O governo de Israel se esfarela

Quando, em junho de 2021, o novo governo foi constituído, havia apenas duas visões sobre a estrutura de sete partidos e um partido de coalizão com programas partidários muito divergentes: uma coalizão impossível ou uma grande chance. As atenções dirigiam-se quase exclusivamente ao partido Ra’am, por ser o primeiro partido árabe a se colocar ao lado de um governo e proporcionar à coalizão uma maioria tênue. Todos, porém, enxergavam claramente que o verdadeiro fator de instabilidade era o partido Yamina, de Naftali Bennett, que assumiu o primeiro período rotativo no cargo de primeiro-ministro. O seu partido, identificado com a ideologia da colonização – posicionando-se assim até ainda mais à direita do que o Likud, que ficou de fora –, ficou sujeito à extrema pressão de todos os partidos da direita conservadora que se uniram a essa aliança. Agora, a presidente da coalizão das fileiras do Yamina, Idit Silman, desfechou um golpe contra a aliança. Ela anunciou ter tentado pertencer a esse governo, mas não podia mais fazê-lo contra sua visão política do mundo. Com isso, a aliança perdeu sua maioria no parlamento, embora pudesse ainda sustentar-se por mais algum tempo se outros ultimatos de deputados do Yamina não tivessem já sido apresentados. Caso realmente mais deputados se afastem, Israel estaria outra vez diante de novas eleições. Todavia, existe ainda um outro cenário: caso mais de sete deputados governistas migrassem para a oposição, não haveria necessidade de novas eleições, mas a oposição poderia pura e simplesmente formar um governo sem nem mesmo mobilizar as urnas. Isso significaria sem dúvida que “Bibi” Netanyahu voltaria a assumir o leme. AN

sumário Revista Chamada Setembro 2022

Confira