Haifa, maio de 2022

Em 2016, Steven Erlanger escreveu um artigo, intitulado “Quem são os verdadeiros herdeiros do sionismo?”, que apareceu em um grande jornal diário. Nele consta o trecho a seguir: “O sionismo nunca foi exatamente uma ideologia branda. O retorno do povo judeu à sua pátria bíblica sempre incluiu o deslocamento daqueles que ali viviam”.[1]

Yigal Allon, general e político israelense, definiu o sionismo em 1975 como um movimento de libertação nacional de um povo que voltava do exílio para sua pátria histórica.[2]

Desde a fundação do Estado de Israel, uma luta sobre quem são os verdadeiros herdeiros do sionismo tem ocorrido. Seria a mentalidade predominantemente secular – como a dos fundadores naquela época – ou os colonos nacional-religiosos que estão se movendo além das fronteiras de 1967 para tomar posse de mais da terra bíblica de Israel?

Os “novos sionistas”, os sionistas religiosos, estão convencidos de que representam o futuro, que são sionistas genuínos e que um dia serão maioria. Eles se consideram os pioneiros desta geração. Os palestinos os veem como um fenômeno temporário que desaparecerá, como outros antes deles.

Os novos sionistas veem a si mesmos como atuantes da vontade de Deus. Portanto, como os ancestrais bíblicos de Israel, eles vivem em comunidades. Resolutamente opostos às críticas internas e externas, acreditam que estão construindo um Israel religioso e bíblico, não europeu ou cosmopolita.

Os judeus mais liberais e seculares, por outro lado, sentem-se ameaçados pelo poder crescente dos religiosos nacionais e dos ultraortodoxos. Eles estão preocupados com a situação de segurança e a ameaça de isolamento internacional de Israel. O campo religioso nacional cobre um espectro relativamente amplo, desde grupos liberais até grupos de mentalidade nacionalista, mas todos eles veem os assentamentos como a conquista mais importante de sua geração.

O sionismo religioso não se vê ameaçado pelos palestinos, pelo exterior ou mesmo pela minguante esquerda israelense, mas pela direita secular, que consiste em grande parte do então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do partido Likud, o qual ainda preside como líder da oposição no governo atual. Eles têm um medo quase apocalíptico deles, escreveu Steven Erlanger. Os novos sionistas temem que um governo pragmático, de direita e laico possa trair o empreendimento dos assentamentos, como na época de Ariel Sharon. Eles aprenderam a lição e estão procurando aliados mais confiáveis, como o atual primeiro-ministro Naftali Bennett, para apoiar os assentamentos.

A relação dos sionistas religiosos com a democracia é outro aspecto do drama subjacente em Israel. Seus pontos de vista são nacionalistas ou mesmo teocráticos e tendem a ver a democracia como uma ameaça. Mas o velho sionismo ainda não está morto, e a luta subjacente pela supremacia continuará. Essa luta também é uma luta de Deus. E ele quer trazer Israel de volta a si mesmo e à verdade de sua Palavra. Confiante de que a vontade de Deus finalmente será feita, saúdo-vos calorosamente com Shalom, vosso Fredi Winkler.

 

Nota

  1. Steven Erlanger, “Who Are the True Heirs of Zionism”?”, The New York Times, 4 fev. 2016. Disponível em: https://www.nytimes.com/2016/02/07/opinion/who-are-the-real-heirs-of-zionism.html.
  2. “Yigal Allon on Zionism”, Jewish Virtual Library. Disponível em: https://www.jewishvirtuallibrary.org/yigal-allon-on-zionism.

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Maio 2022

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