Haifa, Dezembro de 2021

Quando Jesus nasceu, o povo judeu estava dividido em facções políticas, mas os romanos exerciam o poder supremo no país. Nem sempre fora assim. Foi só em 63 a.C. que, após lutas pelo poder na família real, um dos partidos pediu aos romanos que interviessem. Embora os romanos continuassem concedendo aos judeus a administração do país, estes não eram mais independentes. Inicialmente, as lutas internas pelo poder eram travadas na família dominante, os macabeus ou hasmoneus, como também são chamados, até que Herodes se introduziu na família real por meio de casamento e assumiu o domínio. Com isso, a luta pelo poder tornou-se ainda mais complicada. Embora Herodes fosse um regente capaz e competente, ele agora estava implicado nas intrigas que dominavam os altos escalões naquela época. Para firmar-se no poder, qualquer meio lhe servia, inclusive o assassinato político. Jesus nasceu em meio àquele período de lutas políticas quase inacreditáveis pelo poder. Na ocasião, Herodes já era um homem doente que sabia que não viveria muito mais tempo. Assim, ele vinha se ocupando com a nomeação de um sucessor. Ele condenou à morte sua esposa Mariana e seus dois filhos mais velhos, que seriam seus sucessores, e mandou que fossem executados alegando uma tentativa de golpe. Em meio a todas essas confusões políticas e seus esforços em assegurar sua sucessão, Herodes teve de repentinamente ouvir dos magos do oriente que eles estavam à procura do recém-nascido rei dos judeus. É claro que então se acenderam todas as luzes vermelhas diante dele. Ele queria nomear como sucessor um dos seus descendentes, e agora haveria um outro pretendente que parecia ter acabado de nascer. Era necessário então agir, assim como ele sempre fizera, a fim de assegurar a sucessão para um dos seus. Sabemos pelo evangelho de Lucas como tudo aquilo terminou. Essa história demonstra o quanto a obsessão pelo poder é destrutiva. Infelizmente, confirma-se aqui, como sempre, o ditado de que “o poder corrompe”. Nos nossos tempos, tais questões parecem ser resolvidas de forma mais elegante, mas também hoje noticiam-se assassinatos cometidos por motivos políticos. Quando contemplamos a atual situação política do mundo, com suas tensões entre oriente e ocidente, entre esquerda e direita, temos de admitir que o perigo do abuso de poder na verdade não mudou desde então, porque o ser humano continua o mesmo. Embora todos sempre aleguem estar atuando para o bem do povo, infelizmente isso nem sempre é verdade. Agora que, em dezembro, voltamos a nos lembrar da vinda do Cristo ou Messias anunciado pelos profetas, desponta inevitavelmente a esperança pelo retorno daquele que estabelecerá o reino eterno de paz, tal como diz Daniel 7.14: “Foi-lhe dado o domínio, a glória e o reino, para que as pessoas de todos os povos, nações e línguas o servissem. O seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído”. Com essas palavras dirijo os mais sinceros votos de bênçãos a todos durante estes dias festivos!

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Dezembro 2021

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