A fé em meio ao sofrimento

Hoje muitos crentes supõem que o cristão não deveria passar por enfermidades e sofrimentos. Contudo, a Bíblia não ensina nada disso. Tanto o Antigo como o Novo Testamentos ensinam que o crente pode perfeitamente sofrer e padecer de enfermidades. Os salmos 73 e 116 mostram que a fé não elimina as dificuldades no sentido de “não terei mais problemas se eu crer”. O Novo Testamento confirma isso: deve-se sofrer de acordo com a vontade de Deus (p. ex., 1Pe 4.1,16,19). Em 1Pedro 5.10, lemos: “... depois de terem sofrido por pouco tempo...”. Paulo também menciona essa questão: “Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós...” (2Co 1.5). A questão realmente não é se isso pode ou não ocorrer na nossa vida, mas como nos comportamos em tais circunstâncias. Conseguiremos resistir na fé mesmo se os sofrimentos persistirem e as dificuldades continuarem?

Resposta:

Salmos 73.13-14 também explica que não é fácil conviver com tais situações: “Certamente me foi inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado”. Como é que o salmista supera essa situação? Ele vai ao santuário. Ele ora e reconhece que o fim é o que importa, reanimando-se com isso. Paulo expressa isso com as seguintes palavras: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).

Tudo indica que o salmista padecia de dores reais: “Assim, o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins. A minha carne e o meu coração desfalecem” (v. 21,26a, ARC). Ainda assim ele consegue dizer contudo: “Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs” (v. 23). Ele descreve esse “contudo da fé”: “E, na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti” (v. 25b). Quem crer apesar de tudo terá Deus como recompensa e se alegrará mesmo no sofrimento. Quem dá glória a Deus ao receber o sofrimento das mãos dele pode contar com uma glória indescritível. Se participarmos dos seus sofrimentos, também participaremos da sua glória (Rm 8.17). A medida do sofrimento correlaciona-se com a medida da glória. Creia apesar de tudo, ainda que nada tenha mudado – mesmo com suas orações. Paulo também passou por essa experiência. Ele orou três vezes e não foi curado, mas recebeu a promessa: “Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9).

O “contudo da fé” no sofrimento também pode significar o que nos ensina 1Pedro 4.16,19: glorificar a Deus em tais casos e confiar-lhe a alma (cf. Dn 3.17-18). Quem crê apesar de tudo será consolado, porque Deus transformará o sofrimento em glória. Você crê nisso?

“Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs” (Sl 73.23).

Ernesto Kraft é missionário desde 1975 e atualmente desenvolve um ministério específico de evangelização através de folhetos em São Paulo.

sumário Revista Chamada Agosto 2021

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