Poderei reconhecer meu cônjuge no céu?

O amor entre marido e mulher é um dos grandes presentes de Deus para a nossa vida terrena. Será que reconheceremos os nossos queridos no céu?

Resposta:

Sim, reconheceremos o nosso cônjuge no céu, ainda que não estejamos mais casados como aqui na terra (cf. Mt 22.30). O seguinte episódio mostra que nos reconheceremos no céu: “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro e os irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E Jesus foi transfigurado diante deles. O seu rosto resplandecia como o sol, e as suas roupas se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: ‘Senhor, bom é estarmos aqui. Se o senhor quiser, farei aqui três tendas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias’” (Mt 17.1-4). Diante dos olhos dos discípulos presentes ali, o céu abriu-se um pouco e Elias e Moisés apareceram para falar com Jesus Cristo a respeito da morte que ele estava para cumprir em Jerusalém (Lc 9.31). É interessante que Pedro reconheceu imediatamente Elias e Moisés, embora nunca os tivesse visto antes. Assim também será na eternidade. Nós nos conheceremos e não teremos de perguntar: “Quem é você?”. E quando então tiver ocorrido a ressurreição ou o arrebatamento, também nos conheceremos de um modo como realmente somos em Cristo: com um novo corpo glorificado, transfigurado e sem relacionamento com o pecado. Assim, creio que o novo corpo será muito semelhante ao que temos agora, porém sem mancha, doenças ou quaisquer deficiências. Por enquanto ainda estamos em nosso corpo, que a cada dia se torna mais velho e fraco. Todavia, vamos ao encontro de uma maravilhosa transformação, como Paulo escreve: “Mas alguém dirá: ‘Como é que os mortos ressuscitam? E com que corpo virão?’ Insensato! O que você semeia não nasce, se primeiro não morrer. E, quando semeia, você não semeia o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como ele quer dar e a cada uma das sementes dá o seu corpo apropriado... Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (1Co 15.35-38,42-44).

Para sua explicação, Paulo lança mão de uma ilustração da agricultura. Ele compara o nosso corpo com uma semente. Quando esta cai na terra e morre, por meio de um processo misterioso gera nova vida, assim como acontece na natureza milhões de vezes a cada ano. Embora saibamos isso e possamos observá-lo até certo ponto, a transformação propriamente dita da semente permanece oculta aos nossos olhos – é um mistério. Assim é também com a ressurreição dos mortos. Essa é uma realidade testificada por Jesus e a esperança de todos os verdadeiros cristãos. Desconhecemos, porém, o modo como essa ressurreição se dará. O futuro corpo da ressurreição, embora talvez seja parecido com o nosso, será de uma substância completamente diferente do que o atual. Paulo descreve isso do seguinte modo: “E, assim como trouxemos a imagem do homem terreno, traremos também a imagem do homem celestial. Com isto quero dizer, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vou lhes revelar um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘Tragada foi a morte pela vitória’” (1Co 15.49-54).

Nosso corpo glorioso que receberemos por ocasião do arrebatamento ou da ressurreição não será mais terreno, mas espiritual, celestial, eterno e glorioso. A Bíblia vai mais um passo adiante e diz sobre a transformação da pessoa que crê em Jesus: “Amados, agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo 3.2).

A Bíblia nos permite olhar um pouco para dentro do outro mundo e imaginar como será a nossa vida num novo corpo. Ganhamos também alguma noção a mais quando olhamos para Jesus Cristo em seu corpo ressurreto, em conformidade com o qual também seremos transformados na ressurreição (Fp 3.21). Jesus Cristo tinha o seu corpo individual e ainda exibia em si as cicatrizes da crucificação. Ele permitiu ser tocado. Tinha, portanto, um corpo palpável. Ele conseguia comer, e assim mesmo era capaz de atravessar portas fechadas. Era capaz de se lembrar e de reconhecer as pessoas e estas puderam reconhecê-lo quando ele lhes abria os olhos. Ainda assim, o que sabemos é parcial (1Co 13.12). Logo, porém, virá o dia, sim a eternidade, em que tudo que for incompleto será removido. Então nossa vista não estará mais turvada e tudo, realmente tudo, será glorioso!

Samuel Rindlisbacher é ancião da igreja da Chamada na Suíça e foi fundamental no desenvolvimento do grande ministério de jovens dela.

sumário Revista Chamada Maio 2022

Confira