas. Se ainda cair no mesmo período alguma festividade islâmica, os muçulmanos são incluídos no espetáculo.
Haifa é a cidade mais liberal de Israel, e a festa tornou-se um símbolo de coexistência e colaboração, de modo que muitas pessoas empreendem nesses dias uma excursão até Haifa para ver e experimentar aquilo pessoalmente.
Pensando bem, Festa das Luzes é uma bela e correta designação para o Natal. Quando Jesus nasceu, tratava-se daquele que pôde dizer de si mesmo: “Eu sou a luz do mundo”. Isaías chama duas vezes o ungido do Senhor de “luz para os gentios”. Uma vez em Isaías 42.6 e mais uma em Isaías 49.6, onde consta:
“Para você é muito pouco ser o meu servo para restaurar as tribos de Jacó e trazer de volta o remanescente de Israel. Farei também com que você seja uma luz para os gentios, para que você seja a minha salvação até os confins da terra”.
Portanto, sua primeira e prioritária missão foi trazer de volta as tribos de Israel, que se tinham desviado para bem longe. Quando Jesus disse que “não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”, ele se referiu à sua presença física, mas sua mensagem destinava-se ao mundo inteiro, conforme Isaías predissera. Paulo lançou mão dessa passagem de Isaías 49.6 e disse:
“Era necessário pregar a palavra de Deus primeiro a vocês. Mas, como vocês a rejeitam e se julgam indignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios. Porque o Senhor assim nos determinou: ‘Eu coloquei você como luz dos gentios, a fim de que você seja para salvação até os confins da terra’” (At 13.46-47).
A hierarquia divina é assim mesmo: primeiro os judeus e depois os não judeus. Quando os judeus passaram a rejeitar cada vez mais a salvação de Jesus, Paulo interpretou essa palavra de Isaías como um mandamento do Senhor de levar agora a luz do evangelho às nações para que chegasse até os confins da terra.
Hoje podemos dizer que sua luz e sua salvação realmente atingiram os confins da terra. Todavia, assim como naquela ocasião os judeus começaram a rejeitar o evangelho, vemos hoje no mundo um fenômeno semelhante. Cada vez mais a salvação e a luz do evangelho são rejeitadas ou ignoradas, e a palavra de Isaías 60.2 torna-se cada vez mais real: “Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão envolve os povos...”. Somente se seguirmos a ele não andaremos nas trevas, mas teremos a luz da vida (Jo 8.12).
Desejando que sua luz e sua salvação sejam sua alegria festiva e companheiras no novo ano, saúdo-os cordialmente de Israel com shalom,
Fredi Winkler
Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.