Ellen Steiger
No artigo da capa desta edição, Philipp Ottenburg escreve sobre o maravilhoso testemunho que temos da vida de Davi. Esse jovem pastor confiou em Deus em todas as circunstâncias e esperou o momento certo para assumir sua posição como rei: “Em duas ocasiões [1Sm 24.3-8; 26.5-12] ocorreu de Saul ficar totalmente à mercê de Davi e dos seus homens. Em ambos os casos, porém, Davi abriu mão do poder que teve à disposição naquelas ocasiões. Davi dizia que não queria tocar no rei ungido. Estava convicto de que somente Deus poderia executar a sentença definitiva sobre o rejeitado”.
Jesus Cristo passou por situação semelhante. “Se para Davi foram dois momentos de tentação, houve para Cristo dúzias a mais [...] Vez após vez, o Senhor foi desafiado a se apresentar. Lembremos daqueles zombadores: ‘Desça da cruz!’, ‘Ajude a si mesmo!’, ‘Outros ele ajudou, mas a si mesmo não!’. Ele teria podido requisitar doze legiões de anjos [...] Se Cristo tivesse cedido em algum ponto, ele não teria chegado à cruz, mas ele se manteve fiel ao momento determinado” (leia aqui).
Davi “se reanimou no Senhor, o seu Deus” (1Sm 30.6). Nós vemos nos Salmos como Davi relacionava-se continuamente com Deus. Ele “gritava, desafiava o Senhor, lembrava-o, implorava, agradecia”, como escreve Ottenburg.
John Kenneth Galbraith (1908-2006) foi um dos economistas mais influentes do século XX e conselheiro de três presidentes dos EUA. Há um trecho em sua autobiografia no qual escreve:
“Tive um dia agitado e pedi à minha governanta, Emily Gloria Wilson, para afastar qualquer telefonema de mim enquanto eu me deitava para tirar uma soneca. Pouco depois, o telefone tocou – do outro lado estava Lyndon Johnson, o presidente dos Estados Unidos, ligando da Casa Branca. ‘Chame Ken Galbraith ao telefone’, disse o presidente, ‘aqui é Lyndon Johnson.’ ‘Ken está dormindo, sr. Presidente, e ele disse que não queria ser incomodado’, respondeu Emily. ‘Não importa’, Johnson bufou, ‘acorde-o de qualquer maneira, eu preciso falar com ele. Agora!’ ‘Não, sr. Presidente’, Emily insistiu, ‘eu trabalho para ele e não para você.’ Quando mais tarde liguei de volta para o Presidente, ele mal conseguia esconder sua admiração por Emily. ‘Diga a essa mulher que eu a quero na Casa Branca.’”[1]
A quem devemos prestar contas? A quem queremos obedecer? Ouvimos conselhos que, mesmo bons e humanamente compreensíveis, antecipam a vontade de Deus? Ou queremos esperar até que ele nos dê luz verde para um determinado caminho? Queremos ser fiéis até o momento dele? Emily sabia a quem ela servia em primeiro lugar. Que o Senhor nos conceda a mesma força que Emily tinha para confiar em Deus e esperar o tempo dele.
Desejo-lhe uma boa leitura!
Nota
- John Kenneth Galbraith, A Life in Our Times (Houghton Mifflin), citado em Reader’s Digest 12/1981.