Israel: Epicentro Mundial

O que Ezequiel 38–48 tem a dizer sobre o presente e o futuro.

Se observarmos os acontecimentos do presente, podemos enxergar neles uma indicação daquilo que a Palavra de Deus prevê para o fim dos dias: “E vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras. Fiquem atentos e não se assustem, porque é necessário que isso aconteça, mas ainda não é o fim. Porque nação se levantará contra nação, e reino, contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Porém todas essas coisas são o princípio das dores” (Mt 24.6-8).

Tanto a pandemia do coronavírus como também o subsequente assalto da Rússia à Ucrânia nos alertam para o potencial da palavra profética da Bíblia. “Assim, temos ainda mais segura a palavra profética, e você fazem bem em dar atenção a ela, como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês” (2Pe 1.19).

Os atuais eventos não devem induzir a especulações. Não se trata de exegese jornalística. Em última análise, o cumprimento da profecia bíblica sempre será a melhor interpretação, mas podemos questionar se, por meio desses eventos, não teria começado a contagem regressiva até a “revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer” (Ap 1.1).

Atentar para a palavra profética da Bíblia significa dar atenção a ela a cada dia. É como alguém já disse: “Quem lê o jornal sabe o que ocorre no mundo, mas quem lê a Bíblia, sabe por que aquilo acontece”.

Até pouco tempo atrás, ninguém imaginaria que, 77 anos depois da Segunda Guerra Mundial, um risco de guerra tão grande voltaria a ameaçar a Europa e o mundo. Nesse sentido, quero apontar algumas circunstâncias talvez interessantes. Nisso tudo a existência de um Estado judeu desempenha um importante papel que, não por acaso, tem uma relação direta com o ataque de Gogue, da terra de Magogue, previsto para o futuro (Ez 38.12). Israel é, tanto do ponto de vista geográfico como espiritual, o centro do mundo e de tudo que acontece mundialmente (Ez 38.12).

Os capítulos 33 a 48 do livro de Ezequiel descrevem três grandes eventos proféticos em diferentes fases: a restauração física da nação de Israel (cap. 33-37), o ataque de Gogue (cap. 38-39) e a restauração espiritual do povo de Israel com um novo templo no reino messiânico (caps. 40-48).

Examinemos as diferentes fases da restauração de Israel.

A fase do declínio (Ez 33)

“No décimo segundo ano do nosso exílio, aos cinco dias do décimo mês, veio a mim um sobrevivente de Jerusalém, dizendo: ‘A cidade caiu’” (Ez 33.21).

Aquilo foi o fundo do poço da história de Israel naquela época. A pior palavra daquele tempo. A maior catástrofe nacional.

Em 605 a.C., Daniel chegou à Babilônia e, em 597 a.C., Ezequiel. No dia 5 de agosto de 586 a.C., no dia 9 de Av, no calendário hebraico, Jerusalém foi conquistada inteiramente e o templo foi destruído. O profeta Jeremias presenciou pessoalmente esses eventos. A partir de 539 a.C., os judeus retornaram sob a soberania persa e puderam reconstruir e habitar na terra. Construiu-se o segundo templo – em preparação para a primeira vinda do Messias. E quando Jesus chegou a Israel naquele tempo, a situação na nação era a seguinte:

“Filho do homem, profetize contra os pastores de Israel; profetize e diga-lhes: Assim diz o Senhor Deus: ‘Ai dos pastores de Israel que apascentam a si mesmos! Será que os pastores não deveriam apascentar as ovelhas? Vocês comem a gordura, vestem-se da lã e matam as melhores ovelhas para comer, mas não apascentam o rebanho. Vocês não fortaleceram as fracas, não curaram as doentes, não enfaixaram as quebradas, não trouxeram de volta as desgarradas e não buscaram as perdidas, mas dominam sobre elas com força e tirania’” (Ez 34.2-4).

A parábola de Jesus sobre o bom samaritano diz respeito a essa situação, bem como a parábola da ovelha perdida. Lembremos também dos “ais” de Jesus em Mateus 23 sobre os líderes religiosos do povo e as seguintes declarações do Senhor: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11); “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15.24); “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas que não têm pastor...” (Mc 6.34).

Os maus pastores de Israel acabaram rejeitando o bom pastor, e as consequências são bem conhecidas: entre os anos de 69/70 d.C., Jerusalém e o templo foram novamente destruídos, dessa vez pelos romanos. Certamente, não foi por acaso que isso tenha ocorrido no mesmo dia como da primeira vez: em 9 de Av. Para a população de Israel, aquilo foi um grande susto e horror. A história se repetia e o povo foi disperso por toda parte (Lc 21.24).

Em maio de 1948, na primavera, o Estado judeu foi novamente fundado, dessa vez em preparação para o retorno do Messias.

A fase do reinício (Ez 34)

“Porque assim diz o Senhor Deus: ‘Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Vou tirá-las do meio dos povos, e as congregarei dos diversos países, e as trarei de volta à sua terra. Vou apascentá-las nos montes de Israel, junto às correntes de água e em todos os lugares habitados da terra” (Ez 34.11,13).

É necessário entender que o profeta Ezequiel não leva em conta o período da igreja – esta era um mistério. Por isso, a visão de Ezequiel se estende diretamente ao remoto futuro além da era da igreja. Dessa forma, esses versículos do Antigo Testamento dizem que o povo será novamente reunido em sua pátria. Em seguida, o Senhor exercerá juízo entre as ovelhas de Israel para estabelecer seu futuro governo:

“Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes. Eu livrarei as minhas ovelhas, para que não mais sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas” (Ez 34.17,22).

Essas palavras lembram bastante o relato do juízo em Mateus 25.31-46. O Senhor julgará tanto Israel (Ez 20.35-38; Mt 25) quanto as nações, e aqueles que a ele pertencerem entrarão no reino. Depois disso, o rei Davi será instituído como corregente em Israel (Ez 34.23-24). O Senhor mesmo será o Deus do seu povo (v. 24). Será estabelecida uma aliança de paz com Israel (v. 25). Os redimidos se tornarão uma bênção (v. 26). A terra será extraordinariamente frutífera (v. 26-27). O povo não será mais despojo das nações, mas viverá em segurança (v. 28-30). Os filhos de Israel serão seu rebanho e ele será o seu Deus (v. 31).

A fase do procedimento de Deus (Ez 36)

É maravilhoso podermos conferir na história a precisão com que se cumpre a profecia bíblica: “Quanto a vocês, montes de Israel, vocês produzirão os seus ramos e darão os seus frutos para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.8).

Afinal, foi no mês da primavera no hemisfério norte, em maio de 1948, que o Estado judeu foi restaurado, e assim temos aqui diante de nós as palavras de Jesus sobre a figueira: “Aprendam a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, vocês sabem que o verão está próximo” (Mt 24.32).

Os eventos em detalhe:

1. Reunião sem fé: “Eu os tirarei do meio das nações, eu os congregarei de todos os países e os trarei de volta para a sua própria terra” (Ez 36.24).

2. Purificação e perdão: “Então aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão purificados. Eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos” (Ez 36.25).

3. Renascimento espiritual: “Eu lhes darei um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” (Ez 36.26).

4. Novamente povo de Deus: “Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ez 36.28b).

“A restauração da terra tem estreita ligação com a redenção final. O objetivo da restauração nacional é a restauração espiritual.”

A restauração da terra tem estreita ligação com a redenção final: “Assim diz o Senhor Deus: ‘No dia em que eu os purificar de todas as suas iniquidades, então farei com que as cidades sejam habitadas e as ruínas sejam reconstruídas” (Ez 36.33; cf. Rm 11.26).

O objetivo da restauração nacional é a restauração espiritual. Ezequiel 37 explica isso de modo ainda mais específico, de modo que não deveria mais restar dúvida sobre as predições de Deus.

A fase dos esqueletos (Ez 37)

Ezequiel vê um vale cheio de ossos. Por ordem de Deus, os ossos se recompõem (Ez 37.7), o que simboliza o período do sionismo no século XIX, quando os judeus começaram a retornar à sua terra, saindo dos túmulos das nações (Ez 37.21). A propósito, no início isso aconteceu justamente a partir do país do norte, ou seja, da Rússia (Jr 16.14-15; 23.8).

A fase dos esqueletos

Depois disso, estenderam-se tendões, carne e pele sobre os ossos (Ez 37.8), o que simboliza a fundação do Estado de Israel em 1948. Israel voltou a ganhar um semblante reconhecível, tornou-se uma corporação identificável. O que ainda faltava era o fôlego, ou seja, a renovação espiritual. Lemos que “não havia neles o espírito” (v. 8). E então o texto prossegue: “Então ele me disse: ‘Profetize ao espírito. Profetize, filho do homem, e diga ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: “Venha dos quatro ventos, ó espírito, e sopre sobre estes mortos, para que vivam”. Profetizei como ele me havia ordenado. O espírito entrou neles, eles viveram e se puseram em pé. Formavam um exército, um enorme exército” (Ez 37.9-10).

Em que momento o Israel restaurado receberá o sopro do Espírito Santo? Certamente depois dos eventos de Ezequiel 38 a 39, depois da invasão de Gogue da terra de Magogue, porque, no último versículo de Ezequiel 39, após a ruína de Gogue, se lê: “Nunca mais esconderei deles o meu rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus” (Ez 39.19).

Da mesma forma, o Senhor diz que, na mesma ocasião, seu santuário (o templo) será novamente erigido no meio de Israel: “As nações saberão que eu sou o Senhor que santifico Israel, quando o meu santuário estiver no meio deles para sempre” (Ez 37.28).

A partir do capítulo 40 e até o término do livro de Ezequiel (cap. 48) é descrito o santuário futuro (o templo). Portanto, o surgimento de Gogue situa-se no período entre a restauração nacional e a restauração espiritual de Israel. Isso significa – capítulos 33-37: restauração nacional. Capítulos 38-39: invasão de Gogue. Capítulos 40-48: Restauração espiritual e reino messiânico.

A fase do ataque vindo do extremo norte (Ez 38–39)

Não afirmo que o ataque da Rússia à Ucrânia constitua o momento desses eventos, mas percebemos bem de perto como tais coisas podem acontecer. Os eventos passados com a pandemia, com todos os seus efeitos colaterais e instruções e a subsequente guerra na Ucrânia não deixam de despertar atenção. Lembremo-nos da palavra profética da Bíblia.

A fase do ataque vindo do extremo norte (Ez 38–39)

1. A paz pode desaparecer subitamente. Do dia para a noite, podemos ser assaltados por novas circunstâncias, desmantelando o mundo. Após décadas de relativa paz e bem-estar, as circunstâncias podem inverter-se subitamente. Não quero de modo nenhum conjurar os juízos dos selos do Apocalipse, mas não se pode negar que, em algum momento, eles se tornarão realidade, conforme afirma Apocalipse 6.3-4: “Quando o Cordeiro quebrou o segundo selo... saiu outro cavalo, que era vermelho. E ao seu cavaleiro foi dado poder para tirar a paz da terra e fazer com que os homens matassem uns aos outros. Também lhe foi dada uma grande espada”.

2. A prosperidade pode rapidamente se converter em crise. Assim, por exemplo, a guerra na Ucrânia poderia tornar-se perigosa em termos da alimentação mundial. A Rússia e a Ucrânia fornecem um quarto das exportações mundiais de trigo. Em alguns países, os preços já estão explodindo. “Quando o Cordeiro quebrou o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: ‘Venha!’ Então olhei, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. E ouvi o que parecia uma voz do meio dos quatro seres viventes, dizendo: ‘Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifique o azeite e o vinho’” (Ap 6.5-6). Na Alemanha, pessoas de destaque na vida pública já se manifestaram no sentido de que seria possível suportar alguns anos com menos fortuna e alegria de viver. “Também conseguiremos passar algum frio a bem da liberdade.” Werner Baumann, diretor da Bayer, disse: “Já nos encontramos em meio a uma crise de abastecimento de cereal”.[1] Além disso, agricultores alertaram na primavera que, se não chovesse logo, poderia ocorrer uma catástrofe, já que o trigo não poderia crescer.

3. Uma guerra nuclear com todas as suas terríveis consequências pode tornar-se realidade rapidamente. Em toda parte volta-se a falar em rearmamento. Mobilizam-se canhões nucleares. Especialistas têm dito, por exemplo, que será muito perigoso pressionar o presidente russo. Consideremos Apocalipse 6.7-8: “Quando o Cordeiro quebrou o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: ‘Venha!’ Vi, então, e eis um cavalo amarelo. O seu cavaleiro se chamava Morte, e o inferno o estava seguindo. E lhes foi dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio dos animais selvagens da terra”. Há quem pense que o procedimento de sepultamento dos mortos por sete meses, narrado em Ezequiel 39.12-16, corresponderia ao que se seguiria a uma guerra nuclear.

4. Medo e perplexidade aumentam globalmente. É como o Senhor anunciou: “Haverá pessoas que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo, pois os poderes dos céus serão abalados” (Lc 21.26).

5. As verdades bíblicas podem cumprir-se rapidamente. – “Eis que vem e se cumprirá, diz o Senhor Deus; este é o dia de que tenho falado” (Ez 39.8).

Se examinarmos a narrativa do ataque de Gogue e Magogue a Israel em Ezequiel 38–39, notam-se os seguintes pontos:

1. A origem do inimigo: Trata-se de uma região que, vista de Israel, se localiza no extremo norte (Ez 38.6,15; 39.2). Muitos exegetas a atribuem à localização da Rússia de hoje. O dr. Roger Liebi escreve a respeito: “‘Gogue’ (dez vezes: 38.2,3,14,16,18; 39.1,1,11,11,11) é o nome do líder dessa grandiosa invasão aqui descrita, que acontecerá no fim dos tempos. ‘Meseque’ e ‘Tubal’ indicam os povos antigos da atual Rússia, que estavam estabelecidos entre o mar Negro e o mar Cáspio”.[2]

2. O objetivo do inimigo: É interessante que Gogue é desviado, acabando por ser conduzido à terra do povo judeu, que se encontra novamente em sua própria terra: “Eu o farei mudar de direção, porei anzóis em seu queixo e o levarei para longe... Depois de muitos dias, você será convocado; no fim dos anos, você invadirá a terra que se recuperou da espada, cujo povo foi reunido dentre muitos povos sobre os montes de Israel, que por muito tempo estavam desolados. Este povo foi tirado do meio dos povos, e todos eles habitarão em segurança” (Ez 38.4,8; cf. v. 11-12).

O inimigo será desviado pela intervenção de Deus. Ou seja: talvez no início Gogue nem pretendesse invadir Israel, mas o Senhor persegue um alvo mais elevado.

– “... esteja preparado...” (v. 7).

– “... para que as nações me conheçam...” (v. 16).

– “... quando eu tiver revelado a minha santidade em você, ó Gogue, diante das nações” (v. 16).

– “... eu ficarei furioso” (v. 18).

– “Convocarei a espada contra Gogue...” (v. 21).

Israel foi restaurado após uma destruição que durou séculos. Foi reunido dentre muitos povos. Vive em relativa segurança. A população está guardada dentro de uma estrutura própria, em um Estado próprio, com medidas de segurança próprias – e há muitos esforços no Oriente Médio em favor de paz e segurança, o que, por sua vez, também se tornará muito perigoso, conforme consta em 1Tessalonicenses 5.1-3.

3. O momento do ataque: Fala-se repetidamente em “depois de muitos dias”, “no fim dos anos” ou “nos últimos dias” (Ez 38.8,16). Sem dúvida, trata-se de uma referência aos tempos do fim, juntamente com o retorno de Jesus – que não deve ser confundido com o fim do mundo. Quando, porém, o ataque efetivamente ocorrerá, eu não saberia dizer. Há pelo menos três opiniões: antes da tribulação, ao fim da tribulação e no início do reino messiânico, ou ao final do reino messiânico (cf. Ap 20.8).

4. Os aliados do inimigo: Vários países se aliarão a Gogue (Ez 38.5-6). A Bíblia Scofield chama-os de “mercenários”. O fato é que hoje a Rússia mantém relações mais ou menos amigáveis com os cinco países assinalados, e na guerra de agressão à Ucrânia também houve manifestações de voluntários da África e de outras regiões do mundo desejando unir-se em apoio à Rússia. Assim, circulou uma notícia sobre uma tropa de mercenários extremamente temível da Chechênia ou de dezenas de milhares de combatentes voluntários da Síria.

5. A motivação do inimigo: Trata-se de ambição. No coração de Gogue brotarão coisas e ele “conceberá um plano perverso” (Ez 38.10). Ele desejará saquear grandes despojos (v. 13). Acaso a agressão à Ucrânia não foi um plano perverso? Lembremos das grandes jazidas de gás em Israel. Cada vez mais, o gás torna-se ouro, um foco de discórdia e uma questão política. Seria talvez Israel o futuro fornecedor de gás para a Europa em lugar da Rússia?

6. O mundo ocidental será afetado: “Porei fogo em Magogue e nos que vivem em segurança nas terras do mar [ou ‘nas ilhas’]. Então eles saberão que eu sou o Senhor” (Ez 39.6). A respeito do termo hebraico para ilhas, ‘iyim, o dr. Roger Liebi explica: “Portanto, é possível dizer que a expressão geográfica ‘iyim significa essencialmente a palavra veterotestamentária para ‘Europa’!”[3]. Diante dos atuais acontecimentos, percebe-se com que rapidez essa palavra poderá se cumprir.

7. A profecia bíblica se cumpre: “Assim diz o Senhor Deus: ‘Por acaso você não é aquele de quem falei nos tempos antigos, por meio dos meus servos, os profetas de Israel, que naqueles dias profetizaram, durante anos, que eu faria com que você viesse e atacasse o meu povo?’” (Ez 38.17). Trata-se aqui de um passado futuro – a previsão profética de que então haverá quem se lembre.

8. Depois do juízo sobre Gogue e seus aliados, a sorte de Israel se reverterá: Ele chegará a conhecer Deus plenamente, o Espírito Santo será derramado sobre o povo e será erigido o templo para o reino messiânico (Ez 39.25-29; 40).

O livro de Ezequiel termina dizendo: “E o nome da cidade desde aquele dia será: ‘O Senhor Está Ali’” (Ez 48.35b).

Por que a situação precisa chegar a esse ponto?

Deus fala com este mundo!

1. A humanidade deve ser levada a conhecer a Deus. As pessoas deverão reconhecer os seus santos atos: “... para que as nações me conheçam...” (Ez 38.16); “Assim, revelarei a minha grandeza e a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações. E saberão que eu sou o Senhor” (v. 23); “Então eles saberão que eu sou o Senhor” (Ez 39.6b); “... Então as nações saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel (v. 7); “Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas as nações verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que eu tiver posto sobre elas” (v. 21); “Desse dia em diante, a casa de Israel saberá que eu sou o Senhor, seu Deus” (v. 22); “As nações saberão que a casa de Israel foi levada para o exílio por causa da sua iniquidade...” (v. 23); “... revelarei neles a minha santidade diante de muitas nações” (v. 27).

2. A maldade por trás dos bastidores será desmascarada. À medida que Deus conceder espaço à maldade, a malignidade por trás dos bastidores ficará visível. O poder invisível da maldade se revelará. Os indivíduos e a humanidade como um todo não conseguirão prevalecer sem Deus. Pelo contrário, o mundo arruína a si mesmo. Deus revela o fundo espiritual e acaba por intervir nos acontecimentos. Ele cumpre sua palavra e provê justiça e paz. A Bíblia chama isso de apocalipse: revelação.

3. Deus se revelará como aquele que está por trás de tudo – mas sempre para o bem. “Venham contemplar as obras do Senhor, que tem feito desolações na terra. Ele faz cessar as guerras até os confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo. Aquietem-se e saibam que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra” (Sl 46.8-10). Deus tem o poder. Não deveríamos acusá-lo, mas temê-lo. As guerras provêm do coração maligno dos homens, mas Deus as dirige em favor da sua causa. E a motivação de Deus nisso tudo é que os homens creiam nele, porque é Jesus Cristo aquele que possui o nome sobre todo nome. Virá o dia em que todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.9-11).

Notas

  1. René Höltschi, Michael Rasch, “Der Bayer-Chef Werner Baumann sagt: ‘Wir sind bereits mitten in einer Getreide-Versorgungskrise’”, Neue Zürcher Zeitung, 19 mar. 2022. Disponível em: https://www.nzz.ch/wirtschaft/bayer-chef-baumann-wir-sind-in-lebensmittel-versorgungskrise-ld.1675143.
  2. Roger Liebi, Ezequiel (Porto Alegre: Chamada, 2021), p. 312.
  3. Ibid., p. 318, nota de rodapé.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Setembro 2022

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