Haifa, agosto de 2022

Houve uma época em que historiadores, ao escrever uma história que dizia respeito ao mundo inteiro, consideravam o livro de Daniel com sua visão dos grandes reinos mundiais. Infelizmente, essa época pertence ao passado.

No entanto, uma consulta à Bíblia (especialmente aos capítulos 2 e 7 de Daniel) seria apropriada aos políticos atuais, principalmente aqueles em posições de liderança. O que aprendemos ali sobre o quarto reino mundial – que permanecerá até o fim, até que a “pedra... sem auxílio de mãos humanas”, seja arrancada e todos os reinos deste mundo, extintos – é extremamente revelador, inclusive porque vivemos nesse tempo (Dn 2.35; 7.13-14).

Daniel ficou profundamente perturbado em grande parte por causa do quarto e último reino, logo, queria aprender mais sobre ele. E o que está escrito no livro de Daniel é muito revelador, também no que diz respeito ao conflito na Ucrânia.

Diz-se que o último reino está dividido em dois. Isso é representado pelas duas pernas e pés. O último reino, o romano, quase sempre foi dividido em dois, leste e oeste, o que com o tempo acabou se tornando um ponto fraco. O desenvolvimento posterior do reino é então representado pelos pés com dez dedos (Dn 2.33,40-43).

O que muitas vezes esquecemos é o fato de que a Europa Oriental (incluindo, portanto, a Rússia), pertencia ao quarto reino de Daniel. Ainda é possível ver isso pelo fato de que o alfabeto cirílico é utilizado no Leste, uma vez que essa área foi cristianizada pela Roma Oriental, isto é, por Constantinopla. No Oeste temos o alfabeto latino, pois o ocidente foi cristianizado por Roma. Essa linha divisória predominante também afetou a fé cristã na forma como é praticada no Oriente ou no Ocidente.

Do livro de Daniel, aprendemos que há uma demarcação claramente dada por Deus entre a Europa Oriental e a Europa Ocidental que não pode simplesmente ser alterada a critério humano.

Mais uma coisa nos é dita na visão de Daniel que os políticos fariam bem em tomar nota: os dez dedos, que representam o fim do último reino, são parte de ferro e parte de barro. O que essa imagem está tentando nos dizer?

O reino será forte por um lado e fraco por outro, mas um lado não se apegará ao outro – assim como o ferro e o barro não se misturam. Enormes esforços de unificação estão sendo feitos pela União Europeia e pela OTAN, mas a Bíblia diz que esses esforços não durarão. Também não devemos cometer o erro de querer ver Roma dentro de seus antigos limites históricos. De acordo com Daniel 7.23, esse último reino “devorará toda a terra, e a pisará com os pés, e a fará em pedaços”.

O mundo inteiro ficou sob a influência da Europa (e, portanto, de Roma) através do colonialismo e das guerras associadas a ele. Assim, podemos dizer que o mundo inteiro está sob a influência do último reino do qual Daniel falou.

Pode-se objetar que, com a colonização, a missão cristã também deu um grande passo à frente. Isso é verdade – assim como a Roma antiga forneceu a base para a propagação do evangelho. No entanto, devemos sempre separar o poder político e militar e o poder da fé.

Confiando naquele que está construindo seu reino que durará para sempre, saúdo-os calorosamente com Shalom, vosso Fredi Winkler.

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Agosto 2022

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