Um presidente cristão?

A imprensa norte-americana estava cheia de comentários de que Joe Biden, o novo presidente dos EUA, é um católico praticante que extrai força da sua fé e que frequenta regularmente a missa. Com algum espanto, o jornalista conservador Rod Dreher observou que de repente voltou a “pegar bem” ser cristão publicamente. Na imprensa internacional também houve comentários positivos a respeito da postura piedosa de Biden. Por quê? Por ele assumir posições extremamente “progressistas” sobre os direitos de transexuais e pró-aborto.

Por meio de declarações e decretos logo nos primeiros dias do seu mandato, além disso, ele também demonstrou o quanto leva a sério a causa progressista. O mundo tem estranhado com razão os evangélicos, segundo os quais Donald Trump seria ainda um “cristão bebê”, demonstrando um comportamento tão inconveniente às vezes. Agora, porém, certos comentaristas católicos, tais como o escritor Mark P. Shea, declaram algo semelhante sobre Biden e opinam que este só seria favorável ao aborto porque ainda não tenha sido instruído suficientemente na fé católica. O presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), arcebispo José H. Gómez, de Los Angeles, publicou uma declaração na qual assegurou o presidente de suas orações, mas lembrando-o em termos bem claros de que aborto é pecado. Clérigos progressistas, como o cardeal Blase J. Cupich, de Chicago, não gostaram nem um pouco disso e passaram a criticar Gómez. O Vaticano também entrou na discussão e chamou de infeliz a terminologia e o momento da manifestação de Gómez. Mais uma vez aparece aqui uma moral dupla!