Haifa, junho de 2022
O que ninguém realmente acreditava ser possível tornou-se realidade. A Rússia atacou a Ucrânia; assim, há novamente uma guerra em solo europeu, uma que se supunha evitável exatamente por causa da expansão da OTAN para o leste. Um velho provérbio diz: “O estabelecimento de alianças militares é a preparação para a próxima guerra”.
Quem é o culpado? Como esse conflito poderia ter sido evitado? Muito já se falou a respeito. Pelas palavras do presidente russo Vladimir Putin, o problema teria sido facilmente resolvido...
Quando se considera que guerras sempre trouxeram apenas morte e destruição, surge naturalmente a pergunta: por que existem guerras e por que as pessoas não resolvem os problemas de antemão através de negociações racionais?
Essa pergunta também é levantada no capítulo 4 da carta de Tiago. É verdade que ali o contexto é da convivência entre os crentes. Contudo, o que Tiago diz, em última análise, também é aplicável à convivência das nações. A coisa toda fica ainda mais triste quando vemos países com profundas raízes cristãs guerreando uns com os outros e, além disso, neste caso entre Rússia e Ucrânia, ainda povos irmãos. Só podemos esperar e orar para que haja um fim próximo.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, achava que o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, poderia atuar como mediador no conflito com os russos, uma vez que Israel tem boas relações com a Rússia e Putin. Mas, ao fazer isso, Zelensky superestimou o potencial de Israel. Devido à ameaça do Irã e, logo, indiretamente também da Síria, Israel mantém boas relações com os russos, mas depende de sua boa vontade e não pode prejudicá-la. Bennett viajou a Moscou especialmente para conversar com Putin, mas provavelmente nunca saberemos exatamente o conteúdo da conversa.[1]
A ameaça do Irã levou a um desenvolvimento inesperado no relacionamento de Israel com vários estados árabes. Os ministros das Relações Exteriores de Israel, Estados Unidos, Bahrain, Egito, Marrocos e Emirados Árabes Unidos se reuniram recentemente no deserto de Neguev, onde David Ben-Gurion (1886-1973), fundador do moderno Estado de Israel, passou seus últimos anos de vida. O objetivo era dar o exemplo no que diz respeito às negociações nucleares com o Irã em Viena.[2] Nessas negociações, a Rússia desempenha um papel importante. Por esta razão, e por muitas outras, Israel não pode, sob nenhuma circunstância, pôr em risco a boa vontade russa.
Podemos ver como uma política mundial inteligente é vitalmente importante no geral – especialmente para Israel. A ameaça iraniana continua sendo a preocupação número um de Israel por uma boa razão, embora Israel não seja indiferente à guerra na Ucrânia.
Israel atualmente experimenta uma nova onda terrorista por extremistas islâmicos. O mês do Ramadã (entre abril e maio) sempre traz consigo um potencial acrescido de radicalização. Neste ano, o perigo parece particularmente grande. Benny Gentz e Isaac Herzog, o ministro da Defesa de Israel e o presidente de Israel, respectivamente, fizeram visitas especiais ao rei Abdullah II da Jordânia para discutir sobre os perigos iminentes. Este, por sua vez, recebeu a visita do presidente palestino, Mahmoud Abbas, para tentar acalmar a situação.
Dessa forma, há motivos suficientes para se preocupar. No entanto, as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo diante dos eventos futuros nos dão segurança; afinal, ele disse: “Fiquem atentos e não se assustem...” (Mt 24.6).
Com essas palavras saúdo-os com Shalom. Vosso, Fredi Winkler.
Notas
- “Israel’s Naftali Bennett informs Berlin after meeting with Vladimir Putin”, Deutsche Welle, 6 mar. 2022. Disponível em: https://p.dw.com/p/484sa.
- Lahav Harkov, „Negev Summit succeeded beyond expectations, Israel envoy tells ‘Post’”, The Jerusalem Post, 31 mar. 2022. Disponível em: https://www.jpost.com/israel-news/politics-and-diplomacy/article-702907.