Quão Segura É a Salvação?

Parte 4

É possível que alguém redimido abandone a fé? Nesta série, queremos examinar sistematicamente a questão da segurança da salvação. Leia aqui a quarta parte.

Jesus Cristo afirma que só quem “nascer de novo” terá acesso ao reino de Deus (Jo 3.3). Segundo João 1.12-13, aqueles que recebem Jesus “nasceram de Deus” e não da “vontade da carne”. Em Tito 3.5-7, Paulo explica que Deus nos salvou “pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” a fim de que “nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna”. Paulo também afirma que, “se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2Co 5.17). Conforme Pedro, “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia... nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). E ele assegura que renascemos “não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (v. 23).

Agora considere o que diz quem afirma que o salvo poderá se perder, ou seja, que a vontade da carne seria mais forte que o nascimento oriundo de Deus. O ser humano teria o poder de cancelar o novo nascimento por Deus e a renovação pelo Espírito Santo. O homem teria o poder de matar a “nova criação” e retornar à criação antiga. O homem teria o poder de tornar perecível a “semente imperecível”. O homem teria o poder de cancelar a “esperança viva” e de encerrar a vida eterna. O homem teria um poder que seria maior que a “viva e permanente” Palavra de Deus. – Seria mesmo?

João explica que isso é impossível: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge. Sabemos que somos de Deus...” (1Jo 5.18-19). João de modo nenhum quis dizer que alguém nascido de novo nunca mais pecaria. Esse tema ele já abordou nos capítulos 1-2. O que ele queria dizer é que ninguém que seja “nascido de Deus” poderia insistir no pecado a ponto de perder a vida eterna (veja tb. 1Jo 5.13). Isso exclui a apostasia da fé. Por quê? Porque o “nascido de Deus” se protege. Isso quer dizer que quem “é nascido de Deus” (o renascido) permanecerá na fé porque ele provém de Deus. E quem provém de Deus permanece no “Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo” (v. 20). Em outras palavras: “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5.4).

“Uma pessoa renascida de Deus não precisa se preocupar em permanecer renascida.”

Por meio do novo nascimento, o redimido está abençoado “com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3). Isso inclui:

• O redimido é filho de Deus, herdeiro de Deus e coerdeiro com Cristo (Rm 8.15-17). Você seria capaz de abrir mão dessa herança?
• O redimido está sob a graça de Jesus Cristo (Ef 1.6). Você seria capaz de cancelar essa graça?
• O redimido tem o perdão das suas transgressões (Ef 1.17). Você seria capaz de restringir esse perdão?
• O perdoado está selado com o Espírito Santo da promessa, o penhor da sua herança no céu (Ef 1.13-14). Você seria capaz de romper esse selo?
• No redimido atua o mesmo poder com que Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos (Ef 1.18-20). Você seria capaz de superar esse poder?

Uma pessoa renascida de Deus não precisa se preocupar em permanecer renascida. Quem usufrui da graça de Deus não precisa se preocupar em permanecer no usufruto da graça. Um filho de Deus não precisa se preocupar em permanecer filho de Deus. Por isso, um crente também não precisa se preocupar em permanecer crente. O pastor Wilhelm Busch explica isso assim:

“Preciso relatar uma conversa que tive recentemente com um jovem teólogo. Ele também começou a falar da ‘falsa segurança’ e declarou: ‘Afinal, não temos a salvação no bolso’ e ‘precisamos retomá-la todos os dias’. Eis a minha resposta: ‘No meu pomar há uma macieira. Ela não precisa lutar todos os dias em favor da sua condição de macieira. Ela não precisa preocupar-se todos os dias com o risco de se transformar durante a noite numa ameixeira. Ela é uma macieira – mas ela precisa empenhar-se em dar fruto’.”^[1]

Nota

1. Wilhelm Busch, Was bremst denn da? (Aussaat Verlag Neukirchen-Vluyn), p. 60-64. Citado em Johannes Pflaum, Wirklich gerettet?, 2. ed. (Dübendorf: Verlag Mitternachtsruf, 2020), p. 128.