Haifa, abril de 2021

A data da Páscoa, na qual lembramos da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, até hoje se baseia no calendário lunar judaico e, por isso, não está vinculada a uma data fixa – como é o caso do Natal. Assim, às vezes essa festa ocorre já no final de março, outras somente ao final de abril.

Às vezes se ouve ou lê que, na época do imperador Constantino, a data foi conscientemente mudada para que a festa não coincidisse com o Pessach judaico. Mas não foi o que aconteceu. Até hoje a festa coincide com a festa de sete dias da Páscoa judaica, porém, não com o 14º dia da primavera, conforme está escrito em Levítico 23.5, pois o dia da Ressurreição poderia ocorrer em qualquer dia da semana. Pretendia-se, no entanto, que a festa da Ressurreição caísse sempre em um domingo e com isso o dia da crucificação seria na sexta-feira.

É interessante observar, no entanto, que até hoje persistem opiniões divergentes no judaísmo sobre o que significa o dia após o sábado, em Levítico 23.9-14. De acordo com o versículo 11, essa Festa das Primícias deveria ser celebrada no dia seguinte ao sábado. Os fariseus eram da opinião de que ali o sábado significava o 15º dia do mês, porque os feriados importantes da Bíblia também eram chamados de “sábados”. Assim, a festa poderia cair em qualquer dia da semana.

Os saduceus, no entanto, acreditavam que “sábado” indicava o 7º dia da semana, ou seja, o sábado semanal regular. Assim, o dia após o sábado indica o primeiro dia da semana como o dia em que Jesus ressuscitou. Aceitava-se que os saduceus estavam certos nessa divergência de opiniões pelo fato de que eles eram sacerdotes e assim deveriam entender o assunto.

Como sabemos, para o cristianismo esse dia da ressurreição, o primeiro dia da semana, tornou-se um dia de importância central. Por isso foi decidido outrora que o dia da ressurreição de Jesus Cristo sempre seria comemorado no dia posterior ao sábado, isto é, no domingo, e não em outro dia qualquer da semana.

O cálculo da data da festa, em o que o solstício solar e as fases da lua desempenham um papel, é diferenciado no calendário cristão e no judaico. Por isso pode acontecer que haja a diferença de até um mês entre as festas cristã e judaica; contudo, normalmente elas ocorrem na mesma semana.

A interpretação de que as Festas do Senhor, em Levítico 23, são uma sombra da obra salvadora consumada de Cristo se baseia numa profunda verdade divina.

Em João 12.24, Jesus afirma: “Digo verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se morrer, dará muito fruto”. Ali ele falou sobre o que a sua morte na cruz proporcionaria. Um feixe, tal como era apresentado no templo do Senhor, no dia da festa, não continha apenas um grão, mas muitos. Também lemos algo extraordinário em Mateus 27.51-53, isto é, que muitos santos também ressuscitaram quando Jesus Cristo ressuscitou.

O Novo Testamento não relata nada sobre o que teria acontecido com os santos então ressuscitados. No entanto, isso corresponde perfeitamente ao quadro profético das primícias, pois Jesus – como primícia que foi apresentada diante de Deus no templo –, após sua ressurreição, apresentou as primícias dos santos de Israel diante de Deus e não compareceu diante do Pai de mãos vazias.

Constantemente impressionado ao observar os mistérios da salvação, vos saúda cordialmente com Shalom, vosso Fredi Winkler.

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Abril 2021

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