Um modelo de preconceito e propaganda

O caso da jornalista Shirin Abu Aqla, assassinada em maio, é altamente lamentável tanto em termos humanos como profissionais. No entanto, as reações ao evento também oferecem material ilustrativo de que a comunidade mundial deveria tomar conhecimento, por descartar princípios jornalísticos: de um modo autorrevelador, os palestinos mostraram que pouco se importam com fatos quando aparece alguma oportunidade de difamar Israel. Antes de qualquer investigação ter sido iniciada, estava claro para o presidente palestino Mahmud Abbas que os soldados haviam perpetrado uma “execução”. Tomar jornalistas como alvo seria parte da política de Israel. Já na quinta-feira políticos palestinos falaram de um “atentado” – tal como se manifestou por exemplo Hussein al Sheich, o homem de contato da Autoridade Nacional Palestina (ANP) com Israel. Isso apesar de, na noite de quarta-feira, uma autópsia ter revelado que não se poderia afirmar com certeza de onde provinha a bala mortal. A Amnesty International também não fez nada melhor. Com sua obsessão por Israel, essa organização de direitos humanos não pode mais ser levada a sério quando se trata de eventos na terra a oeste do Jordão. A razão disso ela também revela nesse caso: no mesmo dia da ocorrência ela já manifestou certeza de que Israel teria matado a jornalista. Falou-se de um “homicídio ilegal”. O comunicado veio adornado pelo lema propagandístico da Amnesty em versão dupla: “Acabem com o apartheid de Israel. Acabem com o apartheid de Israel”.

Em meio às manobras de formação de opinião pública, Israel sofria de uma desvantagem tática somente porque as fontes oficiais se mantiveram moderadas. Ran Kochav, porta-voz do exército, não excluiu que a bala também poderia ter sido israelense, mas isso ainda não estava claro – e os palestinos recusavam com veemência uma investigação conjunta. Todavia, por mais correta que seja essa atitude de espera, ela não tem nada a opor à propaganda palestina. Ou seja, quem pretender coletar e avaliar os fatos antes de atribuir culpas, fica sujeito a ser surrado pela propaganda. Diante desse estado de coisas, cabe cobrar as instituições políticas – exatamente aquelas que constantemente gritam por “negociações de paz” e uma “solução de dois Estados”. Verdade é que tanto a União Europeia como as Nações Unidas exigiram uma investigação independente. Mas, ao tomarem posição, deveriam também rejeitar os citados preconceitos. E não se trata aqui apenas do princípio da presunção de inocência como componente civilizatório. Em particular no conflito do Oriente Próximo, o armamento verbal é que leva ao terror contra Israel. Portanto, uma renúncia a isso protegeria vidas humanas. Mais uma vez então os palestinos demonstraram com suas declarações não serem parceiros da paz.

israelnetz.com

sumário Revista Chamada Agosto 2022

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