Haifa, março de 2020

No fim, aconteceu algo que quase ninguém considerava possível. Pela segunda vez, não se conseguiu formar um novo governo em Israel. No dia 2 de março acontecerá a terceira rodada de eleições. Está praticamente certo que desta vez também não haverá um resultado definitivo diferente. Por que isso acontece?

Entre a população israelense formaram-se bases político-ideológicas que permanecem relativamente estáveis. O fiel da balança, como sempre foi, é o partido Yisrael Beitenu [Israel, nossa casa], de Avigdor Lieberman. É um partido tradicionalmente voltado mais à direita, o qual, entre outros, se opõe aos privilégios unilaterais dos judeus ultraortodoxos. Pelo fato de Netanyahu não ter aceito suas reivindicações com relação aos seus companheiros religiosos de coalizão, a formação de um governo tornou-se impossível.

Igualmente tornou-se impossível firmar um acordo entre os dois grandes partidos, pois para a aliança Kachol Lavan [Azul e branco] não é possível aceitar um governo no qual Netanyahu seja o primeiro-ministro, visto que há diversas acusações pendentes contra ele.

Por isso as chances de êxito para a terceira eleição também estão nebulosas, tendo em vista que os obstáculos que impedem um acordo não foram removidos. Cada turno de eleições custa mais de um bilhão de shekels ao Estado, algo que frustra os eleitores, já que não há perspectiva de solução por meio de uma nova eleição.

Em um discurso na TV, Netanyahu enumerou todas as suas realizações como primeiro-ministro de Israel. Como última e mais importante delas, ele mencionou a exploração de gás no mar Mediterrâneo e o gasoduto para a costa recém-concluído e posto em operação. Orgulhoso, ele continuou falando sobre a ascensão de Israel ao oitavo lugar entre as grandes potências. Talvez seja justamente esta promissora riqueza, que caiu nas mãos de Israel por meio da exploração do gás, um dos motivos do tumulto pelo poder.

No passado, um político israelense afirmou: “Devemos agradecer a Deus por não termos encontrado petróleo em nosso país, pois então nos apoiaríamos em nossa riqueza e nosso espírito de descobertas e inovações acabaria se definhando”.

Ao entrar na Terra Prometida, sob a liderança de Josué, Israel primeiramente foi instruído por Deus a se dirigir ao monte Ebal e Gerizim, para então fazer a escolha entre obediência e bênção ou desobediência e maldição. E ainda antes da sua morte, Josué novamente reuniu o povo para colocá-lo diante da questão decisiva: “... escolham hoje a quem irão servir”, e então proferiu as conhecidas palavras: “Mas eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24.15).

De fato, assim como Deus havia anunciado por meio dos profetas, o povo de Israel retornou de maneira milagrosa à terra de seus antepassados, onde foi formado um novo Estado judeu. No entanto, não é esse o real objetivo de Deus, pois, conforme a Bíblia diz claramente, ele pretende algo mais para Israel. Os israelenses gostam de olhar para outros povos e prefeririam ser como eles, o que é perfeitamente compreensível. Todavia, eles também gostam de se referir à Bíblia quando o assunto é o direito de posse da terra. Agora, quando se trata da obediência requerida por Deus – o que lhes garantiria a bênção –, então eles preferem ser um povo igual aos outros. No fundo, essa seria a maior decisão diante da qual Israel ainda hoje se encontra. O que também vale para todos os outros povos.

Com essa decisão definitiva tomada por Josué: “Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor!”, vos saúdo cordialmente com Shalom. Vosso,

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Março 2020

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