Norbert Lieth
Cerca de dois mil anos antes do nascimento de Jesus, Deus escolhera Abraão para abençoar o mundo inteiro por meio da sua descendência. Esta seria tão numerosa como as estrelas no céu. Inicialmente Abraão creu, e isto lhe foi imputado como justiça. Contudo, o tempo foi passando e apareceram dúvidas razoáveis. Àquela altura, ele estava com cem anos de idade e sua esposa Sara tinha 90. Deus prometera a ambos um filho, pelo qual passaria a promessa do futuro redentor Jesus Cristo – algo contrário à biologia! Não é de admirar que Abraão não pôde conter o riso: “Então Abraão se prostrou com o rosto em terra, e riu, dizendo consigo mesmo: ‘Pode nascer um filho a um homem de cem anos? E será que Sara, com os seus noventa anos, ainda poderá dar à luz?’” (Gn 17.17). Também Sara riu de uma promessa aparentemente tão ridícula (Gn 18.2). Todavia, o argumento de Deus contra a risada de ambos foi: “Por acaso, existe algo demasiadamente difícil para o Senhor?” (Gn 18.14a).
Em meio a isso, houve a interferência de eventos dramáticos. Não só o fato de que a promessa demorou tanto para se cumprir. Não só que a biologia se opunha. Agora ainda ocorreram eventos apocalípticos. Sodoma e Gomorra haveriam de ser destruídas por causa do seu pecado e injustiça, os quais clamavam aos céus. Depois, Abraão deu um passo em falso em Gerar. Temendo pela vida, ele fingiu que Sara era sua irmã, arriscando perder sua esposa para outro homem. Todas as promessas pareciam completamente inviáveis... Será que realmente o eram? Em momento algum!
Depois de todos esses acontecimentos, lemos: “O Senhor visitou Sara, como tinha dito, e cumpriu o que lhe havia prometido. Sara ficou grávida e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe havia falado” (Gn 21.1-2).
Dois mil anos depois, ocorreu uma situação muito semelhante. Maria, uma virgem, recebe o anúncio do nascimento do Filho de Deus. Tratava-se do Redentor, que viria da descendência de Abraão e Sara. Maria é acometida de dúvidas razoáveis: “Como será isto, se eu nunca tive relações com homem algum?” (Lc 1.34). Biologicamente impossível! Mas não para Deus. Seu contra-argumento é: “Porque para Deus não há nada impossível” (Lc 1.37).
E novamente houve interferências dramáticas. Para Maria, o medo de não ser compreendida. Inicialmente, ela procurou isolar-se junto a Isabel, sua parenta. De fato, José considerou a ideia de abandonar Maria secretamente. A isso se acrescentaram grandes mudanças políticas, como por exemplo o decreto do imperador Augusto exigindo que todos fossem recenseados. Os romanos dominavam a terra e o povo, e tudo pareceu ficar de ponta-cabeça.
Mas o que foi mesmo que Isabel, parente de Maria, havia dito? “... serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1.45). E foi o que aconteceu. Deus é fiel, e as limitações humanas não são obstáculo para o seu poder ilimitado.
Nossos tempos estão marcados por reviravoltas políticas e eventos dramáticos. Os tempos assumem marcas apocalípticas, e o mundo zomba e ri. A isso se acrescentam os fracassos na nossa vida particular, as dúvidas e todas as insuficiências. Cumprirá Deus suas promessas? Certamente!
Christian Fürchtegott Gellert expressou isso assim no verso de um hino: “Deus cumpre o que promete. Esta é a minha confiança”.
Desejamos-lhe um abençoado período de Advento e Natal!