Norbert Lieth

Foi uma ocorrência chocante: dois filhos do sacerdote Arão queimaram incenso perante o Senhor usando fogo profano. O resultado foi a morte deles. – “Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso a e trouxeram fogo profano perante o Senhor, sem que tivessem sido autorizados. Então saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu. Morreram perante o Senhor” (Lv 10.1-2).

Por que essa sentença tão dura? Eles deveriam ter retirado o fogo do altar já aceso, que o Senhor havia acendido (Lv 6.5-6; 9.24; 16.12). Em vez disso, usaram seu próprio fogo (um pseudofogo), o qual eles mesmos haviam acendido.

O altar é uma ilustração do Calvário, onde o fogo do Senhor já ardia, inflamando a salvação da humanidade. Quem vive ignorando o Calvário – pensando que é possível se justificar pelas próprias obras e, dessa forma, aproximar-se de Deus – comete um grave equívoco e corre grande perigo de perder a vida eterna.

Em muitos lugares se oferece hoje uma pseudofelicidade que o próprio homem quer acender sem Deus. Faz algum tempo apareceu numa revista uma manchete de capa que dizia: “Roteiro Para a Felicidade”. O artigo falava que a felicidade pode ser aprendida.

Escreve-se, argumenta-se e distribui-se conselhos. Por exemplo: “Arrume sua cama todos os dias – se o dia inteiro der errado, você terá realizado essa uma tarefa de maneira certa”. Portanto, isso contribuiria para gerar felicidade? “Dance na cozinha com sua música favorita.” E como fica se eu estiver sem disposição para dançar? E quando a louça por lavar se acumula? Os filhos aprontam alguma travessura ou o peso das preocupações traz angústia? “Faça pausas e ouça sua respiração ou contemple uma pessoa ou um objeto.” Basta respirar e contemplar aquele belo carro e já já estarei feliz. É mesmo?

Aí me vem à cabeça esta pergunta: isso tudo não é “fogo profano”? Uma pseudofelicidade que não se sustenta? Busca-se a felicidade em locais estranhos em vez de ir ao Calvário e ao túmulo vazio. “Contemple uma pessoa” – esse foi um dos conselhos. Sim, com isso posso concordar, mas é preciso que seja a pessoa certa: Jesus Cristo! Para muitos isso parece absurdo ou ridículo, mas não para aqueles que o conheceram. A felicidade realmente tem nome e pode ser encontrada na pessoa de Jesus.

Ser feliz não consiste em sentir-se empolgado – os cristãos também conhecem luto e tristezas. A felicidade consiste na certeza da esperança de uma nova vida, aqui e agora e para a eternidade. Por isso está escrito: “Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa!” (Rm 4.8).

Perdemos a felicidade com a queda no pecado e só podemos reconquistá-la com a superação e o cancelamento dessa queda – e foi isso o que Jesus Cristo fez com sua morte e ressurreição.

Consta que o famoso cientista e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), um cristão convicto, teria dito: “A felicidade não está nem dentro nem fora de nós, mas em Deus, e, quando o encontramos, ela está em toda parte”.

Assim, permita-me também dar um conselho: boa literatura cristocêntrica ajuda a encontrar o caminho para a felicidade. Leia nesta edição o artigo de René Malgo, que aponta na mesma direção.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Agosto 2021

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