Vencendo o deserto de ponta-cabeça

Alguns dos animais mais extraordinários do sul da África são os besouros do gênero Stenocara. Umas das espécies, a Stenocara dentata, é composta de um besouro de cor preta medindo dois centímetros de comprimento, com pernas surpreendentemente longas e com ranhuras na capa protetora das costas. Ele vive no deserto da Namíbia, um dos lugares mais quentes da Terra. Ali a temperatura da areia pode chegar a 60ºC. Todo dia, ainda antes do amanhecer, essa pequena criatura sobe numa duna de areia e ali espera pela névoa que antecede o nascer do sol. Ela então fica em uma posição de cabeça para baixo nas dunas de areia; enquanto espera, ocorre a formação de gotículas da névoa no ar, que se acumulam sobre suas costas impermeáveis. Com o nascer do sol e após a dispersão da neblina, o besouro inclina a cabeça ainda mais em direção ao chão. Então a água, que se acumulou sobre suas costas, pode escorrer entre as ranhuras de sua capa protetora encerada até sua boca. Desse modo, mesmo no deserto hostil, o pequeno indivíduo consegue água suficiente para sobreviver mais um dia. Cientistas tentaram imitar a forma anatômica do captador de neblina, na busca de um método eficiente de acumular água no deserto.

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