O vínculo judaico com Hebrom
O presidente de Israel, Isaac Herzog, deu início em Hebrom às festividades da festa judaica do Hanucá em fins de 2021. No domingo à noite, ele acendeu, na caverna de Macpela, a primeira vela de uma chanukiá, o candelabro de nove braços. Ali estão sepultados os patriarcas bíblicos Abraão, Isaque e Jacó, bem como as matriarcas Sara, Rebeca e Lia. O local está dividido entre uma sinagoga e uma mesquita. Os dois segmentos estão rigorosamente separados. Somente quem não for judeu ou muçulmano tem acesso a ambos os locais de oração.
Em uma cerimônia na sinagoga, Herzog enfatizou as relações judaicas com a cidade. “O vínculo histórico dos judeus com Hebrom, com a sepultura dos patriarcas e com a herdade dos patriarcas e das matriarcas é inquestionável. O reconhecimento desse vínculo precisa permanecer além de todas as controvérsias”, diz o jornal digital Times of Israel, citando as palavras do presidente. Israelenses de tendência esquerdista protestaram nas proximidades contra a visita de Herzog.
Entretanto, ele também enfatizou a herança comum de judeus e muçulmanos como efetiva, apesar das tensões naquela cidade dividida: “Não concordaremos em tudo, mas precisamos lembrar que somos todos filhos do mesmo homem”. Com isso, o presidente lançou mão de uma citação de Gênesis 42.11. Trata-se ali dos filhos de Jacó diante de José no Egito, defendendo-se contra a suspeita de serem espiões.
A crítica árabe: provocação contra sentimentos muçulmanos
A Liga Árabe condenou a visita de Herzog em Hebrom. Por trás dela estaria a “judaização de sítios sagrados islâmicos e cristãos pelas autoridades de ocupação”. Tratar-se-ia de um desprezo e uma provocação contra os sentimentos dos muçulmanos. A comunidade internacional deveria rejeitar o avanço contra santuários islâmicos e cristãos. Segundo a agência noticiosa palestina WAFA, o comunicado também se referiu a uma “persistência do terror oficial e organizado contra os palestinos, seus direitos e sítios sagrados”.
A própria WAFA escreveu que Herzog teria “invadido a Mesquita de Abraão com rigorosas providências militares”: “O presidente israelense acendeu a primeira vela da festa judaica de Hanucá na Mesquita de Abraão, acompanhado de líderes colonos e deputados do Knesset”.
Acendimento de luzes junto ao Muro das Lamentações
Em Jerusalém, o chefe do governo, Naftali Bennett, e o ministro da defesa, Benny Gantz, acenderam luzes junto ao Muro das Lamentações. A Fundação pela Herança do Muro das Lamentações comunicou que essas cerimônias estariam sendo realizadas em homenagem a Eli Kay. Em 21 de novembro, esse judeu de 26 anos de idade foi assassinado na cidade velha por um terrorista palestino.[1] Ele trabalhava como guia turístico na área do Muro das Lamentações.
Bennett realizou a cerimônia dentro do sistema de túneis do Muro das Lamentações. Segundo um comunicado do ministério da defesa, Gantz disse, por ocasião do acendimento das luzes: “Estamos bem próximos do lugar em que ocorreu o milagre. Pode-se considerar um milagre o achado do vaso de óleo, e também se pode considerar um milagre ter existido alguém que foi até lá procurá-lo”. O Hanucá lembra a vitória dos macabeus contra os helenistas no século II antes de Cristo. Depois daquilo, reinaugurou-se o templo. Segundo a tradição judaica, um vaso com óleo sagrado para um só dia durou milagrosamente oito dias.
Gantz também se referiu aos atos de heroísmo dos macabeus. Estes só se teriam tornado possíveis graças à unidade. Também hoje essa unidade seria necessária. Veteranos feridos do exército israelense e familiares de soldados tombados participaram da cerimônia.
Coro infantil judeu em Dubai
Também na Expo em Dubai se realizou uma celebração pelo início da festa. O sumo rabino dos Emirados Árabes Unidos, Levi Duchman, acendeu no pavilhão israelense da exposição mundial a primeira das luzes. No ato estavam presentes empresários, judeus habitantes desse Estado do Golfo e turistas. O coro infantil da congregação judia local entoou cânticos alusivos ao Hanucá.